A banda formada em 2009 por Eduardo Praça (voz/guitarra), Thiago Klein (teclado/voz) e Fabio Brazil (baixo/voz), esteve no último dia 29 de setembro se apresentando no Studio Emme em SP e que contou também com o Nevilton.
O trio paulistano que já resenhamos aqui e alí, é o mesmo trio paulistano que voltamos com um faixa a faixa acolá, e chega agora para uma entrevista exclusiva e um registro ao vivo para vocês.
O nosso colaborador Foca foi o representante incubido de tão nobre missão, de conversar com as figuras que deram vida a um disco q está em alguma posição alí entre St. Vincent e Washed Out, no ranking de melhores do ano.
Vamos ao que interessa, a entrevista com o Quarto Negro, além da versão extendida em vídeo:
Como surgiu a banda, como vocês começaram?
Eduardo Praça – Eu tinha uma outra banda anteriormente e quando essa banda terminou as atividades, eu fui passar uma temporada nos EUA e comecei a esboçar umas canções, eu não sabia ainda se continuaria solo ou se formaria uma banda, mas começou em 2008-2009 nos EUA e de lá pra cá eu lancei um EP sozinho e depois nós 3 fomos visitar um amigo na Argentina que dirigiu os nossos vídeos e ele pediu uma música, eu tinha uma música guardada e chamei eles para estúdio, para gravarem comigo e a partir daí virou uma bola de neve, fechamos a banda, gravamos um EP em 2010 com o Chuck (Hipólitho), e quatro meses depois já estávamos em Barcelona…
Thiago Klein – A gente se conhece há bastante tempo…
Eduardo Praça – É a gente se conhece desde a infância então não foi difícil achar eles.
E quais foram as maiores influências de vocês no trabalho da banda, nota-se que tem influência de muita banda brasileira diferente…
Eduardo Praça – A gente gosta de muita coisa em comum e muita coisa diferente, o legal do Quarto Negro, é que não é só na música, mas a gente se influência muito também pelo cinema, mas gostamos de John Lennon, Jorge Ben.
Thiago Klein – Mando Diao…
Eduardo Praça – Algumas coisas de música clássica também Stockenhausen, algumas coisas assim e mais músicas dos anos 70, um pouco do 2000, bem pouquinho dos 80 e nada dos 90 basicamente.
Thiago Klein – Eu gosto bastante de música eletrônica também, desde os 10 anos já gostava bastante, comecei a ouvir rock depois com 17 anos.
E vocês começaram cedo com os instrumentos?
Eduardo Praça – A gente sempre estudou na escola, piano, flauta, violão, eu e o Fábio, montamos uma primeira bandinha quando tínhamos 11 anos e a gente tocava o tema do James Bond e com o tempo a gente foi montando outras bandas, já faz um tempinho que a gente está tocando.
Sobre a gravação do disco, vocês foram pra lá e se “esconderam” durante 3 meses, por quê Barcelona?
Eduardo Praça – (risos) essa é a pergunta que a gente têm respondido e causado mais polêmica, porque não foi nada muito planejado, eu confesso que um dia cheguei em casa de uma noitada, e a gente já tinha idéia de gravar fora pra poder ficar mais concentrado entre a gente.
Thiago Klein – Não necessariamente fora do Brasil.
Eduardo Praça – É a gente tinha falado que queria no Rio inclusive, e a gente acabou indo um pouco mais longe, eu estava procurando na Internet, e foi na época que o Woody Allen tinha acabado de lançar Vicky Cristina Barcelona, dei uma olhada e mandei o email para este estúdio (El Tostadero), com os links nossos e coincidentemente este estúdio era também uma gravadora, eu e o Thiago fomos lá conversar com eles, e eles tinham um acordo pra gravar e lançar o nosso disco na Europa.
E como foi? Foram vocês 3, e os demais músicos vocês contrataram?
Thiago Klein – Na época a gente tinha um baterista que foi com a gente também, e depois que a gente voltou de Barcelona ele resolveu ter outros trabalhos, então fomos nós 4, o produtor também ajudou no disco, gravou bastante guitarra, direcionou o trabalho de violoncelo, saxofone.
E a gravação do clipe Vesania II?
Eduardo Praça – Eu tenho um amigo cara…
Thiago Klein – Outra noitada…
(RISOS)
Eduardo Praça – Você nao vai acreditar, mas eu voltei de uma noitada, entrei na internet de novo (risos), não satisfeito com essa de Barcelona, comecei a procurar, porque eu gosto muito de fotografia, vendo uns álbuns no flicker eu achei esse fotógrafo muito interessante, e mandei um email querendo um portfólio, mas já pensando nisso, e ele gostou da nossa música, ele é francês de Strasbourg, e ele gostou que alguém do outro lado do mundo veio procurá-lo, e dêmos algumas direções artísticas do que a gente estava procurando, mandamos a música e ele gostou de trabalhar… A namorada dele é a modelo (do clipe).
Thiago Klein – Primeiro de tudo ele fez a capa do disco.
E é ela também na capa?
Eduardo Praça – Isso, a gente meio que deu um direcionamento pra ele, mesmo com essa barreira do idioma, a gente jamais mandou as letras traduzidas, é um cara de muita sensibilidade artística.
Vocês fizeram remotamente?
Thiago Klein – Ele mandou 20 minutos de material bruto o Edu e o Daniel que é o nosso diretor editaram aqui no Brasil.
E falando, de Vesania I, qual é o texto que é recitado na música?
Eduardo Praça – É do “Velho e o Mar” do Ernest Hemingway meu livro favorito.
Além da música de divulgação, tem alguma outra favorita da banda ou que o pessoal tá respondendo mais em show?
Eduardo Praça – No show acho que Prometeu ao Santo.
Thiago Klein – Medo a Medo.
Eduardo Praça – Acho que do disco a gente gosta de Vesania II e Desconocidos também, mas o pessoal não descobriu muito ainda .
E falando na aceitação do pessoal com as músicas, como esta sendo o trabalho de divulgação, em quais canais vocês estão focando no momento, como o pessoal tá recebendo?
Eduardo Praça – Temos muita gente nos ajudando, nosso produtor, tem um pessoal de mídia começando a ajudar a gente agora, mas pelo menos no começo foi por conta própria com amigos mesmo, que gostam de música e consomem música muito forte e eu também, então eu comecei a reunir blogs, jornalistas e formadores de opinião que eu tenho muito apreço, porque se for ver bem, os artistas hoje em dia são muito acomodados, querendo certos veículos, e tem muita gente hoje querendo consumir música, e acho que quanto mais vocês quiserem consumir a nossa música pra gente é interessante.
Sobre espaço nas rádios e tvs para bandas novas, como vocês vêem esse cenário?
Eduardo Praça – acho que hoje em dia está um pouco escasso mas é um reflexo da internet. Você não precisa emplacar um clipe na televisão para ser uma banda de sucesso, por exemplo a “Banda mais bonita da cidade” que emplacou um viral e foi parar no fantástico com uma semana. mas ainda rola, em São Paulo ainda rola, a gente vai fazer um programa de tv, rádio, mas não sei como está fora de São Paulo.
É legal, eu adoro rádio.
Thiago Klein – Eu também, acho rádio muito mais glamuroso.
Mas existe espaço para bandas novas nas rádios?
Eduardo Praça – Eu acho que não existe, eu não sei se uma coisa leva a outra, que nem o ovo ou a galinha, mas as rádios também tocam o que as pessoas querem ouvir. As pessoas normais querem ouvir a Kate Perry, não querem ouvir o Quarto Negro
Thiago Klein – A gente não é normal (risos).
Eduardo Praça – Aí eu não sei se elas querem ouvir a Kate Perry por que os caras não tocam o Quarto Negro na rádio, se tocasse eles iam querer ouvir o quarto negro…
Fabio Brazil – Acho que no final das contas a internet acaba mostrando e dando esse tipo de informação que as rádios e tvs precisam, se a gente tem um retorno bom na internet, está mostrando alí um público potencial. Aí quando chama atenção na internet, é que as rádios e tv vão atrás. No final das contas, hoje em dia, o que dá o ponta-pé inicial é a internet.
Verdade, a gente vê isso tanto no brasil quanto lá fora, tem muitos exemplos.
E agenda de shows? pro pessoal ficar sabendo…
Eduardo Praça – A gente têm algumas coisas de imprensa, faremos televisão na FAAP com transmissão via web, dia 19. O primeiro show que a gente fará depois de hoje, é no SESC Consolação, dia 29, um show tocando na integra um disco do Bob Dylan, logo depois a gente deve fazer algumas livrarias cultura, em SP, apresentando o disco. Provavelmente nosso vinil vai chegar, ele está vindo da Europa e estamos esperando. Rola uma burocracia muito grande para trazer ele pra cá, então a gente tá meio preso de datas em função disso, por que a gente quer fazer um show especial de lançamento, aqui em São Paulo, em novembro, deve ser em algum teatro, alguma coisa especial quando tiver o vínil. Basicamente isso, tem uma turnê na Argentina que a gente deve fazer esse ano ou no próximo. Queríamos voltar para Barcelona tocando o disco…
Mas assim, o Quarto Negro é uma banda que quer tocar em muitos lugares, a gente gosta de tocar, passamos uma agonia enorme desde o dia que desembarcamos em São Paulo até o dia que o disco foi lançado, sem tocar, e sem mostrar o trabalho. Então estamos super ansiosos pra tocar e mostrar o trabalho.
Quais os planos para o futuro, o que vocês esperam para banda?
Eduardo Praça – Espero que ela fique auto-sustentável por mais um tempo, no mínimo a investimos muita coisa nessa banda, não só financeira, mas emocionalmente.
A gente quer mostar esse disco, a resposta tem sido ótima, de amigos, de blogs de criticas, acima das expectativas, sabemos que o mercado é grande e tem muito artista bom lançando disco.
Então queremos continuar, tocar muito, ano que vem devem rolar os festivais… quem sabe um festival.
Conseguir uma vaga no lolla…
Eduardo Praça – É pô, seria bonito assim. (risos)
Thiago Klein – O principal do futuro é tocar, o próximo trabalho fica pra frente.
E para finalizar um registro ao vivo da banda, com a participação de Guri Assis Brasil na guitarra e Leo Mattos na bateria.
Quarto Negro – Desconocidos (ao vivo Studio Emme SP)
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