Ontem foi dia de deixar a TV ligada no Lollapalooza argentino e, enquanto a maior parte do tempo o festival funcionava apenas como música ambiente, alguns momentos chamaram a atenção, para o bem ou para o mal. Vamos ver o que o domingo nos reserva. Para assistir o Lollapalooza Argentina clique aqui. É necessário ser residente/possuir IP do país hermano.
DECEPCIONOU
O ponto baixo do festival ficou por conta de Annie Clark, do St. Vincent. O show começou com atraso de quase meia hora e com apenas 10 músicas no repertório, a performance passou muito longe do que ela costuma apresentar. Vá por conta e assista aos shows que ela fez no Pitchfork Festival e no Primavera Sound, é outro nível de ferocidade. Annie parecia melindrada, cabe dizer que o show dela é estilo “bowie”, muito mais artístico, mesmo os momentos de fúria com a guitarra -que não aconteceu na Argentina – são todos coreografados, é muito mais arte do que visceralidade. Entre as garotas super poderosas da guitarra, só pra ficar em um exemplo que me ocorreu agora e até já especulado como romance, a já quase veterana Carrie Brownstein tem mais a ver com o que o rock propõe de mais cru, tendo um Kurt Cobain da vida, como seu equivalente de imprevisibilidade. Já Annie é totalmente Bowie, camaleônica e performática.
Alguns fatores foram fundamentais pra ficar ainda mais mecânico e não fluir legal. O sol das 16h joga totalmente contra, os elementos de iluminação artificial são essenciais quando o show se apega ao visual de maneira programada e não imprevisível. O jornalista do Clarín chegou a dizer que a coreografia da Annie Clark, parecia aeromoça indicando a saída de emergência. E isto não é uma crítica, é uma constatação. Por alguns momentos todo o planejamento do show pareceu forçado e sem propósito. O jogo de luzes programado é peça fundamental.
Teve também o pessoal da limpeza, devidamente uniformizado, duas tiazinhas e um tiozinho, que ficaram boa parte do tempo, no fundo lateral do palco. Detalhe bobo, que num show do Nirvana ou do Sleater-Kinney não significaria bollocks – até ajudaria- mas no da St. Vincent, que parece mais uma instalação em museu de arte do que show de rock, conta algo pro lado negativo.
O segundo fator conta menos, mas o setlist encurtado em 10 músicas, apressou um pouco o desenvolvimento do show, e não chegamos em clima nenhum. Mas o principal que eu senti, foi uma Annie pouco confortável. Seria reflexo ainda do ocorrido no Chile? E, como já disse, a questão de iluminação. É um show para ambientes fechados e menos festivalesco, mas que funcionou muito bem em qualquer festival do mundo ao começar, no mínimo, na transição dia-noite.
EMPOLGOU
Senhor White nunca foi um primor de vocalista, mas ele se recuperou do show no Chile onde claramente estava com a voz comprometida, e fez um showzão na Argentina. O repertório é certeiro para alguém que não visita a região toda turnê. Apenas com as maiores de sua carreira, passando por White Stripes, Raconteurs e claro, músicas dos dois discos solo. A cereja do bolo foi a participação de Robert Plant para uma rendição do clássico “The Lemon Song” do Led Zeppelin. Jack White é assessorado por uma banda extremamente competente. O baterista Daru Jones, é um show a parte, energia, precisão e puro soul. A violinista e vocalista Lillie Mae Rische dá um toque feminino pra banda e suaviza as canções com um vocal melodiosamente angelical. A banda tem uma química e os elementos estão todos muito bem encaixados em seu lugar. Não era pra se esperar menos de Jack White, atual rei da musical Nashville.
SETLIST Lollapalooza Argentina 21.03 (via setlist.fm)
ST. Vincent
Bring Me Your Loves
Digital Witness
Cruel
Rattlesnake
Marrow
Surgeon
Cheerleader
Huey Newton
Regret
Birth in Reverse
JACK WHITE
Just One Drink
Dead Leaves and the Dirty Ground
(The White Stripes song)
High Ball Stepper
Broken Boy Soldier
(The Raconteurs song)
Lazaretto
Baby Blue
(Gene Vincent cover)
Hotel Yorba
(The White Stripes song)
Temporary Ground
Weep Themselves to Sleep
Cannon / John the Revelator
(The White Stripes song)
Three Women
Blunderbuss
We’re Going to Be Friends
(The White Stripes song)
I’m Slowly Turning Into You
(The White Stripes song)
Would You Fight for My Love?
Power of My Love
(Elvis Presley cover)
Encore:
The Lemon Song
(Led Zeppelin cover) (with Robert Plant)
Ball and Biscuit
(The White Stripes song)
Sixteen Saltines
Steady, As She Goes
(The Raconteurs song)
Little Bird
(The White Stripes song)
Seven Nation Army
(The White Stripes song)
You might also like
More from Lollapalooza Brasil // Cobertura 505 Indie
Lollapalooza Brasil 2018: festival encontra a conta do equilíbrio com shows memoráveis de LCD Soundsystem e David Byrne
Introdução, Spoon, LCD Soundsystem, Mac DeMarco, Tash Sultana, Liniker e The National por Flavio Testa Oh Wonder, Chance the Rapper, .Anderson …
DAVID BYRNE: o gigante do Lollapalooza Brasil 2018
https://youtu.be/07G4xhSefuI Ele provavelmente estará descalço. Tão confortável como se estivesse em casa. Banda? Provavelmente esperando seu momento de entrar depois que David …
Guia Alternativo do Lollapalooza Brasil 2018
Esqueçam os Headliners (ou não), preparem as cabeças balançantes e venha experimentar diferentes sonoridades com o nosso Guia Alternativo do …