Que a trilha original feita por Alex Turner é ótima e pode entrar pra lista de melhores cds do ano de muita gente, não há duvidas. Isso por si só já seria um bom motivo para assistir Submarine, mas o filme vai muito além.
Richard Ayoade não é nenhum novato na cena indie, além da sua participação em The It Crowd, já dirigiu clipes de bandas como Arctic Monkeys, Yeah Yeah Yeahs, Vampire Weekend, Kasabian entre outras. Mas essa foi a sua primeira (e bem sucedida) passagem pelo cinema.
Seguindo a linha de Wes Anderson, Michel Gondry e especialmente Noah Baumbach, com uma comédia de humor-negro, temperada com referências e problemas psicológicos, Submarine conta a história de Oliver Tate, um jovem que se vê divido entre um primeiro amor, a estabilidade familiar e o simples fato de crescer.
Apesar de se passar nos anos 80, o filme tem o necessário ar de anos 60. A direção de arte e fotografia seguem os clássicos de filmes alternativos como trilho de trem, praia deserta, parque de diversão abandonado, um quarto azul com desenhos do Woody Allen e um cinema europeu no qual está passando “A Paixão de Joana D’Arc”, está tudo lá. Por um momento pode-se pensar que o filme é puramente estético e não alcança a mesma profundidade de outros filmes do gênero.
Não acho que esse seja o caso. Oliver é uma versão moderna de Holden Caulfield. A ingenuidade e romantização do mundo contidas no filme e já existentes do livro de Joe Dunthorne que lhe deu origem não podem nunca ser confundidas com ingenuidade da parte de Richard Ayoade.
Ayoade sabe o que está fazendo, cada momento é bem guiado por uma referência que vai além do obvio. Os letreiros que lembram Godard em A Chinesa e a constante quebra da quarta parede, com os personagens fazendo um típico “campo/contra-campo” olhando diretamente para a câmera mostram a força pessoal do diretor e uma promissora carreira pela frente.
A grande surpresa é ver Ben Stiller como produtor. Não se deixem enganar pelas comédias hollywoodianas, está aí um cara que promete parcerias interessantes para o futuro (num estilo Owen Wilson/Wes Anderson talvez?) . Ele já esteve envolvido em filmes alternativos antes e eu acredito que cada vez mais e mais essa seja a direção a seguir. A maturidade chega para todos, afinal.
Submarine, o filme, não tem previsão de estréia nacional, mas deve passar nos grandes festivais internacionais de São Paulo e Rio de Janeiro. Submarine, o livro, acaba de chegar às livrarias pela editora Galera Record.
O Filme pode ser baixado no YellowBricks!
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