O disco de estreia do Algiers pode ser uma das coisas mais bacanas que você irá escutar este ano se tiver disposição para novidades sonoras que experimentam. Em um saladão de gêneros, onde se destaca a mistura entre gospel e no wave, com letras politizada, uma energia obscura que vem da post-punk, tom provocador e beats de máquina. O trio, natural de Atlanta, berço de boa parte da música negra americana, e que possui uma cena de rap inigualável, de onde surge alguma referência cultural para a banda, principalmente no tom de protesto.
Com um conjunto bem único, o Algiers se une em estilo e sonoramente, com novas bandas como Viet Cong, Metz e até mesmo o Death Grips. Grupos, onde os seus membros foram pra faculdade e a música surge como uma forma de expressão melhor planejada. A pergunta pela autenticidade da rebeldia é algo que não é descabido de no mínimo questionar, me parece mais como a linguagem de estilo, propositalmente escolhida para representar a arte (e aferir autenticidade), do que de fato a necessidade de ser ouvido e protestar.
Ainda continua sendo um super coringa no mundo da música misturar influências trazidas da música africana, com gêneros mais próximos do anglo-saxão. Muita gente afirma que o rock veio da música negra, o que está absolutamente correto. Mas foram tantos anos de embranquecimento do rock na maior parte de suas vertentes, que os traços negros ficaram praticamente para trás, principalmente porque uma banda evolui da outra e não da essência. Como diz um amigo meu, tem muita banda por aí que gosta de falar que tem influência de Cartola e Clube da Esquina, quando na verdade é mais um escarro de Los Hermanos. De fato é por aí. E no disco de estreia do Algiers, que sai dia 2 de junho pela Matador Records, eles foram beber na nascente de gêneros que já estavam em desuso, de tal forma que esses elementos, essa diferenciação cultural, ressurgem bem vivos, vibrantes e menos pasteurizados.
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