Poucas bandas sabem se reinventar tão bem, sem perder a essência, como a curitibana Subburbia. Este fato acontece, pois faz parte da fundação da banda, a preocupação e atenção em ouvir o que está rolando lá fora, estabelecer contatos, fazer parcerias com outros artistas. E isso é importante. É importante, porque é muita pretensão uma banda achar que irá entregar o próximo hit, sem estar atenta ao que está fazendo diferença no mundo, naquele momento. Neste sentido, a profundidade cultural de um artista e o tempo que ele se dedica em acompanhar o presente, e buscar seu papel dentro desse contexto, é quase tão importante quanto técnica, dom, talento e suor. No Brasil – e cabe fazer uma ressalva que esta não é uma exclusividade tupiniquim – ainda vivemos muito de guetos, turminhas, conceitos artísticos pré-concebidos, devoção pela regionalidade e pachequismo para com as brasilidades musicais. Empregar cultura regional em arte nunca foi um problema, pelo contrário, a preservação de culturas regionais e a utilização desta na música pop funciona (ou deveria funcionar) como uma especiaria, o problema é quando vira corrente e bola de ferro, o problema é colocar folha de louro no feijão e na salada de mamão com abacate, ou seja, uma visão mal calculada, desatenta, planificada e delimitada de seus potenciais. E no delimitada não estou apenas me referindo à variável geográfica, mas também sobre a preocupação em não fazer música de nicho, ou ao menos flertar com outros nichos, se incomodar, garimpar e aí sim tentar construir a música pop de vanguarda, que cada vez se mostra mais híbrida e capaz de novas fronteiras.
Neste vão musical o Subburbia sempre procurou se encaixar conscientemente, a diferença é que agora a banda começa a se posicionar mais claramente sobre isso e, claro, usar essa variável ao seu próprio favor, como personalidade da banda, talvez por entender que na música pop, identidade é tão importante quanto música, ainda mais em tempos de muita oferta e pouca atenção, é preciso ser claro, direto, ao invés de “artisticamente sugerido”. A afirmação deste posicionamento fica bem óbvia no comunicado de imprensa que a banda soltou:
“Isolados da cena musical do país, inclusive do underground. Muito pesado para as pistas de dança, muito eletrônico para os xiitas do rock, muito agressivo para os neohippies, muito performático para os shoegazers… A verdade é que o Subburbia carrega as tintas em tudo o que faz, e paga um preço alto por isso. (…) marcadas pela influência de artistas contemporâneos como Kindness, DJ Mustard e Destruction Unit, nomes quase desconhecidos do público brasileiro. E assim o Subburbia segue produzindo música e construindo uma trajetória: com foco total na criação e sem fazer o menor esforço para agradar.”
A realidade pode não ser tão dramática como parece, mas é um fato observável pelas ruas de Curitiba, sobre como o Subburbia carrega a sua própria turminha pra lá e pra cá, e não se encaixa, ou se encaixa muito pouco no aglomerado de pessoas que constituem o mundo alternativo curitibano.
Posto isso vamos à novidade.
“MaLIFE” conta com a participação da performer e artista da era digital Labanna Babalon que já trabalhou em vídeos de artistas como Major Lazer, Riff Raff, Brooke Candy,Friends, Molly Soda, Cartier’God, Triple Six Sound Club. A faixa foi mixada pelo Dj e produtor J£ZUS MILLION, que já produziu musicas de Brooke Candy, Charli XCX, Sasha Go Hard e Tomas Barfod. A faixa faz parte da ainda não lançada mixtape LUV EXORCISM, atualmente em processo de finalização.
Apesar de se divorciar da “cena” (pseudo-cena bem da verdade) curitibana, o Subburbia gravou um vídeo-entrevista-freak com um dos personagens mais peculiares de Curitiba, o dance boy, vídeo este gravado exclusivamente para o 505 Indie. Dance Boy, fã do Fatal Error, como entrevistador é uma negação, mas como dançarino é um mito, no final do vídeo ele nos presenteia com os seus movimentos cirurgicamente calculados, dançando “Suburbia” dos Pet Shop Boys, Emil e Marina também participam, non-sense pouco é bobagem.
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