Em 2012 eles vieram com uma pedrada sonora. O trio canadense de Toronto iniciou as atividades como Metz ainda em 2008, ou seja, quatro anos e muitos palcos separaram o grupo do disco de estreia e seus curtos 29 minutos de duração. A banda claramente se esforçou para esculpir um produto bruto, o que por si só parece uma dicotomia, mas não é, bem longe disso. Bruto aqui entra no sentido de agressivo, um tipo de rock abrasivo que carrega certa semelhança com bandas do passado, como Nirvana, o Dinosaur Jr. dos primeiros discos, Melvins, ou Jesus Lizard. Um meio de campo entre a Touch and Go Records e a Sub Pop, em algum lugar entre o noise rock, o grunge e o punk, refestelado de exoesqueleto pop, ou seja, que não se encaixa em um sub-gênero, se espalha por vários, uma nova faceta bem interessante para este indie rock pós 2008, assim como outros de sua geração vem fazendo, resguardadas as particularidades, mas é o caso de Cloud Nothings, Thee Oh Sees, Ty Segall e Japandroids. Quebrando (ou seria aglutinando?) estereótipos, o Metz conseguiu uma coisa que racionalizando parece muito fácil, mas na prática, e atualmente, se mostra um tanto quanto raro. Consegue ser autêntico, excitante e contemporâneo. E no excitante está o maior feito da banda, que faz um som pra molecada se divertir, e no final se isso acontece, é o que importa.
Dia 15 de maio, o Metz se apresenta no Sub Pop Festival, que acontece na nova casa de shows paulistana, Audio. Ainda estão na conta Mudhoney e Obits. No dia seguinte, as três bandas tocam no festival Bananada, em Goiânia. Antes do trio desembarcar no Brasil, conversamos rapidamente por e-mail com o vocalista e guitarrista da banda, Alex Edkins. Veja como foi.
Qual é a sua expectativa para a turnê sul-americana? Primeira vez aqui.
Estamos muito animados para tocar na América do Sul . Temos ouvido muitas coisas boas sobre a cena musical e estamos ansiosos para isso, de verdade.
Quais são os elementos chave para um show ser memorável em sua opinião?
Eu acho que se conseguimos fazer as pessoas passarem um momento agradável e esquecerem do trabalho diário, ou outras preocupações, então já é um sucesso. Nós amamos o que fazemos e se a música pode se conectar com as pessoas em um nível pessoal ao ponto de fazê-las dançar ou torná-las felizes ou tristes, então isso é sensacional.
Os shows devem exigir bastante de você, especialmente da sua voz. Existe alguma técnica que você usa para cuidar de sua voz?
Não. Eu costumo beber algumas cervejas.
A Sub Pop começou e viveu durante anos sob a marca do rock mais abrasivo. Algum tempo depois (começo dos 00), o folk caiu muito bem com o The Shins por exemplo e a eletrônica híbrida pelo The Postal Service. Recentemente, vieram Washed Out e Beach House, que foram bandas que trouxeram alguma novidade para essa eletrônica híbrida. Assim como os Fleet Foxes fizeram com o folk. Mas eu não vinha enxergando isso nos lançamentos dos últimos tempos entre os “rockers” da Sub Pop, eu quero dizer, a tentativa de trazer algo novo para a mesa, apesar de ter lançado alguns discos bem bons com o No Age e o Pissed Jeans, além é claro do elenco mais velho. Até que veio o METZ e fez isso, colocou algum frescor no gênero, trouxe algo novo para a mesa. Não vou perguntar se você concorda com isso, porque seria constrangedor. Mas você realmente pensa sobre isso na hora de compor, não só fazer o som que você quer fazer, e não só soar legal, mas trazer algo novo?
Nosso único objetivo como banda é o de fazer música que nós três gostamos. Nós nunca consideramos ninguém mais ao fazer o LP . Acho que o som que fazemos é um produto honesto e feito pelo coração dos nossos gostos musicais e influências. É apenas deste jeito que sai.
No ano passado vocês foram nomeados e perderam o Polaris Music Prize* para o GY!BE, mas acho que isso é OK, certo? Os caras voltaram com tudo também. Como foi?
Foi uma experiência muito estranha. Estamos acostumados a tocar em clubes sombrios e porões, não em jantares sofisticados de premiações. Mas, nós estamos contentes que o GY!BE ganhou, eu sou um fã da banda por um longo tempo.
Na verdade, desde que o METZ se tornou uma banda popular, vocês passaram por alguns grandes festivais e conheceram bandas que vocês eram fãs quando mais jovens. Alguém ou alguma história legal que você deseja compartilhar com a gente?
Tocar em um show com o Mission of Burma, foi muito muito legal.
O seu álbum figurou na nossa lista dos melhores álbuns de 2012 e foi realmente um ano bom para quem gosta de barulho, cada um com suas nuances de estética. Mas eu quero dizer Swans, Cloud Nothings, GY!BE, Japandroids, entre outros. “Wasted” entrou em uma lista que fiz sobre as melhores músicas da história da Sub Pop. As canções do álbum saíram todas juntas? Ou uma demo foi feita em 2008 e outra em 2011, por exemplo. Eu pergunto isso, porque eu acho que o álbum funciona como uma unidade precisa.
Sim. Nós queríamos fazer um álbum muito curto e coeso. Nós queríamos dar um tapa sonoro na cara.
METZ conseguiu agradar desde o leitor padrão de Pitchfork até a galera mais fechada do noise. Você tem uma explicação ou uma teoria para isso?
Eu não tenho ideia. Eu realmente tento não pensar sobre os comentários ou críticas.
Em que curso vocês estão no novo álbum? Como está soando? Você pode me dizer a estação/ano que vocês planejam lançar?
Estamos com a metade do caminho andado. Nós não temos uma meta de tempo de lançamento ainda, mas estamos muito ansiosos e animados para mostrar a todos nossas músicas novas.
O senso comum diz que o segundo álbum é um desafio para quem foi bem-sucedido no primeiro. Você está vivendo essa experiência atualmente, isso é verdade em alguma extensão?
Sim, mas é uma pressão auto-imposta. Eu sinto que nós somos nossos críticos mais duros. Queremos sempre melhorar e só liberar a música que nos deixa orgulhosos.
Particularmente eu acho que vocês vão se dar bem com o público brasileiro, existe uma boa parcela que curte a sua música e eu acho que a nova audiência será facilmente conquistada pela energia da banda no palco. Aproveitem aqui no Brasil, parabéns pelo seu trabalho, muito apreciado até o momento.
Obrigado!!! Tudo de bom.
*Polaris Music Prize = premiação da indústria fonográfica canadense.
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