Bizarro é aquilo que se mostra extravagante, excêntrico ou esquisito frente ao que se considera comum, usual, ou seja, bizarro é algo que foge da normalidade e instaura algo diferente, novo. O tempo tem mostrado que sonoridades consideradas esquisitas foram marcos de ruptura cultural e começo de uma nova fase. Foi assim com Sargeant Pepper’s Lonely Hearts Club Band estranhíssimo em 1967, com Trans Europe Express do Kraftwerk nos primórdios da música eletrônica ou com Ok Computer do Radiohead, mais recentemente. Então, até que ponto a esquisitice pode gerar apreciação sonora? Como saber quando o som transpõe a barreira do estranho e dita algo novo? São questionamentos suscitados após a audição de The Money Store do Death Grips, um álbum inovador, sem dúvida, mas muito, muito bizarro.
O Death Grips é um trio californiano de Sacramento formado por Zach Hill (baterista da banda Hella), MC Ride nos vocais e Flatlander, eles são responsáveis por um hip hop puxado no dubstep meio punk cravado de sintetizadores, resultando em faixas agressivas, selvagens e sombrias, com vocais ríspidos, métrica irregular e gravação frequentemente saturada. Entretanto, todos esses rótulos são inúteis, é inviável descrever o som dos caras. Veja por você mesmo:
The Money Store foi ovacionado pela mídia especializada levando nota máxima pela Drowned In Sound, BBC e The Skinny; a Clash, Pretty Much Amazing e Beats Per Minute deram nota nove e a Pithfork deu 8,7. Deixando os números de lado, o álbum apresenta um som caótico, apocalíptico com faixas cruas cheias de graves pulsantes e sintetizadores afiados. Violência é a ideia mais evocada pelo álbum, imagens explosivas, batidas de carro e confronto são imagens que surgem na mente quando a cacofonia corrosiva e fragmentada se desenrola.
O Death Grips vai muito além de seus contemporâneos Odd Future, A$AP Rocky e Azealia Banks, tocando um rap hiper realista que se posiciona contra a sociedade de consumo e o sistema estabelecido de forma enérgica e abrasiva. Será o estabelecimento de um novo paradigma? Ouça o cd abaixo e opine se The Money Store é realmente tudo isso.
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