Na sexta-feira, dia 11 de outubro, o Campo de Marte em São Paulo recebeu pela primeira vez o Black Sabbath com sua formação clássica (ou o mais próximo possível disso), com Ozzy Osbourne, Tony Iommi, Geezer Butler e o baterista Tommy Clufetos (da banda solo do Ozzy).
Como foi meu primeiro show no Campo de Marte, essa resenha também vai avaliar o local, translado e fazer alguns comentários em relação ao Planeta Terra que acontecerá no mesmo local no dia 9 de novembro.
Saí do trabalho e fui direto para o show de metrô, desci na estação Santana que fica cerca de 600 metros do Campo de Marte e ainda deu tempo de tomar uma cerveja no bar da esquina. Ao entrar, percebi que o show seria sobre o gramado e o local já estava lotado por volta das 19 horas. Havia uma imensa pista premium que prejudica em muito o espetáculo e o público que não pôde pagar 600 reais na entrada. Com lotação esgotada (70 mil ingressos foram vendidos), quem chegou por volta das 19 horas e estava na pista “normal” já se deparou com um lugar lotado e ficou bem longe do palco, que poderia ser mais alto para melhorar a visão. O terreno ainda tinha alguns morros e buracos, que dificultavam a visão do palco. Felizmente haviam três telões de alta qualidade que remediaram, em parte, a vida do público. O som, pelo menos onde eu fiquei, estava excelente.
Às 19h40 subiu ao palco a banda de abertura, o Megadeth. A apresentação da banda liderada por Dave Mustaine foi competente tecnicamente (principalmente pelo virtuosismo dos músicos), mas distante e entediante.
Finalmente, após uma pequena espera e muito aperto para tentar conseguir um lugar melhor para ver o show, Ozzy subiu ao palco e começou puxando um coro de “Olê, Olê”, para na sequência abrirem com “War Pigs”. Momento de muita euforia para todos os presentes.
O setlist que a banda apresentou foi rigorosamente o mesmo durante toda essa turnê, com poucas surpresas, e em São Paulo não foi diferente. Com apenas três músicas do novo disco 13, a banda apostou nos clássicos principalmente dos quatro primeiros álbuns, isso não chega a ser problema, pelo contrário.
A apresentação foi muito segura e mostrou uma banda muito bem entrosada. Com tantos sucessos no catálogo, o público foi facilmente conquistado nos primeiros acordes pesados que soaram e permaneceu em êxtase durante todo o show.
Se Ozzy não tem mais a mesma energia de outrora, o Madman compensa a idade e os pequenos desafinos com muito carisma, sempre regendo o público e aclamando os companheiros de banda, sem se esquecer de sempre agradecer e abençoar o público.
Tony Iommi, o mestre dos riffs pesados, sempre contido e concentrado mostrou até alguns sorrisos. Com sua coleção de Gibson SG, ele demonstrou todo seu talento, com os riffs mais famosos sendo cantados junto pelo público, como foi em “Iron Man“. Já Geezer Butler é um monstro no baixo, simplesmente genial e mostrou que está em ótima forma. Como esquecer a introdução de “N.I.B“., outro momento que fez a poeira levantar no Campo de Marte.
O baterista Tommy Clufeto também foi sensacional e teve direito à um solo após tocarem “Rat Salad“.
No final, Ozzy fez uma piada ao apresentar “Dirty Woman“; pediu para o público ficar fucking crazy very loco durante “Children Of The Grave” que aí eles tocariam mais uma música. Foi prontamente atendido e após fazerem a introdução de “Sabbath Bloody Sabbath” (que eu queria ter ouvido inteira), tocaram “Paranoid” para fechar com chave de ouro.
Claro que poderiam ter tocado mais músicas, mas eles mostraram com um grande e emocionante show por que são uma das maiores lendas do Rock, responsáveis por terem criado o Heavy Metal (ao lado do Led Zeppelin e Deep Purple) e influenciado gerações e gerações de bandas e fãs de rock.
Sobre o Campo De Marte
Como eu já comentei, o local é de fácil acesso pelo metrô (estações Santana e Carandiru da linha Azul), o que facilita muito o translado. Também é muito amplo, porém isso não significou muito conforto para o público. Devido a dificuldade de enxergar o palco as pessoas se espremiam em busca de uma visão melhor e muita gente acabou mesmo foi assistindo pelos telões. Um palco um pouco mais alto e um piso mais regular teria ajudado nisso.
Para o Planeta Terra, de acordo com a coletiva de imprensa, eles vão usar a parte asfaltada do Campo de Marte, para evitar possíveis problemas com lama em caso de chuva, o que deve melhorar a questão do terreno irregular e visão do palco. O show do Sabbath foi na parte gramada e isso proporcionou grandes nuvens de poeira enquanto o público pulava. Outro ponto relevante é a diferença de público, o festival de novembro vai abrigar menos da metade do número total de pessoas e sem a dinâmica de pista Premium.
Voltando ao show, o som me pareceu muito bom, dava para ouvir nitidamente todos os instrumentos e curtir todo o peso dessa lenda do rock, ao menos por aqui.
Setlist:
War Pigs
Into the Void
Under the Sun/Every Day Comes and Goes
Snowblind
Age of Reason
Black Sabbath
Behind the Wall of Sleep
N.I.B.
End of the Beginning
Fairies Wear Boots
Rat Salad
(Seguida de um solo de bateria insano de Tommy Clufetos)
Iron Man
God Is Dead?
Dirty Women
Children of the Grave
Bis:
Paranoid
(Com a Intro de Sabbath Bloody Sabbath)
Zeitgeist (No som enquanto o público ia embora)
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