O responsável pelo momento Punkload do final de semana – Iggy “Fuck Me” Pop
O último final de semana em São Paulo foi marcado pela terceira edição do festival Popload, que na sexta e no sábado, deu o ar da graça novamente no Audio Club. O espaço foi novamente remodelado pro evento, contando com um enorme espaço “inutilizado” em outros shows, com mesas e cadeiras junto a alguns Food Trucks da moda e interação dos patrocinadores. Do outro lado, bem próximo a entrada, ficava localizado o “clubinho eletrônico”, com acesso pelo único local descoberto (um tipo de lounge) do festival. E talvez esse seja o grande diferencial do Popload – a experiência de curtir nomes interessantíssimos num espaço menor, muito bem estruturado, “indoor” e confortável, até um certo ponto.
Na edição 2015, o festival foi liderado pelo diabo da Tasmânia chamado Iggy Pop – o lagarto selvagem, ou seja lá qual for o seu apelido para James Newell Osterberg. Cair na mesmice e falar que o show foi insano na medida que poderia ser é algo que não dá pra fugir quando se fala desse cara. E realmente foi. A noite de sexta fechou com muita cerveja, água e suor sendo jogado pro alto; logo de cara, Iggy manda a ver com “No Fun”, “I Wanna Be Your Dog”, “The Passenger” e “Lust for Life”. Dá pra dizer que poderia acabar tudo ali, tamanho a gritaria do público nessa sequência de mortal de hits, com Iggy Pop indo pro mosh com seus quase 70 anos de idade. Isso é algo impressionante não só pela energia, mas pela voz que continua com toda a força, cheio do seu clássicos “Fuck Me!” e um “Hi!” inocente lançado por diversas vezes durante a apresentação. Em um certo momento foi um pouco desesperador ver Iggy sumindo e o segurança tendo que resgatá-lo no meio de tanta confusão ali na grade. Não teve o momento com centenas de pessoas subindo ao palco igual o seu último show por aqui, em 2009 no extinto Planeta Terra, mas foi IGUALMENTE marcante. HISTÓRICO.
A primeira noite ainda teve a abertura tímida porém convincente de Natalie Prass, fã declarada de nossa música. Natalie ainda fez um interessante cover de Janet Jackson e mandou uma versão bacana de “The Sound of the Silence” – seria esse um recado para os camaroteiros de plantão que não paravam de falar alto durante a performance? Enfim. Rolou a conhecida “Bird of Prey” e demais canções do seu álbum homônimo lançado esse ano, bem recebido por um público que acompanhava cantarolando boa parte de suas canções. Em seguida, o norueguês Sondré Lerche colocou a pista em um nível mais agitado, até para aqueles que não o conheciam tanto (como eu). Dá pra dizer que Sondré consegue segurar o show sozinho com seu violão/guitarra, mesmo acompanhado de um baixista e um vigoroso baterista. Emocionante. Outro apaixonado declarado pela música popular brasileira e que fez questão de falar da importância do Brasil em sua vida desde adolescente. “Bad Law” foi a responsável por um dos momentos mais dançantes da primeira noite de festival.
“O Popload é Noiz!’, ou do Emicida…será?
Na sequência, Emicida, sustentado pelo novo álbum recém lançado. Pode ter parecido um pouco difícil ter enfrentado um público “punk” e mais “velho” que aguardava Iggy Pop ansiosamente ali nas primeiras fileiras, mas isso não durou mais do que 2 ou 3 músicas. Apesar de um pequeno atraso pro início, era certeiro que estava começando ali mais um showzão da noite, acompanhando de uma banda que tem seus integrantes multi-instrumentistas como a grande sacada. É legal demais ver o respeito que houve entre os que curtem ou não o cara, por “parecer” um pouco deslocado no line-up, como alguns ousaram a dizer. Emicida convidou pro palco alguns rappers que ajudaram nesse último trabalho. Enfilerou canções consagradas e novas musicas em menos de 1 hora. E funcionou muito bem.
Na segunda noite, os shows ficaram com a abertura simpática da Barbara Ohana, uma estreante em todos os sentidos, numa sonoridade mais “pop” que o sábado prometia. Em sequência, os cearenses do Cidadão Instigado apresentaram quase na íntegra as músicas do ótimo álbum “Fortaleza”. Liderada por Fernando Catatau, o rock dos anos 70 da banda misturado a veia nordestina caiu muito bem no line-up do festival. Sempre me pergunto por quê raios Cidadão não é lembrada em eventos como este? Eis que agora foi uma boa oportunidade para muitos conhecerem o trabalho consistente do grupo, que já esta na ativa há quase 20 anos (recomendo também o álbum “UHUUU!”, de 2009). Em seguida, foi a vez de prestigiarmos a volta dos texanos do Spoon, de Britt Daniel. Talvez eu esperasse um pouco mais do setlist mostrado na noite, mas a quantidade de música boa que a banda produziu ao longo de todos esses anos faz com o que isso não seja tão relevante assim. O último trabalho bastante elogiado do grupo, “They Want My Soul”, deu o tom da performance, contendo 5 músicas , entre elas a ótima “Do You” e “Inside Out”. Mas… prometo que em breve voltamos a falar mais da banda e deste show (e também o solo no domingo) de uma forma mais “íntima”, pode ser?
E vai rolar a festa (vai rolar!) com a galera e o Belle & Sebastian no palco
A noite se encerrou com uma pista abarrotada de pessoas pra curtir Belle & Sebastian, talvez mais lotada que o dia anterior. Com a ótima e feliz “Nobody’s Empire”, o Belle trouxe o ar indie-pop-fofo pro ínício da sua dançante apresentação. Teve um Stuart Murdoch saltitante, talvez mais que o normal, e muito fã emocionado logo de cara. O show se sustentou mais no recente “Girls In Peacetime Want to Dance“, já diz e muito de como foi, o que pode ter desagradado alguns fãs antigos ávidos para ouvir os maiores clássicos, que conseguiram alcançar seu momento em “The Boy With the Arab Strap”, “Legal Man” e por fim “Judy and the Dream of Horses”. Com direito a muita gente no palco pra encerrar a festa com a banda num momento bonitão.
Para 2016? Resta aguardar que o festival se firme mais ainda na sua proposta de misturar novos nomes de diversas cenas a outros já consagrados, provando que sim, isso pode funcionar. A sugestão fica pra vindas de nomes como Future Islands, Kurt Vile, Courtney Barnett, Sleater-Kinney e que tal finalmente o Wilco pra cá?
Texto: Matheus Bonetti
Fotos: Fabrício Vianna (Popload)
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