O Grammy 2016 acertou em alguns pontos e errou em outros tantos, como sempre. Perdeu a chance de reconhecer “Alright”, de Kendrick Lamar, o hino que marcou os protestos nos EUA em 2015. A música das ruas. Preferiu ignorar Ferguson. Tudo isto, por Ed Sheeran e a sua música inofensiva, transparente, completamente esquecível.
Mas, reclamar do Grammy por privilegiar grandes vendedores de discos, é chover no molhado. Sempre funcionou assim. De vez em quando, tem um ponto fora da curva, como Beck destronando Beyoncé, no ano passado.
Lamar finalmente conseguiu vencer como melhor álbum de Rap (depois de perder em 2013 para aquela bomba do Macklemore & Ryan Lewis). Todas as vitórias de Lamar, em 2016, ficaram restritas ao Rap. Desta forma, mesmo com alguns Grammys no bolso, o rapper constrói um mito DiCapriano, sendo necessário criar obras pitorescas, de qualidade muito superior aos concorrentes, para, de fato, conseguir ganhar alguma coisa.
O prêmio de melhor álbum do ano escorregou para a mão de Taylor Swift, com 1989, desbancando Kendrick, com seu pop alegre, contagiante e tão inofensivo quanto Ed Sheeran.
Em discurso, Taylor fez referência a Kanye West: “Haverá pessoas ao longo do caminho que vão tentar minar seu sucesso, ou levar o crédito por suas realizações ou fama.”
E, novamente, essa conversa fiada de sucesso e fama. Quem tem o melhor discurso não levou, infelizmente.
Tori Kelly não pareceu muito impressionada com o discurso de Taylor Swift também.
Bruno Mars, candidato a maior anão do pop, sucedendo o inigualável Prince, levou todas as categorias de melhor música pela participação em “Uptown Funk”, que pertence ao Mark Ronson.
GRANDE LIONEL.
Nas categorias de Rock, Alabama Shakes papou quase tudo (incluindo melhor álbum Alternativo – 4 prêmios ao todo), exceto melhor álbum de Rock, que ficou com Drones, do Muse (!!!). Jack U papou as categorias de eletrônico. The Weeknd e D’Angelo dividiram as categorias de R&B e Urbano Contemporâneo. Reconheceram Black Messiah, de D’Angelo, como melhor álbum de R&B. Excelente escolha. Grammy é isso, 99% mercadológico, mas aquele 1% arte.
No site oficial, você vê em detalhes todos os vencedores. Chega de papo, vamos ao que interessa: as apresentações! Selecionamos algumas delas.
1- Kendrick Lamar humilhou. Apresentação visceral, mensagem urgente. Uma performance para a história.
2- Lady Gaga é a representação do glam moderno que enveredou-se pelo pop. Um ser amorfo, talvez espacial, como Ziggy. A escolha foi excelente. Extravagante, grandiosa e perfeccionista, tal como Bowie, ela deixou sua marca em pouco mais de 6 minutos, onde encaixou 10 grandes sucessos das principais fases de David: “Space Oddity,” “Changes,” “Ziggy Stardust,” “Suffragette City,” “Rebel, Rebel,” “Fashion,” “Fame,” “Let’s Dance,” e “Heroes,” além de trechinho do baixo de “Under Pressure”. Ainda contou com a participação do co-produtor de Let’s Dance, o mito do Chic e amigo de Bowie, Nile Rodgers.
3- Alabama Shakes tocou a sua premiada faixa “Dont Wanna Fight”
4- Membros do Eagles prestam homenagem ao membro falecido Glenn Frey
5- Vixe
Justin Bieber começou tocando um violão safado, com cara de quem precisava abrir o cifra club pra não esquecer o acorde, incluindo a posição dos dedinhos. E depois partiu pra uma suruba sonora, envolvendo mellotron, Diplo Timbalada, Skrillex Guitarreiro, mina do violino e até o atual BATERISTA do Queens of the Stone Age e antigo baterista do Mars Volta. Ou seja, de nenhuma informação, para muita informação. Maior doideira isso.
Teve Adele também que, fora uma ou outra desafinada, foi aquela coisa de sempre, ela parada como pedra, cantando aquelas músicas de sempre. Como Forastieri disse no twitter: “Adele, a Aretha dos invertebrados.”
You might also like
More from Notícias
Confira os horários e palcos do Lollapalooza Brasil 2020!
Saaaaiuuu os horários e os palcos das atrações do Lollapalooza Brasil 2020 que acontece entre os dias 03 a 05 de …
Lollapalooza Brasil 2020: Ingressos no penúltimo lote, o novo #LollaDouble e as atrações das Lolla Parties
A semana do carnaval está logo aí mas o 505 te lembra que faltam pouco mais de 40 dias para …
Os melhores discos brasileiros de 2019
Simples e direto. Neste ano, estes foram os melhores discos de 2019 para o 505 Indie. 1 Emicida - AmarElo 2 Jaloo …