Alguns mais antenados já devem conhecer essa série, mas para aqueles que não viram ainda, estréia em novembro na FX Brasil a série americana Wilfred.
Estrelada por Elijah Wood e Jason Gann, a série conta a história de Ryan, um ex-advogado importante, que se vê desiludido com a vida e a beira do suicídio, até que sua nova vizinha Jenna pede para que ele cuide de seu cachorro Wilfred enquanto ela vai trabalhar. Mas o que o mundo vê como um cachorro normal, Ryan vê como um homem vestindo uma fantasia e os dois acabam virando amigos (para o bem e para o mal).
Originalmente australiana, a história partiu de Jason Gann (que migrou para a versão americana), Adam Zwar e Tony Rogers, amigos de longa data, como uma piada sobre como a “garota que eles queriam” tinha uma cachorro ciumento que impedia a aproximação. A piada evoluiu para o que um curta-metragem em 2002 e após seu sucesso, um convite para virar um seriado televisivo de 16 episódios (1a temporada, 2007), conquistando diversos prêmios no país.
Diferentemente da original, a versão da FX é um pouco menos “viajada”, mas no bom sentido. Jason Gann e seu sotaque dão a ousadia necessária para o personagem de Wilfred, um cão que ao mesmo tempo é megalomaníaco, viciado em drogas e em certos sentidos até mesmo maquiavélico, mas também é bobo e cai em velhos truques nos quais qualquer animal “normal” cairia.
Já Elijah Wood está extraordinário, talvez por assumir um papel muito mais confortável. Ele não carrega mais o peso de Frodo ou de ser uma estrela de Hollywood, ele é simplesmente Ryan, um homem desiludido mas inteligente e de bom coração, que passa metade dos seus dias fumando maconha e vendo TV, tentando reencontrar o sentido da vida. É importante lembrar que, apesar do uso de drogas e da depressão, Ryan não é louco, ele sabe das condição extraordinarias de sua relação com Wilfred e toma muito cuidado para que o mundo não perceba.
O humor-negro australiano se mantém. Adaptada por David Zuckerman (roteirista de “Family Guy”) e na maior parte dirigida por Randall Einhorn (“The Office” e “Parks and Recreation”), a série conta com piadas de todo tipo, desde a própria situação fantasiosa em que se encontra, até as mais racistas e sexuais, mas tudo com um certo tom infantil (Wilfred, apesar dos pesares, é um bom cachorro e carrega isso para suas piadas). O roteiro também extrapola o conceito original ao fazer da relação de Wilfred e Ryan mais do que uma simples luta por uma mulher/passa tempo. Eles se tornam amigos e um vai colocando o outro em situações que revelam um pouco melhor da personalidade e caráter de cada um.
Não sei se devido às origens próximas, mas o humor de Wilfred me lembra muito o da extinta e brilhante Flight of the Conchords. A FX tem seguido esse rumo de comédias ousadas da HBO já há um tempo com em It’s always sunny in Philadelphia, Nip/Tuck, e a mais recente Louie, mas nenhuma delas chega aos pés do hipsterismo presente em Wilfred. Até mesmo os clichês mais bregas são subvertidos em algo obscuro e engraçado, como por exemplo os letreiros de abertura com citações, ou as tiradas de Gann como cachorro, correndo atrás do próprio rabo e etc. É de se espantar que a série tenha sido tão bem aceita quanto foi.
A minha dica é: se você ainda não viu, vale a pena. E espero que o sucesso continue, pois a série promete.
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1 Comment
demais essa srie, eu adorei!