Shamir – Ratchet
Outro novato desta lista é o Shamir, com influências de synthpop e R&B, o músico coloca uma densidade e saturação característica das produções atuais. Enquanto uns fazem drama, porque Pharrell leva prêmio como cantor, Shamir vem e mostra versatilidade ao misturar rap com melodia e um timbre único, provando que a fabriqueta de aparecer novos talentos está longe de esmorecer. O lançamento é da XL Recordings.
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Sleater-Kinney – No Cities to Love
Após 8 anos de hiato, uma das primeiras surpresas do ano, No Cities to Love se tornou instantaneamente um álbum que figura entre os melhores. O motivo? Dê o play desde o começo do álbum, veja como ele facilmente passa pelos seus ouvidos, te levando por cada música e quando você menos espera, tudo já acabou. Sem falar que o trio de minas, produz um som extremamente afiado e cortante, dá pra sentir a raiva e sinceridade em cada grito.
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Speedy Ortiz – Foil Deer
Em uma sociedade cada vez mais preocupada com os padrões maçantes de estética musical para se transformar num lixo pop, há quem diga que o espírito grunge ou até mesmo o grrrl power estão mortos e enterrados. Mas depois do momento de ressurreição que passamos recentemente no calendário, toda a angry voice e melodias distorcidas com uma lírica impecável está renascida no novo álbum do Speedy Ortiz.
Para quem não conhece, um wiki básico. Quatro integrantes, sendo que a vocal/guitarrista/compositora é Sadie Dupuis, que mistura a doçura na voz com a voracidade nos dedos para compor. Lançaram um EP, que foi feito no laptop, e debutaram com Major Arcana, no ano retrasado (esteve em nossa lista daquele ano) . Resumindo sonoramente: é um som com uma construção de melodia digna dePavement combinada com a raiva do Nirvana.
Foil Deer dá continuidade à toda essa sonoridade da banda, que fica cada vez mais afiada.
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Sufjan Stevens – Carrie & Lowell
Após ter passado por fases de experimentação em sua carreira, Sufjan Stevens abraça suas raízes, finalmente. Carrie & Lowell é uma homenagem à falecida mãe do artista, com o qual o mesmo teve uma relação conturbada. O disco é a obra mais intimista de Sufjan, que reflete sobre morte, amor, ódio e nós mesmos. “Fourth Of July” fala especificamente sobre a morte da mãe, de forma carinhosa, ao mesmo tempo que o artista reflete que a vida precisa ser aproveitada ao máximo – com a premissa de que todos morreremos. Porém, mesmo em momentos conturbados, podemos presenciar coisas belas na vida, como dito nos versos finais de “Should Have Know Better”:
“Don’t back down: Nothing can be changed
Cantilever bridge, the drunken sailor
My brother had a daughter
The beauty that she brings, illumination”
Nas onze faixas que compõem sua obra, Sufjan passa por uma overdose de sentimentos, uma explosão de emoções que todos nós podemos nos identificar, o motivo que torna este o melhor trabalho do artista. Mesmo intimista, Stevens consegue exprimir o que todos já passamos ou passaremos – objetivo que poucos conseguem alcançar com perfeição.
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Sun Kil Moon – Universal Themes
O cantautor confessional Mark Kozelek entrega mais um álbum de beleza ímpar. Zangado, sombrio, cheio de alternâncias de violão (ritmado ou dedilhado na dinâmica Kozelek) e voz, para gritos e guitarras, vocais dobrados, bateria singela. É um disco cru, quem gosta de mais produção e recortes vai se desapontar com o resultado. É um disco urgente e minimalista, as letras sobressaem, as emoções precisavam e foram escarradas por Kozelek na cara do ouvinte. Leia a letra de “Cry Me a River Williamsburg Sleeve Tattoo Blues” e entenda esta tônica. Aqui, ele tira um sarro aberto da cara de hispters do Brooklyn que ficam de mimimi, sendo haters e odiando a vida e bandas que não tocam mais as músicas de 1992.
“Went to see a band tonight
And they wouldn’t play my favorite tunes
It’s 2012 but I like the ones from 1992
There was no place to sit
And goddamn it I couldn’t use my phone
And fuck if the singer didn’t joke”
Depois, ele conta histórias de infortúnios fornecendo o nome completo, de pessoas que ele conheceu e morreram de tiro ainda bem jovens, ou com deficiências físicas de nascimento. E se dirige aos seus ouvintes, ao menos o recado serve para alguns deles, desta forma:
“You go quack quack quack quack
Quack quack quack
Like a little rubber duck
Like a pathetic whiny sad little child hater boy fuck
Go in on your analyst
Little petty bitch bitch bitch bitch bitch
Be glad you’re not a motherfucker sleeping in the ditch
Sleeping in the streets
Sleep in your own vomit
Sleep in your own piss”
Poucos conseguem fazer isto e ainda soar tão bem. Ponto para Sun Kil Moon em Universal Themes, que consegue se manter, de outra forma, em alto nível, como foi com o grande Benji, em 2014. Kozelek é uma pessoa terrível e amargurada, mas se não for um gênio, é algo bem próximo disto.
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