Quando eu ouvi o GIRLS pela primeira vez, foi um pouco tardiamente, talvez no final de 2009. Eu sempre erro com datas, mas não tem como errar com o sentimento que aquilo me provocou e neste caso, eu preciso contextualizar meus sentimentos àquela época, me sentindo miserável, largado, left alone, essas tragédias lindas da vida, que só te ensinam a valorizar ainda mais a felicidade e a tristeza itself. Enfim. E em uma dessas noites voltando pra casa ébrio, procurando por sentido na vida, com a alma inquieta, eu chego e começo a procurar vídeos no youtube. Já tinha lido alguma coisa da Pitchfork, e acho que do Lúcio Ribeiro também a respeito de ‘HellHole Ratrace’. Resolvi parar pra ver o que a banda estava propondo e, alí, imediatamente eu entendi, mergulhei, entrei na alma da banda, a conexão estava criada. Chris Owens é um cara bem fucked up e desses sujeitos é que se extrai a genialidade. ‘Album’ do GIRLS, pra mim é um dos melhores discos da década passada. É dífícil você encontrar artistas, que saibam colocar emoções genuínas em suas músicas e por genuínas entendam sentimentos não lapidados, brutos, vomitados para fora, tanto em letra quanto em harmonia, melodia, etc. Você encontra muita coisa por aí com sentimentos honestos também, mas sempre corroído pela superficialidade, pela falta de entrega ao interior, ao lado mais escondido e profundo do ser humano, e isso GIRLS tem o talento natural de saber fazer. Adiciona-se ainda a essa fórmula a história de vida carregada e fora do comum do seu frontman.
Sobre o segundo disco, ‘Father, Son, Holy Ghost‘, eu já esperava coisa boa, se a banda não se perdesse em drogas e paranóias, coisa comum entre as almas inquietas. Ainda bem que não se perderam. Chris Owens tá sempre por aí no twitter, e maior parte do tempo curtindo sentimentos positivos, profissionais e pessoais. Enfim, sabendo aproveitar as coisas legais acontecendo na vida dele. Um ótimo disco veio, uma paz de espírito está entregue (exceção se faz a música Die), claro sempre rodeada de muita carência e melancolia, características estas que fazem parte da alma do artista e, principalmente, a habilidade de saber colocar as entranhas nas músicas, de uma forma simples, direta e encantadora.
Avaliar o álbum de uma forma reta, racional até é possível mas não combina com a pulsante sensibilidade do disco, e acho que nem vale a pena tentar. Já tem muita coisa por aí para ser avaliada desta forma. Poucos artistas eu sinto que consigo captar na essência, quase nenhum na verdade. Talvez falte identificação da minha parte, talvez falte habilidade em criar identificação da parte deles. Normalmente eu me ligo na música simplesmente como uma qualificação racional do que é bom, do que é ruim e do que é mediano, com GIRLS é diferente eu entendo o que tá rolando alí na essência, pelo menos assim eu sinto. Concorrente sério a disco do ano (novamente).
Melhores Faixas: Vomit, My Ma, Alex, Forgiveness, Honey Bunny, Jamie Marie, Just a Song, How Can I Say I Love you
Nota: 9.5 / 10
Ouça o disco completo em stream neste post: https://www.505indie.com.br/acervo/ouca-novo-disco-completo-girls-father-son-holy-ghost/
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1 Comment
O seu texto me remeteu a poca que eu tinha aulas de teatro profissional. Realmente cara, a genialidade vem do fucked up. To falando do fucked up autntico, tem muito malandro que finge ser fucked up. hehe