Em noite de clima ameno, típica de outono, aconteceu em SP no final de maio, no pequeno e agradável Espaço Cultural Walden, a gravação do novo videoclipe de uma das bandas mais promissoras e faladas na blogosfera nacional, os paulistanos do Single Parents.
O barulho em torno da banda começou em 2010, após o lançamento do EP Could You Explain?, e ganhou musculatura em 2012 com o ótimo álbum debut Unrest. Gravado em Nova York, produzido por Roger Paul Manson (Dirty Projectors, Mike Patton, Holger) e masterizado por Matthew Agoglia (Spoon, Arctic Monkeys, Maniac Street Preachers). O primeiro videoclipe do disco dos caras, foi para a faixa “Stop Waiting (For Me Now)”, lançado no início de 2012.
O próximo vídeo de “Unrest” é justamente a faixa-título do álbum. A gravação do videoclipe aconteceu através do registro da banda em ação, ao vivo, para pouquíssimas pessoas, conferindo um clima intimista e acolhedor. A iluminação apesar de simples, pequenas lâmpadas envoltas aos pedestais e palco, reforçou ainda mais esta atmosfera, vamos aguardar para ver o resultado em vídeo, com previsão de lançamento para o final de junho.
Após o show conversei um pouco com o trio, para finalmente, concretizar meu plano de introduzí-los e estreá-los aqui no blog.
Lembrando que o Single Parents é composto por: Fernando Dotta (vocal, guitarra), Anderson Lima (baixo) e Rafael Farah (bateria).
Como foi a fundação do Single Parents, ano, membros, como rolou, como surgiu?
Fernando: O Single Parents foi formado inicialmente em 2009, eu (Fernando) e o Anderson tínhamos um projeto antes, que era uma pegada mais eletrônica e daí quando começamos a fazer algo mais rock, o Rafael entrou em março de 2009 e começamos a moldar essas músicas novas em estúdio, com esta pegada mais de anos 90 e tal, durante 2009 formatamos estas músicas, foram 5 e entraram 4 no EP final, gravamos no final de 2009 e lançamos em janeiro de 2010, chama Could You Explain?.
Desde então vocês foram bastante falados em blogs e na internet. Como é que isso aconteceu?
Rafael: A gente estava na pré-produção e nos juntamos para terminar estas faixas e não ensaiávamos tanto assim porque o nosso baixista tinha um problema sério de tendinite, então não rolava de tocar muito, ao mesmo tempo precisávamos fechar o EP, e não conseguíamos ensair e marcar shows. Então quando saiu o EP não tinha nada marcado, de show ou turnê e apostamos tudo na internet, que era o que dava.
Isso em 2010?
Rafael: Isso em janeiro de 2010.
Fernando: E quando mandamos as músicas do EP para os blogs que a gente lia na época, meio sem pretensão mesmo, no estilo: “ouve aí o que estamos fazendo”.
Rafael: Após o lançamento do EP, não era pretensão ainda entrar em tour e começou a pintar convite, por conta do que saía nos blogues, lançamos em janeiro… E no final de janeiro, fevereiro, já estávamos tocando. Não era nossa intenção inicial, mas acabou se tornando o nosso foco de divulgação no começo, a internet.
E em 2011?
Rafael: 2011 foi o ano que focamos no álbum, 2010 sentimos a repercussão do EP e a gente viu que podia fazer virar ainda mais, do que se tivesse apenas o tempo após o trabalho para se dedicar. Então a gente largou (emprego), e fez uma pré-produção inteira do álbum.
Fernando: 2011 então foi o ano de gravação, mixagem e alguns shows esporádicos, que era legal pra sacar qual seria a pegada do álbum, a gente tinha idéia que surgiam de coisas e que poderiam ser adicionadas no álbum.
E sobre o álbum que vocês gravaram em 2011, o produtor foi o Roger Paul Manson, como foi trabalhar com o cara? O quanto disso foi um trabalho remoto?
Rafael: Logo após o lançamento do EP, fizemos uma mini-tour em Nova York e aí a gente precisava de alguém lá pra apoiar divulgação e etc, e conhecíamos ele pelo Holger, que já tinha trabalhado com ele, então o primeiro contato foi no sentido de nos ajudar a divulgar os shows e nisso ficou o contato, ele curtiu o som. Então, teve um trabalho no final do ano, que era pra uma coletânea do Rock’n’Beats, de cover do Paul McCartney e como já tínhamos trabalhado com produção própria no EP, resolvemos trabalhar com algo novo nessa música e chamamos ele, o trabalho rolou. Gostamos do resultado. Como a música fluiu e tivemos a idéia de solicitar ele para o álbum. Então a pré-produção foi remota, tínhamos a idéia, fechávamos a composição e enviávamos pela internet, ele ouvia e devolvia algumas coisas novas, sugestões onde a podíamos melhorar, juntou quase os finais das músicas e fomos para lá, mais presencial, os ensaios junto com ele, pra fechar todas as músicas juntos.
Fernando: E o essencial era gravar em fita, em um estúdio, indicado por ele lá no Brooklyn, aí fizemos as contas e vimos que iria valer a pena a experiência de gravar lá fora, depois disso ele ficou um mês com a gente aqui no Brasil, fazendo a pós-produção e gravando coisa em um sítio perto de São Paulo, então foi uma experiência foda, a gente ficou em contato com ele ao longo de um ano, vai mix pra lá e volta. A gente mixou o álbum aqui e masterizou em Nova York.
Rafael: Os dois meses mais intensos, trabalho de criação, que a gente precisava dele, foi tudo presencial. Remoto foi mais na pré e na pós.
E sobre os videoclipes da banda. Qual foi o primeiro?
Fernando: “Homesick”, lançamos em junho de 2010.
Isso do EP né. E do álbum de estreia?
Fernando: Do álbum “Stop Waiting (For Me Now)“, que lançamos antes do disco, e já conseguimos algo tipo 25.000 views, então a gente se animou em fazer mais videoclipe deste disco, e hoje, a gente achou uma situação ideal, um local que fica próximo ao público da banda e queríamos passar essa idéia, o clipe é para a faixa “Unrest“.
Tem data pra lançar o videoclipe de “Unrest”?
Fernando: Não ainda não, vamos começar a gravar outro, estamos em uma pegada de fazer vários. A gente gravou nosso show de lançamento inteiro na Vila Mariana. E temos vontade de lançar este material. E, mais pra frente, um show acústico pra fazer em teatro.
E curtiram fazer esse show de gravação do clipe perto do público, local pequeno?
Fernando: Gostamos muito da gravação, especialmente pela proximidade com o público, essa era a intenção principal. O espaço que escolhemos é muito agradável, nos sentimos bem à vontade para gravar o material.
O vídeo será gravado em duas etapas? Além das cenas de hoje, ao vivo, no Espaço Cultural Walden? Sobre isso, comentem também qual é a idéia do vídeo?
Fernando: Não sabemos ainda se gravaremos cenas adicionais em outra locação, mas a idéia é manter a energia da experiência ao vivo. Tentamos sempre mudar cada show, mudar o set, inserir um cover às vezes, isso torna as apresentações mais naturais, sem um script a ser seguido.
Quem é o diretor responsável pelo clipe, como surgiu o contato?
Fernando: Para a filmagem deste material convidamos o Zelino, guitarrista do Cabana Café, que já dirigiu clipes de sua própria banda e de outras que acompanhamos. Já conhecíamos o Zé pessoalmente e depois admiramos ainda mais seu trabalho com vídeos, então não tínhamos dúvida que o resultado seria acima das expectativas.
Sobre o clipe mesmo não havendo uma definição de data, a previsão de lançamento é para quando?
Fernando: Queremos lançar o clipe até o final de junho, mas estamos correndo com diversos materiais novos e isso talvez nos atrase um pouco.
Vocês comentaram sobre gravar mais clipes de músicas do disco atual de trabalho, existe uma definição desta sequência?
Fernando: Ainda não sabemos quais músicas do álbum terão clipe, isso dependerá das difíceis variáveis tempo X dinheiro. Temos algumas em mente e queremos gravar em breve mais um clipe, mas nada definido por enquanto.
A banda tem uma sonoridade bem anos 90, garage, reverb, fuzz, som sujo, como veio a inspiração do som, fala um pouco de onde surgiu isso?
Anderson: Os três sempre ouviram isso, essa pegada mais guitarra, mais anos 90 e na verdade as influências são várias, a gente quebra a cabeça, quando pensamos sobre o conceito do álbum, porque era tanta influência e daí em estúdio e nos ensaios chegamos neste nosso ideal, que é o som do Single Parents mesmo, que é uma pegada mais guitarra, reverb, nem tão shoegaze e nem tão Nirvana, a gente tentou misturar um pouco de tudo que a gente gosta.
E um pouco dos três, nome de bandas que influenciaram?
Fernando: Ride, Yuck e Dinosaur Jr, são três bandas fodas.
Rafael: A gente ouve muita coisa igual, mas tem isso e mais: Nirvana, Pavement, Sonic Youth. Toda essa leva. Na verdade, é um negócio que a gente sempre ouviu, tinha coisa que tava até empoeirada, mas a gente resolveu resgatar pra ajudar na direção do álbum. Tinha até uma música que a gente fez e quando você começa a fazer uma música, você dá um apelidinho besta pra ela, então tinha uma que chamava “Bellic” de Belle and Sebastian, e não tem nada de Belle and Sebastian no álbum, mas era uma idéia legal e a gente precisava adaptar isso, dar uma direção e encaixar no álbum, então era mais essa leva de coisas que a gente ouvia para direcionar.
Fernando: Até pouco tempo atrás fazíamos um cover de Echo and the Bunnymen, que também é uma puta influência nossa dos anos 80.
Anderson: Smashing Pumpkinks, Sebbadoh a gente ouvia pra caramba…
Rafael: Guided by Voices.
Anderson: Também.
Fernando: Fomos convidados pra fazer um show de uma festa chamada “Invasão 90”, que era um blog do Anderson com um pessoal de bandas amigas nossa e alí foi legal porque foi na época da gravação do álbum, e foi legal pra sacar o que funcionaria, então tocamos: Blur, Supergrass, Oasis, tinha também muito britrock, muito dos anos 90.
Anderson: Resolvemos fazer uma seleção que não tinha ninguém tocando por aí, foram umas 10 músicas, bem legal.
Só coisa boa! E pra fechar: quais os próximos passos?
Rafael: Temos clipes para lançar, viagem pelo Brasil para divulgação do álbum, produção de shows e artistas pelo nosso selo Balaclava Records, gravação de um EP acústico, lançar a parte 2 do nosso EP de B-Sides do disco, bom… muita coisa por vir!
Ouça a discografia dos caras:
Could You Explain? (EP) (2010)
Unrest (LP) (2012)
Unrest Pt.1 (EP) (B-Sides) (2012)
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