Lá no quase longínquo 2011, escrevemos sobre o show do Future Islands, em SP.
“Foram quatro tapas na cara que o vocalista Samuel T. Herring deu em si mesmo antes de entrar cantando na primeira música, os tapas e murros no peito se repetiram durante o show todo, e pareciam surtir efeito na plateia interessada no show, bem inferior às pessoas que presenciaram o technobrega, mas atentos e hipnotizados pela densidade de interpretação de Herring.
As músicas do Future Islands apesar de terem um toque simplista deixam claro um tom de maturidade no som dos caras que tem claramente relação com bandas que tanto amamos do final dos anos 80. As linhas de sintetizadores programadas combinadas com linhas tocadas ao vivo criavam uma textura realmente interessante, mesmo que em alguns momentos você fosse levado a perceber a repetitividade das batidas.
A construção do repertório foi muito bem pensada e fez com que muitos dos que se deram o trabalho de apreciar o som da banda se empolgassem no desenrolar do show. O auge do show chegou no ponto em que o vocalista, usando de sua grande habilidade de performance em palco, girou o próprio retorno, abrindo mão de se ouvir para fazer com que os fãs da primeira fila pudessem se aproximar. Não demorou muito pra galera se empolgar com tal atitude que fez com que dois desses subissem ao palco pra curtir mais intensamente o show!
O ponto negativo fica pra galera desligada desse show denso e cheio de energia emanada exclusivamente por Herring. E, se me permitem uma opinião técnica, talvez as pessoas se desligaram devido a dificuldade em entender o vocal provavelmente causado por uma ausência de agudos na equalização do local, o que deixou o som embolado e às vezes um tanto incompreensível. No entanto Herring continuou levando com energia a apresentação até o final. Foi um bom show, valeu a festa, mas esses problemas dificultaram a compreensão e afastaram o público.”
Na ocasião o disco de turnê era On The Water, um álbum de synthpop simples, até meio comum, mas que ficava gracioso por conta das elucubrações vocais de Herring. O synthpop é enraizado em música atmosférica e cresce através da facilidade (e habilidade) em criar elos sonoros com o ouvinte, isso em um vocal interpretativo e cheio de personalidade é gasolina na fogueira.
Herring é um Morrissey moderno, os efeitos desse potencial já tínhamos narrado em 2011, mas hoje começa a ser reconhecido pelo mundo, principalmente após a apresentação da banda em rede nacional americana, no programa de David Letterman. Tem tudo a ver com performance, presença de palco, personagem, dança e voz.
Posto isso, é preciso dizer que Singles é o disco de evolução em termos maturidade e de ousadia da banda até o momento. Os ganchos, letras fortes e irresistíveis estão potencializadas, ainda mais afiadas e as composições permitem-se em alguns momentos sair de um Future Islands clássico, o que causa surpresa e alegria no ouvinte. É um disco forte pra todos os lados, é grande e excitante. Aliás é o álbum mais excitante que ouvi este ano, não sei dizer se é o melhor, mas é o primeiro que me causou o desejo de ir à fundo nas letras, destrinchar cada estrofe e cada passagem sonora. Recomendadíssimo, acho que vou falar muito sobre essa banda ao longo de 2014 ainda.
Singles é o quarto de LP de estúdio do Future Islands, marca a estreia da banda na catedrática 4AD e será oficialmente lançado na próxima semana.
Ouça, mas ouça mesmo: “Fall from Graces” e “Seasons (Waiting on You)”
Future Islands – Singles tracklist
01. Seasons (Waiting on You)
02. Spirit
03. Sun in the Morning
04. Doves
05. Back in the Tall Grass
06. A Song for Our Grandfathers
07. Light House
08. Like the Moon
09. Fall from Grace
10. A Dream of You and Me
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