40. Speedy Ortiz – Foil Deer
Em uma sociedade cada vez mais preocupada com os padrões maçantes de estética musical para se transformar num lixo pop, há quem diga que o espírito grunge ou até mesmo o grrrl power estão mortos e enterrados. Mas depois do momento de ressurreição que passamos recentemente no calendário, toda a angry voice e melodias distorcidas com uma lírica impecável está renascida no novo álbum do Speedy Ortiz.
Para quem não conhece, um wiki básico. Quatro integrantes – sendo que a vocal/guitarrista/compositora é Sadie Dupuis, que mistura a doçura na voz com a voracidade nos dedos para compor – lançaram um EP que foi feito no laptop, e debutaram com Major Arcana, no ano retrasado (esteve em nossa lista daquele ano) . Resumindo sonoramente: é um som com uma construção de melodia digna de Pavement combinada com a raiva do Nirvana.
Foil Deer dá continuidade à toda essa sonoridade da banda, que fica cada vez mais afiada.
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39. Jack Name – Weird Moons
Ser freak pode estar na moda pop, mas ser weird ainda permanece nas crateras lunares do underground. Jack Name prova que o lo-fi e o espírito do it yourself vive, além de mostrar que talento vai além de estilo e que a criatividade pode aflorar até mesmo nos efeitos de guitarra e voz. Para quem aprecia qualidade ao invés de superprodução.
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38. Kamasi Washington – The Epic
O termo épico, já no nome do disco, não é a toa. Três horas de uma fritação orgasmática que tiraria belas danças de Dean Moriarty on the road. Esse disco não é para todos e, sim, para poucos. Mas, cada nota soprada vale a onda.
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37. CHVRCHES – Every Open Eye
O CHVRCHES conseguiu evoluir ainda mais suas composições em Every Open Eye, cortando um pouco da saturação e dos sintetizadores frenéticos, para moldar mais em melodia. O resultado são canções pop dançantes para cantar e dançar.
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36. Panda Bear – Panda Beer Meets The Grim Reaper
O projeto Noah Lennox do Animal Collective lançou logo no início do ano o álbum Panda Bear Meets the Grim Reaper, um disco que reflete exatamente o tipo de som experimental, saturado, de vocais loopados, hipnótico e sintetizadores característicos de suas produções, tanto no projeto como na banda. Destaque para as faixas “Mr. Noah”, “Sequential Circuits”, e a sonhadora “Tropic of Cancer” que dá uma quebrada na acidez do álbum e expôe o belo vocal de Noah.
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35. Slaves – Are You Satisfied?
Embora a formação de duo possa estar batida, o Slaves fugiu da tentativa de complicar as coisas e simplificou ainda mais o punk e deu vigor ao clichê mais amado. Viradas espertas, riffs de guitarra pesados e ao mesmo tempo rápido e a atitude irônica.
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34. Sun Kil Moon – Universal Themes
O cantautor confessional Mark Kozelek entrega mais um álbum de beleza ímpar. Zangado, sombrio, cheio de alternâncias de violão (ritmado ou dedilhado na dinâmica Kozelek) e voz, para gritos e guitarras, vocais dobrados, bateria singela. É um disco cru e quem gosta de mais produção e recortes vai se desapontar com o resultado. É um disco urgente e minimalista. As letras sobressaem, as emoções precisavam e foram escarradas por Kozelek na cara do ouvinte. Leia a letra de “Cry Me a River Williamsburg Sleeve Tattoo Blues” e entenda esta tônica. Aqui, ele tira um sarro aberto da cara de hispters do Brooklyn que ficam de mimimi, sendo haters e odiando a vida e bandas que não tocam mais as músicas de 1992.
“Went to see a band tonight
And they wouldn’t play my favorite tunes
It’s 2012 but I like the ones from 1992
There was no place to sit
And goddamn it I couldn’t use my phone
And fuck if the singer didn’t joke”
Depois, ele conta histórias de infortúnios fornecendo o nome completo, de pessoas que ele conheceu e morreram de tiro ainda bem jovens, ou com deficiências físicas de nascimento. E se dirige aos seus ouvintes, ao menos o recado serve para alguns deles, desta forma:
“You go quack quack quack quack
Quack quack quack
Like a little rubber duck
Like a pathetic whiny sad little child hater boy fuck
Go in on your analyst
Little petty bitch bitch bitch bitch bitch
Be glad you’re not a motherfucker sleeping in the ditch
Sleeping in the streets
Sleep in your own vomit
Sleep in your own piss”
Poucos conseguem fazer isto e ainda soar tão bem. Ponto para Sun Kil Moon em Universal Themes, que consegue se manter, de outra forma, em alto nível, como foi com o grande Benji, em 2014. Kozelek é uma pessoa terrível e amargurada, mas se não for um gênio, é algo bem próximo disto.
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33. Pile – You’re Better Than This
Da desgrenhada Boston surge o Pile, um quarteto de ursos furiosos, que trazem muito da barulheira que coloca a cidade e o estado de Massachussetts como um sub-polo do indie. Sim, estou falando de Dinosaur Jr., Pixies, Sebadoh, Helium e Mission Of Burma, ou, mais recentemente, bandas como Speedy Ortiz e Potty Mouth. Todas simpáticas ao barulho amigo e acordes dissonantes, com mais ou menos angularidade.
O Pile tem isso e ainda possui um esqueleto totalmente matemático, de melodias angulares, cálculos rítmicos, e contraponto, muito mais próximo do seus vizinhos de Illinois, Shellac e dos vizinhos do Kentucky, Slint.
Mas não é só isso. Outras referências são puxadas, como a faixa de introdução que tem mais de hardcore do que qualquer outra coisa. Muito som de molecada inserido no meio, e talvez aí esteja a beleza do disco.
O disco não é excelente, mas é muito bom e bem feito, acessível. A fórmula dá certo, se reveza de baladas à expurgação vocal à lá Fugazi, quebradeira, silêncio. Conjunto bem balanceado de parafernália instrumental, cheio de efeitos como adereços. “#2 Hit Single” é uma avalanche no peito.“Apendicitis” resume bem a capacidade da banda em zanzar de um lado pro outro no arranjo, a música termina retona, melódica e barulhenta, isto depois de um interlúdio que por falta de palavra melhor eu vou definir apenas como chupeta. Aliás, as letras – essencialmente babacas – também têm influência desse hardcore punk do esquemão Butthole Surfers.
Banda que se encaixaria muito bem no catálogo da Touch and Go Records.
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32. The Districts – A Flourish and a Spoil
O material de estreia tem a energia e juventude, sem se entregar ao pastiche do que rolou de mais conhecido no indie rock pós-00s. Cheio de alternativas e ao mesmo sem colar em uma cena específica, como se vê acontecendo hoje com as bandas de Massachussetts ou as bandas da California, o quarteto parece desenhar uma forma bastante específica de construir o seu rock. Hora mais garajeiro e direto, outra mais melódico e rocambolesco. Riffs do blues e feedback na distorção, escolinha de Jack White. Toda essa dinâmica lembra muito The Walkmen. Não deixe de ouvir “Young Blood”. Apesar de descolado de cena, tem algo também da brejeirice do rock psicodelico da subvertente pula-brejo-lambe-sapo, na linha Dr. Dog., seus conterrâneos de estado.
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31. Protomartyr – The Agent Intellect
Com vozes post-punk que lembram Gang Of Four, guitarras levemente ritmadas e bateria de bumbo esperto, ProtoMartyr se destacou pela escuridão incrustada em seus picos de loucura, em que o overdrive fica caótico e todo o mundo acaba.
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1 Comment
No acredito que no vi o dead petz da miley nesse top 50! Quando comecei o top 9 esperava que fosse v-lo junto do currents, in colour, art angels, vunilcura e to pimp a butterfly… o dead petz esteve ao lado destes em outros top lbums que vi . Flvio, se ainda no o ouviu, d uma checada!