Isso não é uma resenha.
Isso é praticamente uma crônica de auto-ajuda.
O Fleet Foxes reservou dois dias pra tocar numa das casas de show mais lindas de Seattle. O Paramount é tipo um Teatro Municipal, daqueles que você olha pro teto e vê um lustre se despencar quilômetros segurado por um micro cabo. É uma casa de show com som limpo que só perde pros verdadeiros teatros municipais. Enfim, um show alí não tem como dar errado. E só um idiota completo não compraria ingresso pra um show desses. Há poucas horas do show, eu ainda era um idiota completo.
Isso não é uma resenha.
Isso é uma autoflagelação pública.
O Fleet Foxes faz parte da minha história em Seattle, ou melhor, a ausência do Fleet Foxes faz parte da minha história em Seattle. Bem antes do primeiro álbum, eu estava num Sasquatch Festival pronto pra ver o National quando cancelaram e colocaram um tal de Fleet Foxes no lugar, que horas antes eu tinha escolhido não assistir no menor palco do festival. Entraram, começaram seu folk barroco, olhei pro meu amigo e disse: “coisa chata, bora usar o tempo pra comer um burrito”.
Isso não é uma resenha.
Isso é minha preguiça tomando conta.
Lançaram o álbum e a banda estourou. Outros shows aconteceram, todos lotados e eu sempre do lado de fora. Banda da semana, disco do ano, a revolucao do folk e eu acompanhando via mp3. Anunciaram as duas datas no Paramount e eu resolvi ir. Resolvi mas não comprei. Esperei. O que eu esperei eu não sei. Talvez eu já estivesse acomodado e me dado por vencido. Talvez eu tivesse enjoado e não sabia. Só fui comprar poucas horas antes do show. Talvez Deus tenha colocado o dedo e falado pra não lotar, me dando uma chance de ter um ingresso em cima da hora. Mais provável que todo o hype tenha passado e já não exista surpresa nenhuma na música dos caras.
Isso não é uma resenha
Isso é a minha volta por cima
Começa o show, e eu me vejo gostando das músicas, mas ao mesmo tempo entediado por um recorrente coral de igreja a capella no meio de quase todas as músicas. A banda é muito boa, e na hora que o som bate eu me balanço, mas o segundo álbum é infinitamente pior que o primeiro, arrastando por quase duas horas um show que poderia ser mais compacto. O show longo por sinal é um motivo de coragem dos caras. Tocando praticamente todas as músicas do repertório, é fato que eles acreditam no próprio taco. Eu em compensação, saio acreditando que o hype passou e eu nao perdi muita coisa durante todos esses anos.
Eles precisam de um terceiro disco fugindo dessa linha, caso contrário o show se tornará ainda mais monótono, e se antes eu deixava passar por idiotice e descuido, amanhã acabarei deixando passar por opção…
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