Tá todo mundo ouvindo bem aí? A última sexta-feira (18) pode ter deixado muitos fãs e curiosos simplesmente surdos em São Paulo, durante o “House of Vans”, evento organizado pela marca de calçados, ao redor do mundo, em comemoração aos seus 50 anos. O culpado? Eles: o Black Rebel Motorcycle Club, uma das bandas alternativas da Califórnia dos anos 2000 mais queridas do público. Produtores de um rock psicodélico de garagem, delicioso de ouvir, sexy, provocante e potente, extremamente potente.
Se a primeira vez da banda por aqui foi tímida durante o festival SWU 2011, em Paulínia/SP, tocando numa tarde ensolarada e no mesmo dia que nomes de peso como Sonic Youth e Primus, dessa vez a estrela eram eles. Mesmo que o evento tenha sido fechado (não houve venda de ingressos, e sim um “sorteio” após inscrições no site da marca) – isso não afastou nenhum pouco o público fiel que a banda tem por aqui e que se fez bem presente na apresentação, acompanhando as músicas mais aclamadas pulando, gritando e batendo muitas palmas.
O relógio já marcava 21h45 quando o B.R.M.C subiu no palco montado dentro da Casa das Caldeiras. E convenhamos: não existe lugar tão ideal quanto esse pro som deles funcionar mais ainda (como o nome já diz). O galpão tem ares industriais, cheio de canos expostos e uma veia underground natural. Logo de início, a batida característica de “Beat the Devil’s Tattoo” abre o show e poucos minutos depois o que queríamos ouvir: a pancada sonora do trio atuando junto, num altíssimo e bom volume como queríamos. Impossível já não se envolver com a levada psicodélica da apresentação desde o primeiro minuto. Em seguida, “Let The Day Begin”, música do grupo “The Call”, que o pai de Robert (já falecido) pertencia. “Rival” e “Ain’t No Easy Way” mostraram que o jogo já estava ganho com o público em boa parte da pista desde antes da apresentação, sendo muito participativo. De poucas palavras, o trio só quebrou o gelo (e nem precisava) com ‘Hello, São Paulo’, ditas por Robert Levon Been e quando comentou sobre a
ausência de shows do grupo há um tempo: o motivo é nobre, afinal um novo álbum vem aí, segundo ele (só não se sabe quando). “Berlin”, “Weapon of Choice” e principalmente a destruidora “Conscience Killer” foram de ensurdecer geral, com Robert se abaixando bem perto à grade, deixando o público praticamente tocar em sua guitarra por diversos momentos. Já Peter Hayes, mais contido e com a voz impecável, destaca-se no revezamento entre baixo e guitarra, além de tocar gaita com muito vigor. Era possível ver alguns sorrisos esboçados por Hayes devido à euforia do público ali de cara com ele. Leah Shapiro, a mulher concentradíssima por trás das baquetas do BRMC já há uns bons 8 ou 9 anos estava impecável e precisa, como sempre. Lembrando que Leah passou nem tanto tempo atrás por uma cirurgia delicada no cérebro.
Black Rebel Motorcycle Club – Berlin (House of Vans @ São Paul…Black Rebel Motorcycle Club no Brasil mandando ontem a sua “Berlin” e dando um 7 a 1 em nossos ouvidos! QUEREMOS MAIS B.R.M.C!
Publicado por 505 Indie em Sábado, 19 de março de 2016
O desfecho final da noite ficou por conta de “Spread Your Love” e talvez o hino mais conhecido do grupo e que sintetiza todo o seu potencial, a frenética “Whatever Happened to My Rock ‘n’ Roll (Punk Song)”. Se alguém tinha dúvida que a banda realmente soa bem melhor ao vivo do que nos álbuns, tenho certeza que isto foi sanado. Insano. O resultado da noite ficou assim, conforme a setlist abaixo. Volte logo, B.R.M.C!
1. Beat the Devil’s Tattoo
2. Let the Day Begin (The Call cover)
3. Rival
4. Ain’t No Easy Way
5. Berlin
6. Returning
7. American X
8. Red Eyes and Tears
9. Salvation
10. Shuffle Your Feet
11. Weapon of Choice
12. Six Barrel Shotgun
13. Awake
14. Weight of the World
15. Conscience Killer
16. Spread Your Love
17. Whatever Happened to My Rock ‘n’ Roll (Punk Song)
Publicado por 505 Indie em Sexta, 18 de março de 2016
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