Esses dias, eu brevemente relembrei aqui no blog alguns casais do mundo da música, sobre a forma como eles acusam o relacionamento dentro do trabalho. Basicamente, eu defendo que música boa é a essência, a pedra fundamental, mas aparência ajuda, a forma como você se veste ajuda, saber provocar dinâmicas de tensão sexual ajudam mais do que os dois últimos fatores anteriormente citados. Atualmente, talvez o casal (que não é casal) mais bem-sucedido nessa relação eu tenha esquecido de mencionar. Alison Mosshart e Jamie Hince.
Certa vez, VV comentou em entrevista para um veículo inglês sobre como a falta de mistério e de privacidade tem tornado tudo mais chato nos dias de hoje. O The Kills sempre soube preservar essas características com maestria, eles sempre nos presentearam com o benefício da dúvida e da imaginação, o público é tragado para dentro do furor de tensão sexual das apresentações, ninguém nunca soube ao certo o que rola ali entre os dois, por isso se envolve e participa, ao invés de se tornar mero expectador, o sentimento é mais intenso, intimamente se torce para que no momento de maior apoteose do show, com a guitarra de Jamie Hince dissonando em looping fechado num efeito de fuzz apocalíptico, enquanto VV arrebenta o microfone no tambor, os dois se encontrem no meio do palco e fechem à apresentação em uma pegação visceral, o público então vibraria como se chegasse ao orgasmo coletivo. O show acaba.
A realidade é bem diferente disso, principalmente porque Jamie Hince hoje é um homem muito bem casado, tão bem casado que até abandonou 20 anos de veganismo, quando viu Kate Moss apenas de calcinha preparando um sanduíche de bacon pra ele. Essa é uma daquelas poucas situações onde as convicções de uma vida inteira vão por terra e com razão.
A vida real é o que menos importa em bandas de rock, criar o escapismo, o conto de fadas, a ficção, o entretenimento para o público, é um jogo que pode ser jogado de várias formas, a sexual é apenas uma e provavelmente a mais interessante delas. A verdade tanto não interessa que a plateia sempre adorou a tensão nata (nata, a base de drogas e booze hehe) entre Pete Doherty e Carl Barat, mesmo sabendo que não é a real. Os exemplos são infinitos, o tema rende um livro.
A sensualidade e a cumplicidade de VV e Hotel ainda saltam aos olhos. Jamie é um dos melhores guitarristas dessa geração. VV é um furacão de energia e entrega nos shows. Os dois se vestem apropriadamente, sem exageros, mas como estrelas do rock e não como o técnico de som da casa. A beleza dos dois não aguenta muito mais tempo, é verdade, mas ainda é o suficiente. A música é das mais inventivas dos anos 00, tem um ar transgressor, ao mesmo tempo que é palatável do ponto de vista comercial. O oposto de um The Kills seria a banda do Camelo e da Mallu, pensa… eita vidinha sem graça.
Veja na íntegra o show que a banda fez ontem para o seu público majoritariamente jovem, em Seattle. Ainda sem nada confirmado, mas torcemos para um novo disco do The Kills em 2015.
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