No último fim de semana, quem ficou online, pôde conferir a primeira semana do festival Coachella, sendo transmitido direto de Indio, na Califórnia. Nem todos os shows foram mostrados, no entanto, uma parcela considerável foi, através de 3 canais simultâneos. Ficamos o fim de semana inteiro ligado nas transmissões, sapeando entre os canais, com o intuito de ver o maior número possível de atrações e até em alguns casos conhecer nomes. Vida social, cadê?
Entre os 5 nomes que vamos trazer aqui, 4 deles já falamos no site em algum outro momento. A ênfase neste post é a de escolher 5 shows que arrebentaram no Coachella, mas que ainda são pouco ou nada conhecidos aqui no Brasil, bandas que poucos viram e menos ainda comentaram. Parece uma abordagem mais proveitosa do que ficar repercutindo show visto pela internet de banda grande, coisa que todo mundo já conhece, e tem a facilidade de acessar diretamente no youtube, se assim desejar.
5 – Unlocking the Truth
De toda lista, essa é a única banda que não conhecia. Um power trio de pré-adolescentes que tocam um rock pesado, de maneira bem afiada, incluindo presença de palco e postura. Assistir ao show é quase um mind fuck, é tipo ver criança de terno e gravata (parece anão indo trabalhar), mas o mais incrível é a voz potente do garoto para cantar, e que depois quando conversa com a plateia, não parece a mesma pessoa, já que a voz ainda é de uma criança. Nem a voz de ganso, dos anos dourados da bronha, o moleque ainda tem.
4 – GOAT
Esta já é uma “velha” conhecida deste que vos escreve, vi o show há quase um ano e desde então a banda ganhou espaço cativo. A construção toda da banda é inspirada no paganismo nórdico (letras, visuais, referências), e tem forte inclinação rítmica aos batuques tribais, sonoramente é um fusion jazz com incursões ao rock psicodélico, vocalmente falando, me lembra algo do ABBA, e na minha opinião é o ponto que precisa ser melhorado nesta ótima banda.
PS: Ninguém subiu o vídeo da apresentação no Coachella, então vai Glastonbury 2013 no lugar, já que seria injusto tirar a banda da competição depois de assisti-lá, unicamente por não ter um número suficiente de fãs empenhados em subir o vídeo. =)
3 – Bonobo
Produções eletrônicas executadas com todo o suporte de uma banda; e tal como o GOAT, o som não é preguiçoso, ou simplista, rola um acid jazz nas cordas, de linhas complexas, apoio de metais, vocal e todo o ensejo eletrônico downtempo que fecha a fórmula. O mais impressionante aqui é a diferença entre o disco e o show. O que no disco pode ser sinônimo de entediamento, no show certamente é motivo de euforia e curtição sensorial, não digo pelas vantagens óbvias de excitação que um show tem sobre um disco, mas sim porque a banda cresce muito ao vivo, incluindo espaço para improvisações e algo mais irregular de feeling, o resultado é muito mais cheio e humano.
PS: Disponibilidade do vídeo na mesma situação do GOAT
2 – Blood Orange
Dev Hynes talvez seja mais conhecido que Blood Orange, ou Lighspeed Champion? Ou nenhum dos nomes anteriores? Mesmo que a sua opção seja a última, certamente você já ouviu algo que o Blood Orange tenha colocado a mão (por exemplo, “Everything is Embarassing”, da Sky Ferreira ou “Losing You”, da Solange). Seja como produtor, compositor, cantor, instrumentista, remixer, etc. O cara é daquele tipo genial, que consegue trabalhar com uma ampla gama de gêneros musicais, mantendo o alto nível em tudo que faz. O álbum Cupid Deluxe do ano passado é um grande disco e talvez o golpe definitivo da consolidação de Hynes as himself, no caso, Blood Orange. Curiosidade é que a moça que se apresenta com ele é Samantha Urbani, a namorada de longa data e líder do Friends.
1 – Future Islands
O Future Islands alcançou popularidade apenas no quarto disco, Singles, lançado recentemente, após a apresentação da banda no programa de Letterman. O grupo já havia tocado no Brasil em 2011, e na ocasião o grande destaque era justamente a performance exuberante de seu vocalista, que só foi aprimorada de lá para cá. A forma como as músicas são interpretadas (muito mais do que cantadas), ele vende uma verdade, te prende na história e te faz acreditar no som. Isso dá vida ao Future Islands, que sem esse personagem entregaria um synth pop comum, com um ou outro potencial hit. Samuel Herring é um frontman de uma linhagem especial, como não víamos há muito tempo.
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