E chegamos ao final de mais um ano de muita música. 2013 foi definitivamente um grande ano para a música, sem ficar no muro, sem ressalvas foi um senhor ano em termos de lançamentos.
O ano que os medalhões se reafirmaram, não apenas pela fama, mas entregando qualidade próxima daquela que lhes deu a fama em outra época.
A eleição foi complicada e selecionamos pelo menos 80 discos que poderíamos atribuir uma nota superior ou igual a 7.5. Muitas substituições poderiam ser elencadas nessa lista, sem que a mesma perdesse a qualidade.
O primeiro disco representa o mais próximo da perfeição. O segundo lugar indica ruptura. E o terceiro indica o retorno de uma das bandas mais inventivas da história da música. O quarto lugar significa retorno e também ruptura. O quinto lugar significa criatividade, a união do prolixo e o imediato, provando mais uma vez que não existe explicação fácil quando falamos de música, não existe fórmula pronta ou uma única maneira de caminhar pelas diversas estradas.
Esse é o pior ano dos brasileiros na lista de álbuns. Apenas 2 discos entraram na lista. Ainda pondero a qualidade, mas acredito fortemente que o fenômeno se deu pelo fato dos internacionais terem lançado discos impiedosos. Algumas bandas ficaram entre as 80 dignas de figurarem nessa lista, como: Herod, Wado, Loomer, Emicida, Boogarins, The Sorry Shop e Apanhador Só. Assim como Arcade Fire ficou de fora da lista (merecido na verdade), e Vampire Weekend (mais merecido ainda), e menos merecido: Bill Callahan, Run The Jewels, Baths, Paul McCartney, Veronica Falls, Sigur Rós, Black Sabbath, Wavves, of Montreal e Primal Scream.
Eu disse que não foi fácil. Até 2014!
50. Wampire – Curiosity
Curiosity é o bom álbum de estreia do duo Wampire de Portland, lançado via Polyvinyl. O single carro-chefe do disco ”The Hearse”, já mostrava um clima interessante e nostálgico para o som. Fortemente apoiado nos sintetizadores e na experimentação dos ritmos, esse viés de exploração em plataforma pop, já é denunciado no título do disco. Como peças de um quebra-cabeças montado aos poucos, cada idéia nova pro som parece encaixada sem pressa, as faixas mudam razoavelmente entre si. Um baixo mais obscuro aqui, camada de sintetizador, saturação, uma guitarra mais distorcida ali, outra com linha fina limpa e melódica, vocal arrastado, não existe uma regra específica de dinâmica do duo, as músicas parecem costuradas até se chegar em um produto final. Vocais simetricamente moldados e lapidados para encaixar no arranjo e não para fazer algum sentido poético, novamente em uma plataforma pop, extremamente acessível e com ganchos imediatos para os novos ouvidos.
O disco foi produzido pelo baixista do Unknown Mortal Orchestra, é difícil definir gêneros, mas é definitivamente da mesma nova linhagem em 2013 de Foxygen e Unknown Mortal Orchestra. Um pouco de psicodelia, um pouco obscuro, um pouco grooveado e sexy, um pouco sujo e descabido, colher experimental, base pop, dentro de uma colmeia retrô.
49. Queens Of The Stone Age – …Like Clockwork
48. Jagwar Ma – Howlin
Canções contagiantes, misturando rock alternativo, dance music e pop, o som é uma infusão de nostalgia pela atmosfera retrô; psicodelia nos efeitos, nos timbres, nos ritmos; batidas e loops dançantes; vocais chapados. Boa parte dessa mistura são os mesmos ingredientes de bandas que emergiram na cena Madchester e no gênero baggy do final dos anos 80, como por exemplo: Happy Mondays, The Stone Roses e The Charlatans.
47. CHVRCHES – The Bones of What You Believe
O maior desafio de bandas que se aventuram no synthpop é criar música que não seja descartável, que dure ao longo do tempo, já que a dinâmica é aquela de composições grudentas, mas que logo enjoam ou simplesmente são substituídas pela próxima música da estação, com a farta oferta que o gênero oferece. Mesmo ainda acreditando no caráter breve do álbum, o trio escocês mostrou um trabalho bastante sóbrio ao passo que contagiante é o terreno primário da banda. A banda se destaca ao encontrar algumas alternativas (clima e atmosfera variadas) mais criativas para durar na playlist do ouvinte.
46. Audac – AUDAC
A banda curitibana entregou um disco bem equilibrado em sua estreia, organizado como um quarteto de rock tradicional, com uma seção rítmica vigorosa, é na adição de elementos que a banda se destaca com mais clareza. Vocais celestiais, em alguns momentos divididos, sintetizadores, efeitos de guitarra, aliás na guitarra fica o coração da banda, as desconstruções do esqueminha de acordes em ruídos sônicos e fraseados retorcidos, são estas as camadas que diferenciam o som do Audac no cenário nacional, com uma sonoridade bastante atual dentro do cenário internacional. Uma das queixas que eu tenho com a música nacional, é sempre o fato de estarmos um passo atrás do que está rolando lá fora. Tentamos compensar nossa defasagem técnica, tecnológica e ideológica com regionalidade e “personalidade “, o resultado é sempre mais do mesmo. No caso do Audac isso não ocorre, em resumo, uma banda que poderia rodar o mundo, pois soa atual e tem qualidade, sem se preocupar em mostrar o passaporte brasileiro em cada compasso tocado.
45. Joanna Gruesome – Weird Sister
Pode acrescentar mais uma banda galesa para a conta das melhores do mundo. No disco de estreia de Joanna Gruesome a combinação de vocais comuns ao indie pop + instrumental do noise, a fórmula é absurdamente bem colocada, em composições que inevitavelmente jogam com a excitação, euforia e visceralidade. Melodias em meio aos ruídos e efeitos, mas sem devoção a nada, as linhas simples são influências do punk e do riotgrrl e que estão denunciados até em título de música, não precisa ser nenhum gênio pra sacar como eles transitam todos esses elementos com uma facilidade digna de uma excitante estreia, coisa de quem não sabe o que está fazendo, por isso faz melhor, um Veronica Falls depois dos hálteres. É um disco pra ser comemorado extensivamente, principalmente para qualquer ser humano cansado das sonoridades etéreas e passivas.
O Manic Street Preachers deve lançar dois álbuns em curto espaço de tempo, o primeiro Rewind the Film foi lançado na segunda metade deste ano, e teve orientação mais acústica e gentil por natureza, como o título sugere, claramente algo mais introspectivo e nostálgico sobre os anos que se passaram. Já o próximo álbum, ainda sem detalhes revelados deve ser mais agitado e com muito mais guitarras e deve vir em algum ponto de 2014.
Rewind the Film é um disco muito bonito, maduro e sincero. Um atestado sobre envelhecer graciosamente. É impossível ouvir e não ser tomado por bons sentimentos, de calmaria, amor, saudade e contemplação. A faixa-título conta com a participação de Richard Hawley.
36. Night Beds – Country Sleep
Esse álbum ficou fora do radar por aí. Pode confiar em nossa opinião, será um dos melhores discos que você irá escutar, se ainda tiver tempo em 2013, ou 2014. É o disco de estreia de Winston Yellen, um jovem de 23 anos e foi gravado em Nashville, EUA. Mais um compositor com melodias contagiantes, produção limpa, introspectiva, mas que tem os seus momentos de expansão, evitando assim que alguns ouvintes se sintam entediados. É o segredo da música pop (música pop inteligente), funciona para a maioria.
35. Kurt Vile – Wakin on a Pretty Daze
Em seu quinto álbum solo, Kurt Vile demonstra que está bem atento e desperto por trás da espessa camada de cabelo que recobre seu rosto. Walking On a Pretty Daze traz a mistura de classic rock e folk, imersos em doses de lo-fi e psicodelia, produzidas com bastante qualidade em melodias e arranjos bem lapidados.
Com a sabedoria adquirida de quem envelhece, Vile cria um álbum sereno, caloroso, expansivo e ao mesmo tempo claro e pungente. Não há pressa aqui, as canções longas e com melodias continuas vão se sucedendo, como se fossem uma só, sem serem fatigantes ou monótonas. “Take your time, so they say, and that’s probably the best way to be.”
Às vezes precisamos de um descanso das angústias do mundo caótico e barulhento que nos sufoca em nossos cotidianos e cada um possui um meio de alcançar tal objetivo. Kurt Vile o fez, nos presenteando com um excelente disco.”I might be adrift but I’m still alert/ Concentrate my hurt into a gold tone.”
Nepenthe é mais um registro de paisagens sonoras / experimentalismo * arte e uma fuga da realidade recomendadíssima, para ouvir com fones e fechar os olhos por 41 minutos. O álbum é quase medicinal como bem apontou à NPR. A gravação aconteceu na Islândia e teve a participação de Alex Somers do duo Jónsi & Alex e o grupo Múm. Discão.
33. Marcelo Jeneci – De Graça
Produção caprichada, assinada por Kassin e co-produzido por Adriano Cintra, De graça é um álbum cheio de alternativas, maximalista. “Tudo bem, Tanto Faz” é um pequeno clássico moderno. “De Graça”, o primeiro single lançado já denunciava uma letra marcante, em meio a melodia pop imediata e grooveada. O disco inspira confiança, não se amarra na velha bocejante MPB, traça o seu próprio caminho, essencialmente pop, as influências são diversas e confluem naturalmente. Não tem medo de soar contemporâneo e reivindicar sua posição no mundo, não fecha as bordas nacionalistas, tampouco se entrega tediosamente as regionalidades. É um álbum maduro, o segundo de carreira do Jeneci, e também o segundo grande acerto, o que nos deixa com a certeza que estamos tratando aqui de um dos grandes nomes da atual geração.
32. Speedy Ortiz – Major Arcana
No LP de entrada do Speedy Ortiz, o disco Major Arcana, a personalidade vocal é o primeiro elo com a banda, a primeira identidade. A vocalista Sadie Dupuis, tem uma forma bem particular de cantar, um vértice na relação melódica x interpretativa das letras, isso se traduz em gaguejadas, sussuros, confiança, velocidade, drama e doçura melódica na hora dela. O vocal faz dobradinhas bem interessantes com a guitarra, quebram juntos diversas vezes, mais um elo.
Outro ponto que me marca são os fraseados. E isso a guitarra principal do Speedy Ortiz faz muito bem, equilibra feeling x técnica, comunica com personalidade própria, transmite confiança e emoção. O revivalismo dos anos 90 é evidente. A vocalista Sadie Dupuis nos disse, esse ano, em entrevista, sobre as inevitáveis comparações:
“99% do tempo nós não usamos nenhum reverb em nada, e as nossas gravações estão alinhadas com o nosso som ao vivo, que é pesado e distorcido.Por qualquer que seja a razão que isso traga a memória dos anos 90 em muita gente, que parecem ter esquecido que agressividade, rock angular existia muito antes e depois do grunge.”
A música “No Below” é uma das melhores deste ano, a letra é sensacional.
31. Tedeschi Trucks Band – Made Up Mind
O disco sucessor de Revelator mostra uma banda de 11 ótimas peças bem entrosadas. Made Up Mind soa como um álbum de banda veterana, apesar da formação atual datar de 2010. O disco é redondo, os ritmos são deliciosos, a guitarra de Derek Trucks é flamejante e safada, os solos são rebolativos. A voz de Susan Tedeschi é macia como algodão do Alabama. A inserção dos metais são uma lição de como devem ser usados com inteligência. Rock, blues, R&B e um toque de jazz, sonzeira de raiz norte-americana, climão e amor imediato.
30. Foals – Holy Fire
Ainda que o Foals seja uma banda com um som um tanto dançante, Holy Fire mostra uma banda que vai além das fórmulas indie de músicas feitas pra pista. As linhas de baixo se aprimoraram muito nesse disco, justamente por trazer uma simplicidade necessária pra não perder o groove. Até porque que as guitarras, mesmo com a presença dos inconfundíveis riffs agudos, tomaram total liberdade pra ir longe e se desenvolver bem experimentais.
Cheia de partes etéreas e viajantes com climas criados por sintetizadores muito bem pensados (que vão ser bem presentes em “Late Night” e “Moon”), a banda agora se permite abusar de riffs de guitarra bem mais pesados e que não estavam presentes no trabalho deles até então – como se vê em “Inhaler” e “Providence”. A banda é competente desde o primeiro trabalho lançado, o Planeta Terra de 2008, não nos deixou dúvida quanto a isso. Então não é exatamente uma surpresa que o Foals tenha nos surpreendido positivamente, mais uma vez.
29. HAIM – Days are Gone
Considerada por muitos, a grande estreia do ano. O HAIM tocou em praticamente todos os grandes festivais deste ano, estampou revistas, apareceu no David Letterman e SNL. O trio de irmãs chegou ao estrelato através de bons singles que foram adicionados ao álbum posteriormente. Com personalidades distintas, bastante energia no palco e domínio de múltiplos instrumentos, as garotas mostraram no disco de estreia que as melhores músicas foram aquelas que já eram conheciadas previamente, como “Falling”, “Forever”, “Don’t Save Me” e “The Wire” mas nem por isso as surpresas decepcionaram. Apenas ficaram para trás do que já era conhecido, diminuindo assim a experiência com o disco. Mas, com folga, uma das marcas de 2013. Days Are Gone é aquele tipo raro de álbum que consegue agradar dos mais modernos aos mais nostálgicos, e confirma mais uma vez que ainda há salvação para a música pop.
28. Cut Copy – Free Your Mind
Cut Copy se volta inteiramente ao eletrônico. Não esperávamos dizer isso, mas nos agrada e muito a direção que eles tomaram. Um dos grandes álbuns do ano, dentro do gênero.
27. Darkside – Psychic
O álbum cava fundo em influências retrô para apresentar novas alternativas dentro da música dançante inteligente (e introspectiva). Aliás essa tônica não foi exclusiva do Darkside e tampouco da IDM. A fusão de Nicolas Jaar e Dave Harrington é bem-sucedida do começo ao fim, transe mandatório, sem recorrer com frequência aos elementos clássicos minimalistas e de repetição, pontos comuns ao gênero. As alternativas parecem construídas meticulosamente, em uma forma expansiva de fazer música introspectiva, e ainda dançante.
26. Julia Holter – Loud City Song
<3<3<3<3<3
Músicas que fizeram o disco chegar lá: “Maxim’s I”, “Hello Stranger”, “In the Green Wild”.
25. Hookworms – Pearl Mystic
SUBLIME.
24. Superchunk – I Hate Music
Superchunk voltou quente, esse é o segundo disco da banda desde o hiato de 9 anos. E I Hate Music é ainda melhor que o anterior. Não tem muito o que procurar por aqui é música simples, cheia de energia e que funciona incrivelmente sem enjoar ou perder a força ao longo de toda a sua execução.
23. Arctic Monkeys – AM
22. David Bowie – The Next Day
O disco é um registro consistente na carreira de uma lenda da música e veio dentro de uma época onde alguns veteranos estão lançando discos realmente relevantes dentro da discografia. Um Bowie classudo, rock’n’roll clássico (incluindo as duas baladas do disco), sem perder a sensação de novidade e a sensação de registro único. Guitarras puxadas, baixo vigoroso, bateria intercalando o papel de destaque com as cordas. E o vocal de Bowie como regente dos ups and downs, o próximo passo, a próxima virada, a curva anunciada. E os backing vocals absolutamente harmonizados apenas engradecem o resultado final. A representatividade desse disco é certamente muito maior que a posição dele nessa lista. Mas afinal, encontrar ídolos de outros tempos (todos os tempos) fazendo presença entre os melhores do presente, é algo que só engrandece a coisa toda.
21. Unknown Mortal Orchestra – II
“Swim and Sleep (Like a Shark)” e “So Good at Being in Trouble” estão entre as músicas do ano. O álbum é próximo de perfeito até a faixa 4 e depois, gradativamente, perde o vigor do começo (exceção em “Monki”). Mas é inteiramente carregado de boa vibe psicodélica e distorções retrô all over the place, incluindo vocal. O baixo tem uma profundidade e groove que dá o balanço do disco. Essencialmente de calmaria. Viagem cósmica garantida.
20. Franz Ferdinand – Right Thoughts, Right Words, Right Action
Nesse mundo do indie rock dos jovens, desse indie rock que nasceu nos 00, Franz Ferdinand continua provando um disco atrás do outro que é a melhor opção. Nunca ouvimos um disco ruim. E este é de um alto nível maluco. Alex Kapranos e cia. conhecem a fórmula de lançar álbuns imediatos, dançantes, roqueiros e acessíveis, porém mantendo certo grau de requinte, coisa fácil de se perder quando esses atributos estão envolvidos. A magia do Franz é saber equilibrar essas forças criando músicas boas para gostos variados. O ponto de evolução neste disco é a grandiosidade da produção que aparece ainda mais expansiva e meticulosa, porém sem grandes reinvenções na sonoridade da banda. Uma banda atrás da perfeição dentro do seu próprio espaço.
19. Foxygen – We Are The 21st Century Ambassadors Of Peace And Magic
A capa e o título – We Are The 21st Century Ambassadors Of Peace And Magic – já remete a principal influência do álbum: a psychedelia. Mas este é o norte, a coisa não para por aí. O disco apresenta influência dos começo dos anos 60 do pop praticado na costa oeste, essecialmente influências pré e durante a grande viagem do ácido no final dos anos 60. A maior proeza do disco é a capacidade de fazer reviravoltas na estrutura do som e como essas transições acontecem, de levar da mansidão de baladas pop com tempero surf, até a excitação instrumental e distorções caducas que remetem ao protopunk. As letras são um caso a parte, a escrita de Sam France é carregada de alma e ironia. Frases bem sacadas em atmosfera para regozijar sua alma. Foi um dos discos que mais tocou na casa do 505 Indie este ano. Perdeu um pouquinho da força na reta final. Mas o 505 Indie estará com 50 anos em 2032, e se lembrará deste disco, quando a música de 2013 for pauta da conversa. Certo que sim.
Músicas que fizeram o disco chegar lá: “No Destruction”, “San Francisco”, “In The Darkness” e “We Are the 21st Century Ambassadors of Peace & Magic”.
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18. Savages – Silence Yourself
17. Yo La Tengo – Fade
16. The National – Trouble Will Find Me
O grande ganho é o ambiente nostálgico que ele consegue trazer para quem o escuta, principalmente na primeira vez. Você escuta um velho National, mas sabe que há algo de novo ali. Belo disco que soará por tempos nos seus ouvidos.
15. Deerhunter – Monomania
14. John Grant – Pale Green Ghosts
13. Daughter – If You Leave
12. Washed Out – Paracosm
11. Cage the Elephant – Melophobia
10. Kanye West – Yeezus
09. Polvo – Siberia
08. John Murry – The Graceless Age
The Graceless Age é daqueles discos que você coloca e se imagina numa cena bonita e ao mesmo tempo triste de um filme do Malick. Tem uma das músicas mais lindas de 2013, “Little Colored Ballons”. Há uma entrevista dele na Uncut que tem uma das definições mais simples, bonitas e sinceras sobre o que é viver e o que é estar feliz: “You have to live and feel and hurt and love and hate and stop and start and give of the blood you’re given. Happiness, as a constant, is fraudulent. It’s delusional.” Esta entrevista tem todo o bardo de um músico, da maneira como ele se porta em todo o processo criativo dele. O disco foi escrito descrevendo emoções profundas, é autobiográfico narra majoritariamente o abuso de drogas, as experiências são intensas, a narrativa é certeira e as melodias são brilhantes. O disco teve o seu primeiro release em 2012, apenas no Reino Unido. Porém este ano ele foi lançado em outros países do mundo, incluindo em nossas mãos e ouvidos. Aclamação que não poderia passar batida.
Músicas que fizeram o disco chegar lá: “Little Colored Balloons”, “California”, “Things We Lost In The Fire”, “The Ballad Of The Pajama Kid”.
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07. FUZZ – FUZZ
06. Volcano Choir – Repave
05. The Knife – Shaking The Habitual
04. Daft Punk – Random Access Memories
A proposta do disco fica clara com a faixa de abertura “Give Life Back To Music”, totalmente funky com as guitarras de Nile Rodgers e Paul Jackson Jr. “The Game of Love” surge lenta e melancólica com uma melodia deliciosa no melhor estilo “Something About Us”. A melhor música do disco, “Giorgio by Moroder”, começa como um tipo de documentário e vai se conformando à medida que Giorgio vai contando a história de sua vida e de como começou a fazer musica. Tem até um samba/jazz no meio, algo nunca ouvido antes. “Within”e “Touch” são fracas, sem apelo, totalmente esquecíveis. “Lose Yourself to Dance” surge com os vocais de Pharrell Williams e a guitarra de Rodgers constituindo, juntamente com “Get Lucky“, a parte pop radiofônica do disco. “Beyond”seguida por “Motherbord” desaceleram o ritmo em melodias atmosféricas e melancólicas de grande qualidade.“Fragments of Time” com Todd Edwards é divertida com seu refrão grudento. “Doin’ It Right” é outro ponto alto do disco em que a participação de Panda Bear é bastante positiva. O álbum decola para o final com “Contact” que começa com a fala de um astronauta seguido por uma melodia frenética em que a bateria brutal injeta adrenalina. O disco chega ao fim.
George Santayana dizia que aqueles que não conseguem lembrar o passado estão condenados a repeti-lo. Thomas Bangalter e Guy-Manuel de Homem-Christo provaram que aprenderam essa lição ao lançar um álbum que remete ao passado, à memória e ainda assim soa como algo novo e atual.
03. My Bloody Valentine – m b v
02. Deafheaven – Sunbather
Talvez o disco de maior polêmica do ano. A turma conservadora do metal dificilmente muda, sem abrir a cabeça para outros estilos. Ainda mais quando garotos de cabelos bem aparados vem se meter em território deles, lançar um disco de capa cor-de-rosa, intitulado “banhista” e ter aclamação de todos os veículos fomentadores do hype. Mas é preciso reconhecer um grande disco, quando se ouve um, independente destes outros fatores exógenos, e que no final só corroboram com a certeza que Sunbather é um disco de ruptura. Sonoramente Sunbather mistura elementos de black metal, post rock e shoegaze, o álbum transpira emoção através do caos sonoro e ressonância, as faixas foram criadas e posicionadas de maneira coerente e singular. As reviravoltas sonoras é um outro ponto forte em Sunbather, assim como a montanha-russa e ao contrário de muita coisa de gênero extremo, onde a armadilha da previsibilidade se torna uma constante. O disco soa como sendo a frente do seu tempo e como carro abre-alas para um híbrido de um gênero que tem muito a oferecer tanto em emoções íntimas quanto em exteriores, só não fez mais e antes por se prender nas correntes do puritanismo. A bola foi rolada para frente.
01. Nick Cave and the Bad Seeds – Push the Sky Away
Esse disco e o resto. Um dos melhores discos da extensa carreira de Nick Cave aconteceu este ano. O melhor é enxergar o artista empurrando os limites do próprio trabalho, ainda não satisfeito com o que alcançou, depois de muito alcançar. Conte a discografia do Grinderman, o livro A Morte de Bunny Munro e Dig, Lazarus, Dig!!! – o disco anterior – Nick Cave vem provando, nos últimos anos, fazer o seu trabalho com a inquietação de um novato e o conhecimento/sabedoria da idade que lhe cabe. Em Push the Sky Away, ele mexe em terreno que conhece muito bem, mas de uma forma completamente diferente e profunda. Nick Cave chegou ao pré-sal de sua própria carreira. Como ele disse ao SF Weekly: “Eu queria escrever música que fosse mais tranquila e mais atmosférica, mas eu queria ficar longe da clássica balada Nick Cave. Então, isso significa ficar longe da idéia de verso / refrão na composição, o que é um grande passo para mim.” O produto bruto de refino irretocável, o show é algo sublime, está certamente entre os 5 maiores atos vivos, AO VIVO, da atualidade. Continue se reinventando senhor Cave, acompanhado de Warren Ellis e todo o Bad Seeds, as jazidas parecem tão limpas e de qualidade quanto o extraído por aqui e nestes últimos anos.
Músicas que fizeram o disco chegar lá: TODAS.
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