Não estou de sacanagem no título.
As referências são tão pesadas e tão variadas que daí eu derivo o título do texto. Parece um álbum de coveres. Mas com canções autorais.
Will Butler fez um disco bem agradável em afobados 28 minutos.
O faz tudo do Arcade Fire e irmão de Win Butler, lança esta semana o seu primeiro disco de estúdio, Policy, via Merge Records.
Sempre me pareceu certo que o som grandioso do Arcade Fire é provocado por não ter um ou dois integrantes que se sobressaem, mas sim quatro ou cinco, um conjunto de gente talentosa, algo raro de se encontrar por aí, às vezes um membro talentoso já é o suficiente para um grupo todo dar certo, mas quanto maior for esse número, maior é a chance de dar certo e de atingir parâmetros superiores. Aritmética básica.
Por isso considero o grupo canadense, o maior do rock pós-00s.
Sozinho Will não se arrisca muito, prefere na maior parte do tempo fazer o simples muito bem feito.
Poderia ter se descolado um pouco disto, é verdade.
Mas, de forma geral, ainda puxo essa característica pro time do acerto. Ele poderia ter optado por um caminho mais egocêntrico de querer provar grandiosidade. Não, escolheu o caminho do feijão-com-arroz, e faz questão de deixar isso claro logo nos primeiros segundos de álbum, com a faixa “Take My Side”, rock clássico de garagem.
Em “Anna“, o teclado sintetizado avança e a batida marcada evolui uns 15 anos no tempo para a new wave clássica do The Cars. As repetições na letra:
Money, money, money, money
Money, money, money, money
Money, money, money, money…
Escola do Talking Heads e o conjunto de onomatopeia gritadas..
E então vem a primeira calmaria do disco com a balada “Finish What I Started“, que poderia ser retirada de um disco oitentista do Bowie. E então os acordes limpos , que logo evolui pra um power pop animado e com refrão em coro, tal como o Big Star.
I’ve been here forever in the cold
Waiting in the weather while you
Go out searching for our gold
But nothing lasts forever I’ve been told
Nothing lasts forever, oh
But some of this shit’s gettin’ pretty old
“Something’s Coming” tem uma base funk, cheia de efeitos e susurros, é a música mais chupeta do disco.
E então vem a faixa mais Arcade Fire, super Arcade Fire: “What I Want”, que é também a melhor de um disco fugaz e acelerado, tal como é a personalidade de Will, o quebrador de tambor nos shows da banda canadense. Fora a frase sensacional que tem na letra da música:
If you come and take my hand / I will buy you a pony / We can cook it for supper / I know a great recipe for pony macaroni.
Ainda completa mais uma canção a la John Lennon, onde Butler mostra suas habilidades incontestáveis no piano. E fecha com a ótima bubblegum pop em “Witness”. Agora, Will sabiamente – sem se arriscar muito – resolveu mostrar que pode ser muito mais do que um membro do Arcade Fire, mas sem exagerar nas pretensões.
Deu certo.
Nota 8 de 10.
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