
Foto via Reduto do Rock, por Stephan Solon
No primeiro momento, o Espaço das Américas parecia um sonhos lindo. Fechado, relativamente grande, com banheiros bonitos e limpos e do lado do metrô. Doce ilusão: palco baixo que tornava a visão do show para qualquer um com menos de 1,80m praticamente impossível, sem telões e um calor insuportável. Sem contar a abominável pista VIP na frente do palco, algo que deveria ser permanentemente banido.
Em todo caso, começa o show. Várias pessoas, de tiozões a hipsters, todos com suas camisetas dos Smiths ou do Morrissey. Kristeen Young entra no palco. Uma mistura da poesia e energia roqueira de Patti Smith, com a voz da Bjork, batidas africanas estilo Vampire Weekend, um indio apache, um tecladinho desconexo e muito experimentalismo. Tudo isso numa única menina. No começo você pode até entrar no clima e curtir, mas depois da terceira música você já passa a se perguntar se todas essas excelentes influências bastam para fazer dela mesma uma boa pedida. Pra mim, é uma boa por pouco tempo.
Muito calor e fãs estúpidos depois (sim, a coisa inteira foi tão tensa que eu levei até chute nas costas, quase perdi um orgão). Chega o Morrissey. Já mandando uma das minhas favoritas: First of the gang to die. Não sei se porque ele mesmo ainda não tinha pegado no tranco ou se era eu que ainda sofria da irritação com seres humanos, mas mesmo essa sendo uma música animada, eu não senti o amor que estava esperando. A coisa melhorou um pouco na seguinte: You Have Killed Me. Uma boa abertura, com dois clássicos.
Quem viu em casa, pela transmissão do Terra deve ter aproveitado bem mais as 5 primeiras músicas do que eu. Mas na sexta música mudou o cenário inteiro. Still Ill. Morrissey rejuvenesceu diante dos meus olhos e de repente aquilo ali era The Smiths, tocando pra mim e pra todos os viúvos de uma banda capaz de mudar uma geração inteira (ainda que essa geração não seja a minha).
A próxima não foi dos Smiths, mas manteve o clima de grandes classicos com Everyday is like Sunday… cantada num domingo bem diferente dos outros (como disse Lúcio Ribeiro em sua crítica para a Folha).
Para muitos, o espírito se quebrou em Meat is Murder, devido ao seu clima mais sombrio, com um telão de fundo (que quase não dava para ver, não só pela altura, como também pelo número de equipamentos da banda que bloqueavam a visão) passando cenas chocantes de abate de animais. Me lembrou um pouco o documentário A Carne é Fraca. O lema do vegetarianismo. Segundo boatos que ouvi por aí, nem mesmo o motorista do ônibus do Moz pode comer carne durante a viagem.
Não sei em que momento exatamente, Moz voltou a falar, assim como fez no show do Rio, da visita do princípe Harry ao Brasil. “Ele está aqui pra promover a família real e pegar o dinheiro de vocês. Digam não!”
Música vai, música vem. Depois do choque visual de Meat is Murder, tivemos Ouija Board, I Know it’s over e tanãn. O grande final, quando a coisa toca tomou proporções épicas para além do acreditável.
Se o show até o presente momento estava “ok”, as últimas 5 músicas antes do Bis o tornaram verdadeiramente memorável.
Let Me Kiss You teve direito até mesmo a Strip-tease. Gritaria e bafafá para todo o lado, independentemente da forma física meio inchada (algo que a idade traz pra todo mundo) do eterno sex simbol.
Em seguida veio There is a Light That Never Goes Out, possívelmente uma das musicas mais famosas dos Smiths. O choro parou na garganta. Agora, ao escrever sobre isso, volto a lacrimejar de tão bonito que foi. Seguida de I’m Throwing My Arms Around Paris, uma música que até recentemente eu não conhecia, mas que em pouco tempo se tornou uma favorita.
Mas tinham duas músicas que eu estava esperando MUITO ansiosamente. A primeira era Please, Please, Please Let Me Get What I Want. Desde o começo, ao mandar um dos meus emails diários pra trupe do 505 eu já avisei: estou pronta para chorar. Tendo gasto parte das minhas lágrimas em There is a Light, achei que não fosse ser tão triste. Mas foi. E eu senti toda uma fase da minha vida voltar pra mim. E How Soon is Know? foi a libertação dessa fase, de toda a melancolia que ela carrega. I am the son And the heir.
Bis com One Day Goodbye Will be Farewell e fim. Muvuca pra sair do Espaço das Américas. Decepção com a educação das pessoas em lugares públicos. Calor de ensopar 4 camisetas trocadas ao longo do show (né Morrissey?) Uma dor nas costas quase digna de pronto-socorro. Mas a certeza de um bom show. Um evento único na vida. And the pleasure, the privilege was mine.
SET LIST
First Of The Gang To Die
You Have Killed Me
Black Cloud
When Last I Spoke To Carol
Alma Matters
Still Ill
Everyday Is Like Sunday
Speedway
You’re The One For Me, Fatty
I Will See You In Far-Off Places
Meat Is Murder
Ouija Board, Ouija Board
I Know It’s Over
Let Me Kiss You
There Is A Light That Never Goes Out
I’m Throwing My Arms Around Paris
Please, Please, Please Let Me Get What I Want
How Soon Is Now?
Bis
One Day Goodbye Will Be Farewell
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