Algumas bandas menos notadas precisam ser afirmadas, algumas sempre faladas precisam ser esquecidas. No primeiro caso se encontra a banda Mescalha, de Londrina, que acaba de lançar um bom disco, chamado Astronauta Marginal. Em uma chapa de aço que abraça muito do que foi feito de relevante entre as diversas vertentes do rock, a banda molda a sua própria cara, a sua própria forma de fazer música. Nota-se o blues lisérgico do Cream, alguns riffs sombrios do Black Sabbath, infusões psicodélicas de Pink Floyd e até, com menos frequência, algum sacolejo funkeado de Sly and the Family Stone. Sendo assim, é natural que se diga que as composições não são exatamente inovadoras, mas a fórmula é muito bem dosada, os arranjos fluem e o álbum tem o apelo necessário pra te levar do começo ao fim com algumas boas surpresas e sem pontos de cansaço. Ele dosa muito bem também as dinâmicas, entre estruturas mais aéreas de desapego, aquela coisa de deixar de prestar atenção na música e deixar o ambiente rolar, com outras mais imediatas, que te diz “estou aqui”, apoiado muitas vezes pela poesia e pelas entregas de maior excitação, como o fim da música “Todo Dia Everyday”. É aquele álbum pra se ouvir no fim de tarde bebendo uma cerveja gelada, quando a vida é perfeita.
Outro ponto de destaque são os shows, vi dois nesses últimos tempos. Inclusive a partir daí que surgiu a minha vontade de escrever sobre. O detalhe é que esses dois shows foram em tipos de palcos diferentes. O primeiro deles, em um bar, palco menor e mais intimista e o segundo quando eles abriram para o Mutantes em uma casa de eventos, um ambiente maior, ambos fechados. Em 90% dos casos eu fico com o show menor, independente da banda, aqui não foi diferente. Acreditem em mim, como essa banda cresce ao vivo. A primeira vez que eu ouvi o álbum, confesso que me desapontei, pois ao vivo fica evidente muito mais emoção do que se ouve no disco, faltou capturar alguma coisa. Não são diferenças abissais, mas notadas, ficou bom o suco, mas faltou espremer o bagaço, porque eu sei que tem mais suco ali, enfim… coisa de boas bandas de rock com mais lenha pra queimar em termos de produção. Ou, talvez, eu só deveria ter começado pelo disco, hahaha. Ou, talvez, seja essa a proposta do disco. A própria banda afirma em seu comunicado de imprensa:
“As composições do ASTRONAUTA MARGINAL são diretas, possuem mais peso e menos informação. As estruturas foram pensadas assim como parte da proposta que existe por trás do disco. Todo o conceito foi definido pela banda antes mesmo do álbum ser composto; e se manteve sólido durante toda sua criação.”
Esse é o segundo álbum cheio da Mescalha. Anteriormente os rapazes lançaram um álbum e um EP homônimo. Vale conferir o som, tem tudo lá no site da banda.
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