Nesse último final de semana (06), rolou mais uma edição do Secret Festival em São Paulo, de mesma curadoria do projeto Sofar Sounds. Com aquele mesmo princípio dos gigs intimistas em lugares inusitados, o local deste ano foi revelado para quem possuía ingresso somente 48 horas antes – uma antiga fábrica têxtil no Brás. Totalmente restaurada, e palco de eventos como casamentos, festas e lançamentos de produtos. Uma excelente escolha feita para a realização neste ano, que já teve como palco lugares como o Centro Cultural Rio Verde (na Vila Madalena), a Red Bull Station (no Centro) e o renomado Estúdio Trama (em Pinheiros), onde estivemos na edição passada. A Vila São Paulo reuniu o espaço principal chamado “On” com os shows já anunciados previamente, de Terno Rei (SP), Mahmundi (RJ), Carne Doce (GO), Lumen Craft (SP) aos gringos TOPS (Canadá) e Charly Coombes (UK); e outra área mais intimista, nos moldes do Sofar, com almofadas e bancos espalhados pelo chão, o espaço “Off”, mais acústico, trazendo artistas surpresas como Benjamin Existe e Versos Que Compomos Na Estrada.
O começo da tarde abafado deu lugar à chuva bem forte, quase atrapalhando os trabalhos da Terno Rei no início da tarde, primeira banda a subir em palco. A apresentação foi marcada também pela estréia do segundo disco dos caras, chamado Essa Noite Bateu Com Um Sonho, lançado pelo selo independente Balaclava. Cheio de linhas de guitarras de efeitos bem espacial, a banda (que tocou ano passado no lindíssimo Festival Primavera em Barcelona) cativou somente no fim. e de forma tímida, o público que se escondia da chuva em um dos galpões. Era nessa área coberta que estava concentrada boa parte do festival, com seus comes & bebes, além de um espaço “Lounge” da Spotify, cheio de puffs e fones de ouvido da playlist do Secret – durante os intervalos das apresentações, rolaram conversas com alguns dos artistas do festival sobre suas influências e sobre música de modo geral. Em seguida, a carioca (agora paulistana) Mahmundi veio aopalco com seu único álbum homônimo, aclamado pela crítica. Marcela Vale, que já foi técnica de som do Circo Voador, traz um ar moderno e retrô em suas músicas, algo que meus pais ouviam nos anos 80 em seus LPs – e deixa este som muito bem encorpado ao vivo, mesmo sem um dos integrantes (responsável pelos teclados) e que ela tirou de letra ali, com sua guitarra, cantando afinada após uma maratona de shows – incluindo o MECAInhotim na noite anterior.
O próximo foi o ex-Supergrass (como todos chamam), Charly Coombes. A performance foi baseada no trabalho “Black Moon”, e contou com participações especiais, como a de Pedro Pelotas (Cachorro Grande). Confesso que foi uma das apresentações que me senti mais disperso, talvez pelo repertório, onde faltou um pouco mais de energia naquela hora, com o festival em seu pleno vapor, público já aconchegado e a luz natural já sumindo aos poucos. Pouco tempo depois, ajustes aqui e ali, era a vez dos goianos do Carne Doce – era a segunda vez que assistia a eles em pouco mais de um mês, e dá pra dizer que este show conseguiu ser tão bom quanto o outro, apesar de ainda ter elementos bem diferentes entre eles. Salma Jô afinadíssima, extremamente simpática e claro, com suas dancinhas em trânse. A banda entrega um som preciso, com melodias, letras fortíssimas e atuais, principalmente vinda do álbum Princesa, responsável por estas nuances no som; ora mais carne e crua, ora mais doce e serena. Não resta dúvidas que após esta apresentação, muitos dali passarão a conhecer a banda.
Carne Doce (GO) se apresentando com a incrível Salma Jô
Na sequência, era perceptível que juntamente com o show anterior, os canadenses do TOPS era bem aguardados no palco. Jane Penny e os outros integrantes da banda estavam durante o festival circulando pra lá e pra cá, batendo papo com a galera desde o seu comecinho, e isso é uma das coisas mais bacanas quando se tem um evento neste formato – a proximidade com o artista, no mesmo nível, todo mundo junto. Way To Be Loved, o hit dos gringos, não foi a única canção de destaque durante a apresentação. Teve música indie pra dançar, teve chill out, música pra balançar a perna, e por aí.
E a voz da Jane segura bem tudo isso – uma grata surpresa. Por fim, os paulistanos do Lumen Craft foram responsáveis por fechar o domingão de boa (e nova) música, levando seu trip-hop bem alto – os únicos a montarem um setup de luz no palco, dando um clima mais dark na apresentação eletrônico do trio. Pena que boa parte do público já se encaminhava aos poucos para saída durante a peformance.
Com uma proposta bem diferente e antenada com o mundo da música e do entretenimento, o Secret Festival se formata novamente e dá uma revigorada em meio a tantos eventos que não se arriscam a trazer novidades com méritos. O festival lançou um vídeo bem bolado de como foi esta edição 2016, confere aí:
TEXTO: Matheus Bonetti
FOTOS: Luiz Sontachi – I Hate Flash
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