A Suécia do rock nacional ou, se preferir, a Austrália do rock nacional, assim se pode definir Goiânia, celeiro prolífico do rock alternativo brasileiro.
E vindo de lá mesmo, da terra do pequi, começa a fazer burburinho na internet de um mês pra cá, a banda Cambriana. Por meados do natal veio o single “The Sad Facts”, acompanhado da b-side, “In the Middle”. Foi neste momento que eu ouvi a banda pela primeira vez, uma noite interagindo com os nossos seguidores e o burburinho em torno da Cambriana não foi pouco.
Às vésperas de lançar um álbum completo (!!!), próximo dia 27 de janeiro, intitulado House Of Tolerance, (rs), a banda reúne no EP Afraid Of Blood todas as faixas lançadas até o presente.
Nos últimos dias tive contato com todas as faixas que compõem o EP e definitivamente o material tem uma qualidade acima da média, a banda trabalha influências que vão de Fleet Foxes a The Allman Brothers, passando por The National e sapecado na brasa pela chillwave do Washed Out, tudo sem perder a tônica pop no sentido de acessível, formando uma combinação pouco comum de se ver no cenário nacional.
O projeto foi formado por Luis Calil (vocal), que compôs e gravou House of Tolerance durante todo o ano de 2011, com a ajuda de Wanderson Meireles (guitarra/teclado/backing vocals) no esquema de composição e gravação cada vez mais popular nos dias de hoje, trocando figurinhas pela internet já que Wanderson é de Brasília. Participaram deste processo também, Israel Santiago (guitarra/teclado/backing vocals) e Rafael Morihisa (guitarra). Com o disco finalizado em janeiro, a banda convidou Eduardo Carneiro (bateria) e Pedro Falcão (baixo) para o projeto, e agora ensaiam para suas primeiras apresentações ao vivo em fevereiro.
O que mais surpreende no EP Afraid of Blood é a capacidade da banda em atacar diversas frentes sem perder a coesão, sem perder a identidade artística. A faixa que abre o trabalho é “The Sad Facts” e também é da sua letra que saí o título do EP, foi à única que eu torci o nariz como resultado de uma primeira audição. Em linhas gerais é um pop/rock melancólico, o motivo pela qual eu desgostei pode ser justamente o motivo que fez muita gente gostar. O contraste da levada da bateria, com as harmonizações do teclado e vocal principalmente não casaram da forma que eu gostaria. A quinta faixa do EP “The Sad Facts (dubai mix)” tem outra levada, amenizaram a bateria, mantendo a mesma melodia e ficou ótima. De fato essa música na linha de vocal e teclado é maravilhosa, aplicado o ritmo certo, mais melancólico, baixo pagando de dominatrix, EXIGINDO silêncio e reverência, enquanto teclado e vocal desfilam liricamente toda sua tristeza reflexiva. Aí sim, seria perfeito. Mas enfim, o resultado final agrada a maioria e a maioria manja mais que eu, com certeza.
Outra coisa que se percebe em “The Sad Facts” e denominador comum entre todas as faixas é o cuidado da banda em trabalhar texturas, se divertir com efeitos sintetizados, backing vocals, linhas melódicas e rítmicas trabalhadas nas cordas, maximizando o leque de alternativas pra se explorar.
A segunda faixa “In the Middle”, é a faixa caipira do EP, o folk do Fleet Foxes, misturado com o southern rock de The Allman Brothers, resultado final é bem divertido, é a sensação de se reunir em uma fogueira, mascar uma palha no canto da boca com os bons amigos rednecks, enquanto se toma uma gelada depois de levar um pé na bunda da namorada.
“Until” é a minha favorita, Until é o Michael Phelps deste disco, é o Usain Bolt, é o Vettel, é o tipo de música que você pode ouvir no looping eternamente sem se cansar e sem achar que em algum momento ela acabou. O Interpol gostaria de ter gravado isto depois do Our Love to Admire. POST-PUNK REVIVAL HERE WE GO BITCHES. Aqui a guitarra co-protagoniza com o baixo a função rítmica e de imperador da post-punk que estes caras incursionaram, o ataque abafado às cordas característico, a distorção aplicada na hora certa e o vocal do Luis, não tão grave se comparado a um Paul Banks ou Matt Berninger (falando da turminha da pesada desta post-punk revival), e ressalto novamente agora as texturas aplicadas, o backing vocal é muito na linha Justin Vernon e o DIY na gravação e nas imperfeições de ruído, dá vitalidade, força e chancela a autenticidade de um rock’n’roll bem empreendido. Ian Curtis would love it. I DID.
“Big Fish” é a segunda melhor do disco, aqui a gente se depara com o baixo como o único senhor da canção pela primeira vez, os demais instrumentos dançam ao redor, um indie rock complementar e mais adolescente e que casa perfeitamente com a maturidade de “Until”.
Estes caras estão fazendo muito barulho nas redes sociais, deu pra entender o porquê?
SAVE THE DATE, 27 de janeiro, o disco será disponibilizado de graça no Facebook da banda, com certeza vou publicar por aqui também. Expectativa para o primeiro disco da Cambriana é aposta deste blog como uma das revelações em 2012.
DOWNLOAD EP Afraid of Love (2012)
Mais sobre a banda:
cambrianamusic.com
facebook.com/CambrianaMusic
twitter.com/CambrianaMusic
cambrianamusic@gmail.com
Tracklist do EP – Afraid Of Love
01. The Sad Facts
02. In The Middle
03. Until
04. Big Fish
05. The Sad Facts (dubai remix)
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1 Comment
Todas as faixas so de tima qualidade! Gostei muito das msicas! Espero que mais pessoas gostem deste post!