[505indica] Quem faz o palhaço sorrir?

O Palhaço, segundo filme dirigido por Selton Mello, é uma dessas experiências que você acha que vai entrar no cinema e assistir mais uma comédia romântica no estilo Guel Arraes, mas não, além da experiência de ator, Selton Mello consegue mostrar-se como um grande diretor também, com pinceladas de direção que provavelmente aprendeu com quem o dirigiu, como Luiz Fernando Carvalho em Lavoura Arcaica. O filme é de uma sutileza, de uma beleza e tristeza pungentes. É a história de Benjamim (Selton) e Valdemar, vivido pelo sempre gênio Paulo José, que possuem o circo Esperança e mostram as dificuldade da vida de um artista neste país, a malemolência de terem que “cortejar” prefeitos e primeiras damas nas cidades em que passam. E nestas idas e vindas do circo, nos embargos que a vida circense traz, dívidas, problemas com os outros integrantes, não apoio da população para com a arte, Benjamim se vê desanimado com a vida no circo e vai em busca de uma estrada em que possa amar alguém, ter uma vida fixa. Seu pai em certos momentos sempre fala para ele: “O gato toma leite, o rato come queijo e nós? Nós somos palhaços”. Talvez este “palhaços” seja para toda a falta de incentivo que este país dá não só para os artistas de circo mas para todo o tipo de artista. A direção é de um jovem, mas experiente ator, que será um dos grandes diretores deste país, arte pura, bela fotografia, tomadas de câmera fora dos padrões “Globo”. O filme também faz pequenas homenagens aos filmes de Mazzaropi. Têm Moacyr Franco em um papel sensacional na pele do delegado Justo, Jorge Loredo (o eterno Zé Bonitinho). Filme muito além de ser “sessão da tarde”, mas muito inspirado, vale a dica. Assistam!

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Raphael Pousa

29 anos, Analista de sistemas, mora em Cachoeira Paulista, SP. Pisciano, amante de música, literatura, cinema, cerveja e vinho. Espera na próxima vida vir músico.