Ouvir música em tempos de internet e redes sociais é um desafio, é tanta informação e oferta sendo bombardeada todos os dias, que fica difícil estabelecer prioridades, ou melhor até têm… as contas para pagar, trabalho, estudo e todos aqueles afazeres, que não são escolhas. Com o tempo restante, você caro leitor, que possui um interesse acima da média com música, pois acessa provavelmente alguns blogs sobre música e dedica boa parte do seu tempo para ouvir música, saber por onde começar é importante, o tempo é curto e uma aposta errada, soa como tempo perdido, por isso penso ser útil quando um blog se coloca como um filtro (obviamente não de tudo que foi lançado, mas daquilo que ouviu e recomenda). É exatamente o papel do amigo indicando disco para amigo, fenômeno observado desde os tempos que se tocava disco em pedra. Antigamente, receber a indicação de um amigo era sempre bem-vinda muito mais pela escassez da informação, hoje a indicação continua sendo bem-vinda, porém pelo motivo contrário, para filtrar o excesso. Posto isso, abaixo listo algumas indicações de discos que serão/foram lançados no mês de setembro e que podem ter passado em branco, mas que, merecem a sua atenção, caro e-leitor.
Shellac – Dude Incredible (16.09.2014 via Touch and Go Records)
Dude Incredible record. O Shellac lançar um disco já é um feito por si só, a banda conquistou um séquito de fãs envolvidos com música nesses 20 e poucos anos de carreira, aquele cara que já ouviu tanta melodia, tanta repetição métrica e ornamento que não dá em nada, tanto mais do mesmo no axioma da música pop, que uma dose bem calculada de desconstrução, minimalismo e angularidade soa mais agradável. Já se passaram 7 anos, desde Excellent Italian Greyhound, e o Shellac entrega mais um disco que faz jus ao status de banda cult, intocável que alcançou. As músicas surgiram ao longo destes últimos anos e foram gravadas no Electrical Studio, de Steve Albini, que junto com Bob Weston e Todd Treiner construíram no Shellac, uma forma de criar música que dispensa explicações e apresentações, longe do esquisito e longe do lugar-comum, o vértice de empolgação rockeira – sustentado basicamente num bom riff de guitarra – não se perde, mas ao mesmo tempo é um produto preocupado em timbrar características próprias, e de maneira artesanal, valendo-se de processos analógicos e etc, coisa de banda de produtor, enfim. Um oásis de 32 minutos. As letras também continuam bem afiadas. Lançamento da Touch and Go Records, é um disco que eu não recomendaria apenas ouvir, mas também para se adquirir, e ter sempre à mão, na estante da sua sala.
GOAT – Commune (23.09.2014 via Sub Pop Records)
A aura subversiva é o grande trunfo da escandinava GOAT. A fusão inflamada de ritmos tribais e rock psicodélico funciona. O disco soa como uma jam, a banda tem um ajuste fino para que isso não extrapole ao ponto do entediante. Ainda não consigo dizer a situação deste disco em relação ao álbum de estreia,World Music e que trouxe o GOAT aos olhos do mundo, a sensação prematura é de atenção à alguns detalhes, como no bom uso das vozes e contenção de alguns exageros experimentais, o resultado final é menos hipnotizante, por assim dizer e por falta de definição melhor, mas muito mais prazeroso e “mentalmente organizado”, por falta de definição melhor novamente. =)
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King Tuff – Black Moon Spell (23.09.2014 via Sub Pop Records)
Kyle Thomas chega ao terceiro disco com o King Tuff, um dos artistas mais divertidos da turma Sub Pop, música despretensiosa talvez seja a melhor definição, o homem, sua guitarra e distorções, e a vontade de se divertir e divertir aos outros. No novo disco, fica bem claro como Kyle bebe da fonte do glam rock setentista, os vocais soam como uma ode à Marc Bolan, as melodias açucaradas evocativas do bubblegum pop adolescente, transforma boa parte do disco em trilha sonora da sessão da tarde, ritmo para mexer os quadris, olhando o bordo da fronteira do divertido para o brega, riffs a la Kiss, das distorções às baladas ao violão, tá tudo ali. “Come on baby, and be my beautiful thing”. Letras simples e superficiais que grudam na cabeça. Já fiquei fã desse disco, vai tocar na festinha do findis. “I don’t care if you hate your face, say you look like toxic waste, I love you, I love you, ugly”. Se você ainda não se ligou em King Tuff, a hora é agora, melhor disco dele até o momento. Definitivamente.
Um quarto disco nesta lista seria Ryan Adams, mas “chéééga” por hoje.
Além destes, entre os que já estão disponíveis na internet, ainda recomendaria: The Drums, Interpol, Alt-J e Leonard Cohen, mas estes não necessitam mais de recomendações, claro que vocês irão ouvir. Talvez eu volte com um texto ou outro sobre estes.
Ahhh e um amigo me disse que o Perfume Genius novo está bem bom também, ouvirei.
Para os discos do King Tuff e GOAT, existem ainda streams disponíveis via NPR. Compartilho abaixo.
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