Expectativa superada.
João e os Poetas de Cabelo Solto, banda formada em Campinas por meados de 2007, com a formação definitiva de 2009, lança hoje o seu primeiro álbum de estúdio de título homônimo. A banda já é bem conhecida e bem rodada, principalmente no eixo SP-Campinas, Anhanguera ou Bandeirantes ou no eixo que pega a Castelo Branco e vai quente.
Em 2010, o primeiro EP da João veio ao mundo e deste EP a banda aproveitou 3 faixas para compor o novo disco “Dois Pequenos Mundos”, “A Sangrar” e “Nostalgia”.
No final de 2011 a banda lançou o single “Lugar Comum”, faixa que também compõe o cd de estreia. E mais 6 faixas inéditas, exatamente sobre essas 6 faixas que eu aguardava. As outras 4 fizeram o favor de colocar a expectativa lá no teto.
Volte e leia a primeira frase do texto e depois volte aqui.
Postado isso, agora vou fazer a única crítica que tenho a este álbum. Faltou mais duas músicas, 40 minutos era o tempo de duração que precisaria ter este cd.
Construído em cima de uma fundação pop, com arranjos infecciosos, seja você um fã de The Strokes ou um fã de Los Hermanos (sem dúvida a maior influência dessa rapaziada), o disco é bem rico e pluralístico em suas referências, a diversidade de instrumentação utilizada, horas mais simples, mais básica e rock, ou mais quieta, quando indaguei sobre isso, o Guilherme, guitarrista da banda, ele comentou:
“Um aspecto que valorizamos extremamente, e que não se encontra muito no cenário pop, são as dinâmicas, ou seja, o tocar mais baixo, em outro momento crescer e tocar forte, outras formas de instrumentação também, como naipes de sopros com a inserção do clarinete e clarone, instrumentos mais usados em orquestra.”
Exatamente de acordo com a minha percepção, essa dinâmica de como atacar os instrumentos, a imposição dos elementos de voz, grifar elementos da composição que merecem ser destacados, diminuir sentimentos escondidos, íntimos, tristezas e lamentações são as linhas mais quietas.
Sobre essa percepção emocional que tive sobre o disco, Luís Haruna (assina a maioria das composições + trompete e fluguel) adicionou:
“O que queremos entregar é algo que acreditamos: fazer música que nos emocione e desperte esse mesmo sentimento em quem está ouvindo. Acho que isso que é o principal, fazer com que a banda, com suas músicas, participe e seja importante em algum modo na vida das pessoas que ouvem criando algo em que acreditamos.”
A banda apesar de ser profundamente emocional, entrega um certo aspecto irônico em algumas letras e arranjos, como uma válvula de escape para não apenas se expor e colocar o interior para fora, mas também em explicitar e confrontar tudo aquilo que não é a banda.
Agora são 14h:25m da sexta-feira, este disco tem 34 minutos, com uma pausa de 30 minutos para o almoço, eu estou ouvindo a mesma coisa desde 10h:00m da manhã, o que dá cerca de 7 vezes do disco no repeat. Eu falei aí pra cima que isso era infeccioso, seja o “Lugar Comum” ou a “Nostalgia” de inspiração The Strokes, no dia que começou a incorporar instrumentos de sopro, seja a introdução inspiradíssima em The Wonder Years em “Ah Menino” e a sutileza e inocência imaculada, o tango com letra e interpretação emocional que me lembra muito o modus operandis do Chico Buarque em “Canção Que Não Consola”. O disco acaba pra cima, muito pra cima, “Olhos Rasos”, é assim que se acaba um disco caras.
Eu não quero me alongar muito mais neste texto, pois isto não é uma resenha (essa vem depois que eu digerir todo esse banquete), apenas, em uma avaliação prematura, o melhor disco brasileiro do ano até o momento que vocês vão ouvir agora em stream:
Nome do disco: João e os Poetas de Cabelo Solto (2012)
João e os Poetas de Cabelo Solto é: Bernardo Penha (Teclado), Guilherme Alves (Guitarra), Lucas Camporezzi (voz), Luis Haruna (Trompete/Fluguel), Pedro Alliprandini (Sax Tenor), Rafael Gomes (Baixo) e Ronaldo Prascidelli (Bateria).
Local de gravação: Estúdio Cajueiro (Campinas) e Estúdio DreamBox (SP)
Produzido / mixado por: Gabriel Duarte
Masterizado por Marcelo Claret no IAV.
Tracklisting:
1. Lugar Comum
2. Dois Pequenos Mundos
3. Nós Dois
4. Confraria
5. Silêncio #3
6. Ah Menino
7. Canção que Não Consola
8. Nostalgia
9. A Sangrar
10. Olhos Rasos
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1 Comment
Oh, muito bom CD! Curtindo aqui no play como se no existisse o amanh.