Kendrick Lamar – To Pimp A Butterfly
To Pimp A Butterfly é mais um marco na discografia de Kendrick Lamar. To Pimp A Butterfly é um marco na história do hip hop e de música contemporânea. O trabalho é denso, profundo, longo, poético, antropológico, versátil, musicalmente se encontra dentro do hip hop moderno que incursiona com uma profundidade nunca vista antes por gêneros como, funk, passando por R&B, música eletrônica e jazz. As palavras são rimadas, são gritadas, choradas e declamadas. Mais do que rima, é um rapper que bota sentimento e interpretação de tal forma que você não possa ignorar a emoção. É aquele disco que na primeira audição te traga para dentro e você tem certeza que está lidando com uma obra-prima moderna. Não existem momentos, é um álbum que só é explicado se ouvido na íntegra, mesmo que as suas partes também existam sozinhas, como “These Walls”, “u”, “King Kunta” e “Blacker the Berry”. É um disco pesado, consome o ouvinte, não é para se ouvir todo dia. Kendrick Lamar se afirma como o maior letrista desta geração de rappers.
“I’m the biggest hypocrite of 2015
Once I finish this, witnesses will convey just what I mean
Been feeling this way since I was 16, came to my senses
You never liked us anyway, fuck your friendship, I meant it
I’m African-American, I’m African
I’m black as the moon, heritage of a small village
Pardon my residence
Came from the bottom of mankind
My hair is nappy, my dick is big, my nose is round and wide
You hate me don’t you?
You hate my people, your plan is to terminate my culture
You’re fuckin’ evil I want you to recognize that I’m a proud monkey
You vandalize my perception but can’t take style from me
And this is more than confession
I mean I might press the button just so you know my discretion
I’m guardin’ my feelings, I know that you feel it
You sabotage my community, makin’ a killin’
You made me a killer, emancipation of a real nigga”
[divider]
Lower Dens – Escape from Evil
Baltimore nos EUA deve fornecer dois grandes discos na lista de 2015. Um deles, é o Beach House que forneceu uma música maravilhosa estes dias, e os 3 últimos álbuns foram muito bons, principalmente Teen Dream e Bloom. Então é natural que tenhamos esta visão otimista para o disco que deve sair no segundo semestre deste ano. Já a outra banda é o Lower Dens, que exibe um parentesco sonoro com o seu conterrâneo, com a semelhança de também ser um duo e de prezar pelos sintetizadores, guitarra lacrimosa e melodias apegadas ao pop elegante. Escape from Evil é o terceiro disco de estúdio do Lower Dens, e o melhor até o momento, com canções fáceis, sensuais e cheia de humores. Destaque para “Ondine”, “Société Anonyme” e “To Die in LA”.
[divider]
Major Lazer – Peace Is The Mission
O novo disco do Major Lazer veio salvar o EDM da mesmice. Peace Is The Mission, apesar de compacto (o álbum contém apenas nove faixas) possui qualidades que há muito não se via no gênero. A miscelânea do hip hop, moombahton, house music e música latina torna o álbum culturalmente rico, além de dançante. Unindo os nomes mais diversificados, o Major Lazer criou uma sonoridade única, distanciando-se do ritmo do EDM ao qual já estamos acostumados (e de certa forma, fartos). Peace Is The Mission apresenta um hit atrás do outro, que irão ecoar por casas noturnas de todo mundo por um longo tempo – muito além de “Lean On”, o carro chefe do disco, que conta com a participação de MØ e DJ Snake – “Too Original” e “Roll The Bass” elevam os ânimos de qualquer um com suas batidas ousadas e irresistíveis. Diplo acerta em cheio mais uma vez com uma obra enxuta, diversificada e divertidíssima.
[divider]
Mark Ronson – Uptown Special
O homem por trás do hit absoluto “Uptown Funk” traz em seu quarto disco colaborações ousadas e uma mistura de ritmos que polarizou opiniões. Como produtor, o talento de Mark Ronson é inegável – produziu álbuns de artistas renomados, como Amy Winehouse, Adele e Paul McCartney. Como artista, neste disco em particular, é que levanta críticas diversas. Uptown Special é uma obra divertida e dançante, que mistura nomes como Kevin Parker (Tame Impala) e Stevie Wonder; porém essa mistura não é 100% eficaz. Ao invés de pegar um gênero musical e desenvolvê-lo plenamente ao longo do disco (o que seu talento permite sem grandes esforços), Ronson fez uma verdadeira salada musical. Da psicodelia dos riffs e vocais de Kevin Parker ao R&B e soul de Stevie Wonder , passando pelo hip hop de Mystikal, somos agraciados com diversas introduções sem jamais chegarmos aos finalmentes.
Apesar da falta de consistência, Uptown Special contém faixas interessantes e divertidas, que vão além de “Uptown Funk”, carro chefe do disco, com Bruno Mars nos vocais. “Daffodils”, “I Can’t Lose” e “Leaving Los Feliz” são canções que mostram o quão melhor esse disco poderia ter sido se Mark Ronson tivesse colocado um pouco mais de alma artística e menos veia produtora na obra.
[divider]
of Montreal – Aureate Gloom
Aureate Gloom foi lançado oficialmente dia 3 de março é o 13• álbum da banda. Preocupado sempre em selecionar os melhores discos, eu dei um tempo para analisar minuciosamente e verificar se a banda conseguiu manter a atmosfera que me contagiou no último disco. Dias foram passando, cantorias foram se soltando, melodias ficando na cabeça… até que finalmente pude ter o veredicto e o aval para falar com propriedade que este é um dos melhores trabalhos do Of Montreal até hoje. Kevin Barnes, cabeça pensante/cantor/guitarrista, depois de pé na bunda de esposa, parece ter se afogado em referências 60’s e 70’s, como Neil Young e até mesmo Tom Verlaine do Television. Dando a volta por cima com melodias geniais e letras profundas.
[divider]
Pile – You’re Better Than This
Da desgrenhada Boston surge o Pile, um quarteto de ursos furiosos, que trazem muito da barulheira que coloca a cidade e o estado de Massachussetts como um sub-polo do indie. Sim, estou falando de Dinosaur Jr., Pixies, Sebadoh, Helium e Mission Of Burma. Mais recentemente bandas como Speedy Ortiz e Potty Mouth, todas simpáticas ao barulho amigo e acordes dissonantes, com mais ou menos angularidade.
O Pile tem isso e ainda possuí um esqueleto totalmente matemático, de melodias angulares, cálculos rítmicos, e contraponto, muito mais próximo do seus vizinhos de Illinois, Shellac e dos vizinhos do Kentucky, Slint.
Mas não é só isso. Outras referências são puxadas, como a faixa de introdução que tem mais de hardcore do que qualquer outra coisa. Muito som de molecada inserido no meio, e talvez aí esteja a beleza do disco.
O disco não é excelente, mas é muito bom e bem feito, acessível, a fórmula dá certo, se reveza de baladas à expurgação vocal à lá Fugazi, quebradeira, silêncio. Conjunto bem balanceado de parafernália instrumental, cheio de efeitos como adereços. “#2 Hit Single” é uma avalanche no peito.“Apendicitis” resume bem a capacidade da banda em zanzar de um lado pro outro no arranjo, a música termina retona, melódica e barulhenta, isto depois de um interlúdio que por falta de palavra melhor eu vou definir apenas como chupeta. Aliás, as letras – essencialmente babacas – também têm influência desse hardcore punk do esquemão Butthole Surfers.
Banda que encaixaria muito bem no catálogo da Touch and Go Records.
[divider]
You might also like
More from Listas
Os 50 Melhores Álbuns Brasileiros de 2018
por Flavio Testa, exceto em: Abujamra, Elza, Gal, Lenine, Pedro Luis, Caetano e filhos, Ceumar e cia por Raphael Pousa Dingo Bells …
Os 30 melhores discos brasileiros de 2018, até o momento
por Flavio Testa, exceto em: Abujamra, Elza, Lenine, Caetano e filhos, Ceumar e cia por Raphael Pousa Dingo Bells por Rodrigo Fonseca Mahmundi …
Pearl Jam: Discografia analisada do pior ao melhor
Os americanos do Pearl Jam retornam ao brasil como headliners do sábado no Lollapalooza Brasil 2018. Como preparativo para esse …