Em meados de Abril, o 505 Indie foi convidado para entrevistar o Incubus, na véspera de lançamento do oitavo trabalho (liberado no último dia 21) – e eu, como fã da banda desde a adolescência, acabei sendo escalado para esse bate-papo. Não dá pra dizer que a empolgação e ansiedade desta pessoa que vos escreve era pouca, não! É indescritível a sensação de receber uma ligação de algum lugar da California pra falar com um dos membros da banda que você mais admira e considera como essencial, desde quando começou uma descoberta pessoal por música na era pré internet banda-larga.
O escolhido para essa conversa foi o Mike Einziger, guitarrista e multi-instrumentista. Segue o papo!
Vamos começar falando das novidades, sobre o novo álbum chamado “8” prestes a ser lançado, 6 anos depois do último trabalho, “If Not Now, When…”. Como foi este processo de voltar ao estúdio e começar a escrever novas canções? Há algum material da época do EP “Trust Fall”, lançado em 2015?
Bom, inicialmente o EP Trust Fall era pra ter os dois lados, o “Side A” e o “Side B”. Quando começamos a escrever novas músicas para o tal “Side B”, decidimos que teríamos que escrever um álbum completo. Eram muitas faixas. Então, o que era pra ser só um EP virou um novo trabalho, com mais músicas.
Skrillex está como co-produtor do álbum e assina uma das faixas, a “Familiar Faces”. Você pode falar mais desta colaboração? Como ela aconteceu?
O Skrillex é meu amigo de longa data, de sair, conversar. Num destes encontros, ele acabou indo lá em nosso estúdio. Ele não conhecia os outros membros da banda antes, somente eu. Não foi nada planejado, a gente não tinha ideia do que poderia acontecer. Acabou produzindo algumas músicas do álbum de forma bem orgânica. Ele veio ao estúdio nesse dia e conversamos sobre algumas idéias dele e no final, todos estávamos bem empolgados com tudo aquilo. Então, o Skrillex começou a trabalhar só na faixa “Familiar Faces” e depois de vermos o resultado, como estava soando, conversamos de tentar produzir outras canções. E aí planejamos mais um ou dois dias no estúdio para tentarmos estas canções. No fim disso tudo, acabamos ficando quase 2 semanas trabalhando em todo o disco! (risos). O álbum teve algumas mudanças, mais informações, tomou novas formas, ficou mais positivo. Foi uma grande experiência, divertida, reuniu toda a banda em diversos momentos no estúdio e com certeza temos um trabalho melhor por conta disto.
A arte de capa é bem diferente das anteriores. Bem simples, elegante. Dourado em fundo preto. Tem alguma razão especial pelo símbolo do infinito também estar ali? Como vocês decidiram que o oitavo álbum da banda teria que seguir este caminho?
Eu e o Brandon somos bem mais envolvidos nos aspectos visuais da banda. Então, vim com algumas idéias “não visuais” desta vez, e nos acertamos. A filosofia por trás do símbolo é que deveria ser bem simples e fácil de se identificar de alguma maneira.
A música “Nimble Bastard” (primeiro single do “8”) lembra muito a “Megalomaniac” (lançada em 2004) musicalmente em alguns riffs, porém bem mais leve, engraçada, descontraída. Bom… algum membro da banda já foi um Nimble Bastard? Você já foi um Nimble Bastard algum dia?
(Risos) Eu acho que a música “Nimble Bastard” é sobre alguém que, continuamente, quer ser otimista. É sobre alguém que está sempre querendo estar com os pés no chão, mesmo nas piores circunstâncias que a vida pode oferecer. Então, a canção é sobre a perspectiva de que tudo pode acontecer contigo. O termo “Nimble Bastard” foi usado para elevar alguém que não consegue ultrapassar essas barreiras de forma assim tão fácil. É como se fosse uma piada, só que ao mesmo tempo também precisa ser levada a sério. A música tinha que ser otimista de alguma forma!
E o clipe ficou bem legal. Um Bulldog Francês que fez um plano para matar toda a banda com a ajuda do seu esquadrão de cachorros! Ah, e dá pra ver o Bruce (bulldog do Brandon) no vídeo.
Sim, é o próprio Bruce que está no video! (risos)
Sabemos que o Incubus sempre teve um senso de humor, algumas vezes, de teor político. Existe alguma canção dedicada ao Donald Trump no “8” ?
Definitivamente não, não teve nenhuma música relacionada ao Donald Trump. Não gostamos de ser totalmente diretos com política na banda. Há muito tempo atrás, fizemos algo bem sugestivo em vídeo, como na própria “Megalomaniac”. Nesse caso foi bem mais a visão do diretor, não exatamente a nossa. Estamos bem conscientes da situação política que estamos vivendo e bem preocupados com o rumo que tudo pode tomar. Então, só nos resta pensar e fazer coisas positivas.
Entendi. Bom, agora falando um pouco do passado. Todos os álbuns da banda são realmente bem distintos um do outro desde o começo. O “S.C.I.E.N.C.E” esta em vias de completar 20 anos do seu lançamento. Como você consegue explicar a longevidade da banda? Como manter a essência?
Uma das razões para continuarmos há tanto tempo juntos é não forçar nada. Nunca nos forçamos a fazer música um com o outro. Mesmo quando aconteceu, em alguns momentos ao longo da carreira, aprendemos que não tem como ser desta maneira. Quando éramos mais jovens, havia um calendário para seguirmos. Agora temos total liberdade de fazer quando quisermos. Nos sentimos bastante sortudos quanto a isto, então isto explica essa longevidade de trabalho com todos os membros. Nossa música é baseada no relacionamento da banda, em toda a amizade construída ao longo de todos estes anos. Acho que quanto mais longe conseguimos chegar, mais desafiadora a carreira de músico se torna. Não queremos nos repetir, não queremos fazer as mesmas músicas que já fizemos ou soar como algo do passado. Queremos sempre estar em constante evolução e isso que nos deixa bastante unidos. Temos fãs e apoio por toda a parte do mundo, que aprecia o nosso trabalho. Isso é tudo.
Então, sobre os shows. Em 2004, o Incubus tocou junto com o Metallica, Slipknot e Sepultura no Rock in Rio Lisboa e na edição de Madrid, em 2012, junto ao Red Hot Chilli Peppers e Gogol Bordello. Agora, vocês estão voltando ao Rock in Rio original, aqui no Brasil, tocando numa mesma noite que o Guns n’ Roses e o The Who, como headliners. Qual a importância desta apresentação na carreira da banda?
É uma grande honra pra nós tocar com todas estas bandas. Já tocamos com eles há alguns anos atrás. No caso do Guns n’ Roses, no Reading & Leeds Festival em 2002 e anos depois, em 2008, no VH1 Rock Honors, em homenagem ao The Who. Nesta noite ainda tocaram Foo Fighters, Pearl Jam e Tenacious D. Foi muito divertido ter participado daquele dia e bem memorável pra gente. E agora vai ser incrível tocar novamente com estas duas bandas. Eu me lembro quando éramos mais jovens e diziam: “Um dia você ainda vai tocar com estes caras no mesmo palco.” E, então, quando nos contaram sobre este show, dissemos: “Vocês estão loucos!”
Então você é bem fã do trabalho de ambos?
Somos totalmente fãs de ambos.
Qual a empolgação de vocês em voltar e tocar novas músicas no Brasil? Estávamos na espera dessa volta desde a última visita, em 2013.
Estamos muito empolgados em voltar para a América do Sul e para o Brasil. Desculpe fazer vocês esperarem tanto tempo pela gente.
E nós, brasileiros, teremos mais shows da banda em outras cidades nesta passagem?
Olha, ainda não sabemos, não temos nada planejado ainda. Seria ótimo.
Muito obrigado pela entrevista! Vejo vocês em setembro.
Nos vemos lá!
O Incubus toca dia 23 de Setembro, no Rock in Rio 2017, na noite histórica com Guns n’ Roses, The Who e Titãs no Palco Mundo. A noite ainda conta com apresentações de Cee Loo Green, Cidade Negra, Karol Conka + Bomba Estéreo e Margareth Menezes no Palco Sunset. Os ingressos já estão esgotados!
Ouça o álbum “8” na íntegra:
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