por Rodrigo Ferreira
Tive a oportunidade de conferir aquela que foi uma das últimas performances da vida de Scott Weiland, realizada dia 25 de novembro de 2015 no Gramercy Theatre de Nova Iorque, exatos 8 dias antes de sua morte.
Embora eu seja fã de carteirinha de Scott, tanto na posição de frontman do Stone Temple Pilots quanto em suas incursões solo, confesso que tinha receio quanto a qualidade de sua atuação ao vivo, tudo devido aos últimos vídeos que inundaram a internet mostrando performances bizarras.
Eu já conhecia de antemão o setlist que seria executado naquela noite, e que consistia basicamente num meio-a-meio de músicas do Stone Temple Pilots e as de seu mais recente álbum, lançado em março, com os Wildabouts intitulado BLASTER, que é excelente, diga-se.
Vale lembrar que Scott e os Wildabouts já tinham sofrido um duro golpe com a morte do guitarrista Jeremy Brown em 30 de março de 2015, apenas um dia antes do lançamento do disco de estreia da banda, numa daquelas coincidências mórbidas do destino.
Pois bem, os Wildabouts são muito bons, e começaram o show já puxando ‘Crackerman’ logo de cara, porém, conforme visto no vídeo, Scott já entra atrasado no ritmo e vai se arrastando na melodia, nesse momento percebi que minhas expectativas ruins estavam se concretizando, Mr. Weiland estava em más condições naquela noite.
Como disse anteriormente, sou fã do cara, e como eu, parecia que a plateia pouco se importava com o ‘desapego técnico’ dele, tamanho era seu carisma, ainda que não fizesse muito para agradar.
Em certo momento ele chegou até a dizer para a plateia ‘enjoy the experience as it is’ (aproveitem a experiência como ela é) o que mostra que tinha consciência de sua má condição naquela noite, e pediu para que curtíssemos mesmo assim, foi isso mesmo que fizemos.
Era visível que o resto da banda mantinha contato visual constante entre si, em alerta, especialmente durante a execução da clássica ‘Vasoline’ buscando atrasar a batida no final do refrão justamente para dar não deixar Scott fora do beat.
No geral a plateia não ligou, ajudou Scott cantando junto as músicas do STP (Big empty, Vasoline, Unglued, Meatplow) e aplaudiram as da carreira solo e o cover de David Bowie ‘The Jean Genie’, curtindo muito aqueles movimentos característicos de Weiland, ainda que realizados de forma mais lenta que o habitual.
O show terminou em bom tom, com a balada ‘Circles’ do disco novo seguida de ‘Unglued’ do Stone Temple Pilots. Scott saiu muito aplaudido do palco.
Embora o show não tenha feito jus ao talento e capacidade vocal que Scott Weiland demonstrou em todos os seus trabalhos, meu sentimento foi – digamos – paradoxal, uma vez que estava ali toda a geniosidade de um artista capaz de compor canções complexas que alternam entre a delicadeza e o caos, entre o angelical e o sombrio, a luz e a escuridão, exatamente como um retrato de sua própria alma, e, portanto, absolutamente legítimo e original.
Rest in peace Mr.Weiland, and thank you for everything.
ROCK FERREIRA
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