Que me desculpem Bob Dylans, Neil Youngs e Tom Waits da vida, mas na última sexta em Seattle, Leonard Cohen se mostrou num patamar acima de todos, e ainda meteu vários corpos de vantagem.
Com uma Key Arena lotada de cabeças brancas, Leonard surgiu galopando no palco e a plateia mostrou respeito aplaudindo de pé antes mesmo da primeira música. A primeira de muitas aclamações.
Terno, chapéu e uma classe que poucas vezes tive o prazer de assistir. Normalmente se ouve um “Seattle, I love you” vindo do palco, mas com Cohen o nível é outro. Ele agradece, avisa que ainda pretende tocar por alguns anos, mas como isso pode não acontecer, nós podemos ficar tranquilos, ele dará tudo de si.
De olhos fechados e joelhos no chão, Leonard se curva e manda clássicos como “There’s no Cure for Love”, “Everybody Knows” e ainda recita “A Thousand Kisses Deep”. Os aplausos aumentam, o respeito é mútuo e com um pouco mais de uma hora de show a banda encerra a primeira parte.
Leonard volta ao palco, agradece por ainda estarmos ali, brinca que na frente dele tem uma máquina super moderna (um teclado com uma base pré gravada) e manda “Tower of Song”. A voz sempre lá, grave e nítida, mas a fim de evitar excessos três back vocals seguram a onda em alguns casos. A qualidade é tanta que em duas músicas, ele se recolhe num canto, murmura sem microfone e joga o holofote pra elas. A platéia totalmente em transe responde com urros de aplauso.
“Hallelujah” transforma a arena em igreja e eu tenho certeza que rígidos cinquentões escorreram lágrimas de felicidade pelos olhos. Ovacionado como nunca, Leonard alcança o posto de Deus (ou seria Lord of Song?). Já se aproximando de três horas de show Leonard fecha com “Take This Waltz”.
O show não acaba e no meio de dois bis Cohen dá adeus a Marianne, conquista Manhattan, Berlin e obviamente Seattle.
Uma honra assistí-lo ao vivo. Uma honra ver alguém com anos de estrada ainda se emocionar com a plateia. I’m your man.
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