No último dia 10, o Brasil teve sua chance de ver uma das bandas mais bacanas do rock alternativo dos anos 90: o Garbage. Mas, antes de falar do prato principal da noite, precisamos voltar alguns anos para meados de 2012, lá pro Planeta Terra Festival. O Far From Alaska, banda do Rio Grande do Norte, tinha sido a vencedora de um concurso para abrir as atividades do festival, fãs declarados do trabalho dos caras. E sabe quem estava no line-up daquele ano? O próprio Garbage. A felicidade do FFA não poderia ser tamanha em dividir o mesmo evento com eles, não é? A história avançou mais: os brasileiros encontraram com a banda no mesmo hotel pós-festival, entregaram o EP deles (naquela ocasião) e tempos depois a Shirley Manson relembrou a sua história no Facebook da banda. BOOOM! Olha só que bacana:
É sem dúvidas um dos momentos-chave que ajudou a impulsionar a banda pela internet, relembrado de forma emocionada pelo próprio Far From Alaska, agora abrindo um show solo do Garbage, em 2016. E não só teve essa recordação por parte dos potiguares, os norte-americanos não deixaram passar batido sobre essa história também durante a sua apresentação – uma bela atitude de reconhecimento de ambos. Sobre a entrada desta noite: nível empolgadíssimo, e não poderia ser diferente. O público gostou.
Depois de um longo hiato entre os anos de 2007 e 2012, o Garbage voltou com tudo no álbum “Not Your Kind of People” e confirmou que não importa quanto tempo se envelheça, eles continuam apresentando bons trabalhos, como no ótimo “Strange Little Birds” lançado neste ano. Com um repertório que passeia sobre diversas fases da carreira, a apresentação começou com uma música de duas décadas atrás, “Supervixen“. E falando em envelhecer, como a Shirley Manson envelhece bem a cada ano! Diria que é como no filme “O Curioso Caso de Benjamin Button“, se tornando mais jovem em palco e de uma forma tão natural, que chega a ser assustador. O único ponto baixo fica pela ausência do Butch Vig nas baquetas – de fora de toda a turnê sul-americana por motivos médicos. Em seu lugar, o substituto Eric Gardner segurou a cozinha.
Dá para dizer que o show é repleto de momentos carismáticos vinda de Manson, com a áurea nostálgica de quem viveu e não viveu nos anos 90, mas que sabe cada refrão de todas as músicas da banda. “Blackout“, “Magnetized” e a “Empty” foram as canções executadas do trabalho mais recente – não menos aclamadas, e sim com tom mais dramático num show que praticamente funciona 100% na energia e bom astral da sua frontwoman. Se joga no chão, dá seus pulinhos e seus giros já conhecidos. Pediu desculpas por não ser tão “cool” assim nos dias de hoje. Vale a nota que algum infeliz lançou algo rosa de pelúcia da platéia, provavelmente sem querer, na cara de Manson na próxima música seguinte a isso – mas segue o jogo.
Os clássicos como “I Think I’m Paranoid”, “Stupid Girl” e “Only Happy When It Rains” foram as mais aclamadas, sendo a última com uma surpresa vinda da própria platéia e suas bexigas coloridas. Bonito. A banda fechou com a “Cherry Lips”, que dispensa qualquer comentário – encerrando um dos melhores e mais agradáveis shows que passaram pelo Brasil neste ano. Confira o setlist abaixo, no Tropical Butantã:
1- Supervixen
2- I Think I’m Paranoid
3- Stupid Girl
4- Automatic Systematic Habit
5- Blood For Poppies
6- Trick Is To Keep Breathing
7- Sex Is Not The Enemy
8- Blackout
9- Magnetized
10- Special
11- #1 Crush
12- Doomed
13- Why Do You Love Me
14- Night Drive Loneliness
15- Bleed Like Me
16- Shut Your Mouth
17- Vow
18- Only Happy When It Rains
19- Push It
———–
20- Queer
21- Empty
22- Cherry Lips
Ah, você perdeu essa noite memorável ou quer relembrar alguns momentos? Dá uma olhada aí!
Why Do You Love Me? (lançada em 2015, no álbum “Bleed Like Me”)
Shut Your Mouth (lançada em 2001, no álbum “beautifulgarbage“)
Texto e Vídeos: Matheus Bonetti
Fotos: Fernando Pires (The Ultimate Music – PR)
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