O show do Cut Copy, adiado desde junho finalmente aconteceu sexta a noite em São Paulo. A casa abriu às 20h e o show de abertura do Some Community começou por volta das 22h.
Pra quem em junho estava esperando um show dos queridinhos Holger, uma das minhas bandas favoritas ao vivo e excelente pra dançar e entrar no clima Cut Copy o anúncio de que Some Community abriria o show foi meio decepcionante, mas acabou que eles, com seus looks moderninhos e ar blasé, ganharam uma boa parcela do público (inclusive eu, que nunca tive muita paciência com a banda mas que agora vou escutar melhor). O som, pra variar, estava péssimo,mas isso foi resolvido mais tarde.
O show principal começou apenas com recortes de luz branca que piscava sem parar e Cut Copy já mandou logo a animadíssima Take me over, do novo cd Zonoscope (que, alias, tem uma das melhores artes de capa desse ano). A platéia se animou e cantou a letra junto, com perfeição. O melhor dos shows do Cut Copy é o carisma de Dan Whitford, que canta seus agudos ainda mais alto e faz uma interpretação meio teatral e exagerada das letras e dos movimentos, fazendo representações exatas da letra. Acaba que fica muito engraçado e único, e você começa a se empolgar junto com Dan, e quando menos espera, lá está você apontando para o céu toda vez que ele fala “sky” e fechando a mão no peito em “me”s “my”s e “mine”s. Depois veio Hanging Onto Every Heartbeat, que já era mais conhecida do público, por isso fez mais sucesso.
Mesmo assim, deu pra ver que Zonoscope já conquistou seu espaço entre os fãs, uma vez que mais da metade do show era composto desse cd, e mesmo assim a galera aguentou dançando e cantando todas.
Em seguida tivemos So Haunted (que, pra mim, é uma das melhores) ganha muito mais peso e, com as luzes, ela parece mais acelerada e densa. Mas nada nos prepararia para a dupla que viria depois: Corner of the sky seguida de Lights and Music. Quando começou a introdução de Corner of the Sky e Tim Hoey começa a batucar, todos já reconhecem e se preparam para os coros de “ooo”, coros esses que se repetem pelo show inteiro, já que práticamente todas as músicas tem pelo menos uma parte assim. Aqui novamente temos a dança de Dan como guia pro nosso próprio ritmo. Corner of the sky (todo mundo aponta pro céu) termina e as luzes que até o momento eram somente brancas ficam coloridas, roxo e laranja, e vem a explosão de Lights and Music, assim, uma logo depois da outra. O espetáculo agora é das luzes. Essa foi a música em que a platéia mais pulou, talvez empatado com Nobody Lost, Nobody Found que virou hit até de novela aqui no Brasil. Outras muito esperada pela platéia eram Saturday e Heart of Fire (o que só comprova que Zonoscope já se tornou tão conhecido quanto qualquer outro cd da banda), ambas foram cantadas em coro do começo ao fim.
Blink and You’ll Miss a Revolution poderia ser pausa, um descanso numa série de animadas, mas as danças de Dan (o refrão, que já era meio exagero brega, fica mais ainda, no melhor dos sentidos, claro, você se apaixona por uma música meio anos 80), não teve por onde, todo mundo cantou o refrão junto. Pharaohs & Pyramids também seria outra que se dependesse do público não faria tanto sucesso, mas Dan é um ótimo condutor .
Sun God foi a última musica antes da pausa para o Bis e a jam instrumental foi impressionante, de arrepiar qualquer um, dava pra ouvir gente pra platéia falando “meu Deeeus!” com a performance de Tim Hoey, que deu gritinhos, se encolheu no chão, subiu na bateria, tocou guitarra de baqueta. Essa talvez tenha sido a parte mais marcante e forte da noite.
No Bis rolou um “parabéns pra você” para Benjamin Browning que estava fazendo aniversário, com direito a bolo e tudo. Logo depois já rolaram as musicas mais “refrão pra cantar junto” de todas da banda: Where I’m Going e Need You Now, em que Dan subiu na bateria e deu um mega salto. Houve uma segunda pausa para o bis em que as pessoas ficaram meio confusas se havia acabado ou não, mas permaneceram alí e pediram a volta. Eles voltaram, tocaram uma última música e foram embora com cara de emocionados.
No final das contas, a banda é muito energética e carismática, não tem como não se empolgar, rir e/ou se chocar com as performances e querer dançar junto – o problema foi a falta de espaço (eu que estava na frente mal podia me mover) e o fato da galera, pelo menos ao meu redor, ser mais parada. Esse é um show que precisa de espaço, possivelmente um lugar aberto, onde as pessoas possam dançar sem se sufocarem. Esse é um show pra dançar, acho que a ultima vez que me empolguei tanto assim e me movi loucamente num show foi no Klaxons no Tim Festival 2008. Mas, apesar desse problema do aperto, o HSBC é um lugar muito bom, pista limpa, não muito grande, com visão geral muito boa e sem colunas horríveis pra atrapalhar (achei melhor até que o Via Funchal). Só dificulta o fato de ser meio longe, mas isso está valendo a pena.
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