O Atoms For Peace removeu suas músicas do serviço de streaming Spotify. O anuncio foi feito pelo produtor Nigel Godrich que disse que o serviço era ruim para novos artistas.
Nigel postou uma série de mensagens no seu twitter falando sobre a remoção das faixas do álbum AMOK do serviço, dizendo que eles seguiam o mesmo padrão (de operação) da antiga indústria, disfarçado com uma nova roupagem. Ele postou o seguinte:
“A razão é que novos artista recebem um pagamento de merda nesse modelo. É uma conta que não fecha. A indústria da música está sendo invadida pela porta dos fundos e se nós não tentarmos e tornamos isso justo para produtores de músicas novas, e novos artistas, então quem vai sofrer será a arte. Não tem erro. Esse é o mesmo padrão da antiga indústria tentando se passar por um novo modelo utilizando um novo sistema de entrega. E tem mais, as pessoas estão assustadas de falar e tomar parte na discussão, já que elas são avisadas que perderão espaço e exposição se elas não jogarem o jogo deles [do Spotify]. Enquanto isso milhões de plays nas músicas rendem a eles alguns poucos dólares. Não se parece nada com o rádio.”
Thom retuitou algumas mensagens de Nigel e adicionou que ele acredita que o Spotify tem um bom modelo para artistas já estabelecidos e com um grande catálogo, mas que não beneficia aos novos. E Nigel ainda continuou:
“Algumas gravações podem ser feitas em um laptop, mas algumas precisam de músicos e técnicos capacitados. Essas coisas custam dinheiro. O catalogo do Pink Floyd já gerou bilhões de dólares para alguém (não necessariamente para a banda), então colocá-lo agora em streaming em um site faz todo o sentido. Mas e se as pessoas estivessem ouvindo as músicas no Spotify ao invés de comprar os discos de 1973? Eu dúvido muito que “Dark Side of The Moon” tivesse sido feito. Ele seria extremamente caro [para ser financiado por um modelo de streaming]”.
O Spotify respondeu através do seguinte comunicado:
“O objetivo da Spotify é difundir um serviço que as pessoas adoram, em última análise querendo pagar, e que irá fornecer apoio financeiro necessário à indústria da música para investir em novos talentos e música … Nós queremos ajudar os artistas a se conectar com seus fãs, encontrar novos públicos, crescer sua base de fãs, e ganhar a vida com a música que todos nós amamos.
Neste momento, ainda estamos nos estágios iniciais de um projeto de longo prazo que já está tendo um efeito extremamente positivo sobre os artistas e novas músicas. Nós já pagamos US$ 500 milhões para os detentores de direitos até agora e até o final de 2013 esse número vai chegar em US$ 1 bilhão. Grande parte desse dinheiro está sendo investido no fomento de novos talentos e na produção da nova música.
Estamos 100% empenhados em fazer o serviço de música Spotify ser o mais amigável possível para os artistas, e estamos constantemente conversando com artistas e gestores sobre como Spotify pode ajudar a construir suas carreiras.”
E Nigel espertamente deu a tréplica sobre o assunto:
“Então o Spotify diz ter gerado US$ 500 milhões para “os titulares de licença.” A maneira que o Spotify funciona é que o dinheiro é dividido pela porcentagem de fluxos totais. Grandes gravadoras têm grandes catálogos antigos, então aquele disco de 40 anos atrás feito por um artista morto ganha a mesma fatia do bolo que uma nova faixa de um novo artista As grandes gravadoras fizeram acordos secretos com o Spotify e afins em troca de taxas de royalties favoráveis. A enorme quantidade de catálogo sendo transmitido garante que eles tenham a grande fatia do bolo (de US $ 500 milhões) e os produtores e gravadoras menores obtêm ninharia para os relativamente poucos streams.
Isto é o que há de errado. Catálogo e novas músicas não podem ser consideradas em conjunto. O modelo maciçamente favorece as grandes empresas com grandes catálogos. Eles precisam de novos artistas para estar no sistema e para garantir novos assinantes e assegurar esta “nova paisagem.” Isto é como eles imaginam que vão ganhar dinheiro no futuro. Mas o modelo paga ninharia para o novo artista no momento. Um fato inconveniente que continuam aparecendo. Eu sinto a responsabilidade de falar quando eu vejo algo acontecendo que eu acho que é injusto. Eu não estou reclamando por não ser pago. Trata-se de defesa dos direitos de outros artistas. Cabe aos prestadores de streaming voltar com a melhor maneira de apoiar novos produtores musicais. Não é para nós pensar em como poderia funcionar. Esse é o seu departamento.”
O 505 Indie concorda e suporta a opinião de Godrich e Yorke. A equação não é simples. As novidades são as responsáveis por fazer crescer a base de assinantes do Spotify, então seria justo um modelo dinâmico orientado as novidades e um percentual fixo para catálogo. Novos artistas também deveriam ter mais visão dentro da ferramenta, assim como acontece com os medalhões. O fato é que, como o Spotify colocou, a divisão é orientada de tal forma que privilegie e dê lucro para as grandes gravadoras e estas devem investir mais em novos talentos. A solução, para as pequenas gravadoras e novos artistas conseguirem *de maneira independente* uma fatia justa e que possam sobreviver desta forma, tendo o serviço de streaming como uma fonte de renda – assim como é show e venda física do trabalho – e não apenas uma vitrine obrigatoriamente gratuita ou de valores indignos, continua sem resposta.
Tanto Thom quanto Nigel também removeram os seus trabalhos solos do Spotify.
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