Texto por Marco Aurélio Resende
Poucas bandas conseguem ser tão emblemáticas e causar tanta agitação em torno da expectativa do lançamento de um novo CD. Mas nenhuma delas conseguiria surpreender tanto o público fã de rock e de boa música em geral quanto o Pink Floyd, ao anunciar no final de Julho de 2014 que os membros remanescentes lançariam um material de inéditas até o final do mesmo ano.
Originalmente formada em meados de 1965 por amigos da cidade de Cambridge passou por vários nomes e formações, sendo a original aquela que lançou o primeiro álbum em 1967 com Syd Barrett nas guitarras e voz principal, Roger Waters no baixo, Rick Wright nos teclados e Nick Mason na bateria. Após alguns shows, reconhecimento comercial e pressão da gravadora, uma crise devido ao excessivo uso de drogas fez com que Syd Barrett fosse afastado das atividades pelos demais membros da banda, sendo substituído por David Gilmour, que ao lado de Waters, Mason e Wright, estabeleceram a formação clássica do Pink Floyd e foram responsáveis por gravar álbuns clássicos do rock progressivo na década de 70, como The Dark Side Of The Moon, Wish You Were Here e a ópera-rock autobiográfica The Wall. Em 1983, Roger Waters, líder e principal compositor, deixa a banda a fim de seguir carreira solo. Os demais membros enfrentam uma longa batalha judicial pelos direitos do uso do nome Pink Floyd. No ano de 1987 foi lançado o álbum A Momentary Lapse Of Reason do novo Pink Floyd, sem Roger Waters, um sucesso de vendas, mas muito criticado pela sonoridade pouco usual aos ouvintes da fase clássica, mas que deu às novas gerações oportunidade de conhecer a banda em seus gigantescos shows ao vivo, tendo seu último registro em 1994 no show intitulado PULSE. Após mais de 20 anos sem se falar, em Julho de 2005 Roger Waters se reuniu aos membros da formação moderna do Pink Floyd para um show beneficente em Londres. E o que se seguiu foram especulações de turnês com a formação clássica, novo álbum e boatos que nunca se concretizaram, muitos desmentidos pelos próprios membros da banda, fazendo com que muitos considerassem que aquele show era o final definitivo da história da banda, agravado mais ainda com o falecimento de Syd Barrett em 2006 e de Rick Wright em 2008.
Seguiram-se diversos relançamentos em 2011, caixas especiais, edições especiais, nova coletânea, LPs de 180 gramas, e que culminaram no início de 2014 com um relançamento, digamos assim, frustrante. Em comemoração aos 20 anos do último álbum de estúdio, The Division Bell, foi lançada uma edição deluxe que não continha músicas inéditas, como muitos especulavam. O chamado projeto “The Big Spliff” era um álbum instrumental que deveria ser lançado em 1996 com músicas não utilizadas no álbum anterior, mas o projeto acabou abortado pela banda à época por não soar interessante e terminou sendo abandonado.
No dia 22 de Setembro de 2014, data do anúncio oficial do lançamento deste novo álbum, de composições inéditas, muito se especulou se tratar de canções planejadas para figurarem no The Big Spliff, mas esta informação, bem como outras, foi desmentida por Durga McBroom, vocalista de apoio que participou das gravações e colabora com o Pink Floyd desde 1987. Também não será utilizada a faixa denominada “Soundscape”, que era tocada antes dos shows da turnê de 1994 e lançada apenas na fita K7 do álbum PULSE. The Endless River será um álbum essencialmente instrumental, tendo apenas uma música com letra, chamada “Louder Than Words“, o que torna o álbum mais emblemático ainda, pois “The Endless River” é o penúltimo verso da última música do último álbum e, “louder than words” é o penúltimo verso da música “Sorrow”, a última faixa do penúltimo álbum. São os enigmas que a banda cria para os fãs quebrarem a cabeça com as ligações entre as faixas. Há também uma faixa que utilizará uma gravação de Rick Wright tocando o órgão do Royal Albert Hall em 1969 durante um ensaio da banda. O processo de gravação, consistiu na audição de mais de 20 horas de gravações das sessões realizadas em 1993 com David Gilmour, Nick Mason e Rick Wright e na seleção daquelas que David e Nick entenderam que deveriam fazer parte do repertório do Pink Floyd, como um tributo à Rick Wright. Esta é a última vez que os três poderão ser ouvidos tocando juntos. Ao final de 2013 Nick Mason gravou as baterias e David, suas guitarras, processo que levou 30 dias e seguiu para a pós produção.
Entre tantos detalhes, expectativa e ansiedade, a data de lançamento estipulada pela gravadora é 10 de Novembro de 2014, e o novo álbum será lançado em três versões: CD simples, em embalagem com fotos das sessões de gravação de 1993, uma edição em LP Duplo de 180 gramas, com livreto e encartes e uma edição deluxe contendo além do CD e memorabilia de colecionador, um DVD com a mixagem em 5.1 e DTS do álbum, e um blu-ray com material extra (6 vídeos e 3 faixas que não estão no álbum). É certo que Roger Waters não esteve envolvido neste álbum e amplamente divulgado em sites independentes da banda que não haverá turnê subsequente ao lançamento. O material terá embalagens especiais e o projeto gráfico, bem como a capa foram desenvolvidos por uma agência de Londres, baseada na arte criada por um jovem egípcio de apenas 18 anos chamado Ahmed Emad Eldin. Na página oficial, há um teaser de 30 segundos que transmite um mínimo do que está por vir neste novo álbum. Para nós, sejamos fãs ou não desta banda, resta aguardar o lançamento e dizer que estivemos vivos para ver que dinossauros ainda podem caminhar sobre a terra e, quem sabe, após o dia 10 de novembro, nos deixar boquiabertos com mais uma grande obra.
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