20. Torres – Sprinter
Com menos punch que Courtney Barnett e mais que Sharon Van Etten ou sei lá… La Sera, Best Coast e St. Vincent. Em Torres, encontra-se a medida de riffs/distorção e emoção vocal. Lembrando aos desavisados navegantes que punch não significa boa música, isso todas elas estão fazendo muito bem. Por exemplo, Perfect Pussy tem mais punch, mas a música é apenas uma lástima, apesar da aparente energia dos shows. Torres encontrou o equilíbrio com o seu alt rock descompromissado e guitarreiro. Por canções significativas como “Cowboy Guilt” e “New Skin”, Mackenzie Scott tem uma escrita madura, de rápida identificação, mas nem por isso óbvia.
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19. Alabama Shakes – Sound & Color
Em seu segundo registro de estúdio, Alabama Shakes entrega um disco que continua o legado da banda que atualizou o som southern dos EUA para os novos tempos, se apegando em música pop, e principalmente no talento da vocalista Brittany Howard. O novo álbum chega a ser uma gema como foi Boys & Girls em 2012, no sentido de fazer infusão de sonoridades roots com pop. As canções tinham espaço e tinham alma, de forma imediata, um álbum que funcionava bem do começo ao fim. No entanto, em Sound & Color, as músicas ficaram mais esquisitas, os espaços e a preocupação em conquistar de cara foram deixadas de lado. Apenas em “Don’t Wanna Fight” e “Gimme All Your Love”, a tônica passada se mantém. Mas é um disco muito bom também e mostra uma banda em franca expansão de seus tão característicos horizontes.
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18. Deerhunter – Fading Frontier
Depois de um ábum de angústia e raiva, o Deerhunter volta com um registro pop de calmaria e lindeza pop. Bradford Cox sossegou com seu cachorro Faulkner nos subúrbios de Atlanta, Lockett Pundt e Moses Archuleta também moram perto. Produzido com Ben Allen, o mesmo de Halcyon Digest, o Deerhunter não teve dificuldades em entregar mais um conjunto de boas canções. Caso de “Snakeskin”, “Breaker” e “Living My Life”.
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17. Algiers – Algiers
O disco de estreia do Algiers pode ser uma das coisas mais bacanas que você irá escutar este ano se tiver disposição para novidades sonoras que experimentam. Em um saladão de gêneros, onde se destaca a mistura entre gospel e no wave, com letras politizadas, uma energia obscura que vem do post-punk, tom provocador e beats de máquina. O trio é natural de Atlanta, berço de boa parte da música negra americana, e que possui uma cena de rap inigualável, de onde surge alguma referência cultural para a banda, principalmente no tom de protesto.
Com um conjunto bem único, o Algiers se une em estilo e sonoramente, com novas bandas como Viet Cong, Metz e até mesmo o Death Grips. Grupos, onde os seus membros foram pra faculdade e a música surge como uma forma de expressão melhor planejada. A pergunta pela autenticidade da rebeldia é algo que não é descabido de no mínimo questionar, me parece mais como a linguagem de estilo, propositalmente escolhida para representar a arte (e aferir autenticidade), do que de fato a necessidade de ser ouvido e protestar.
Ainda continua sendo um super coringa no mundo da música misturar influências trazidas da música africana, com gêneros mais próximos do anglo-saxão. Muita gente afirma que o rock veio da música negra, o que está absolutamente correto. Mas foram tantos anos de embranquecimento do rock na maior parte de suas vertentes, que os traços negros ficaram praticamente para trás, principalmente porque uma banda evolui da outra e não da essência. Como diz um amigo meu, tem muita banda por aí que gosta de falar que tem influência de Cartola e Clube da Esquina, quando na verdade é mais um escarro de Los Hermanos. De fato é por aí. E no disco de estreia do Algiers, que saiu dia 2 de junho pela Matador Records, eles foram beber na nascente de gêneros que já estavam em desuso, de tal forma que esses elementos, essa diferenciação cultural, ressurgem bem vivos, vibrantes e menos pasteurizados.
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16. New Order – Music Complete
O décimo álbum de estúdio do New Order é também o primeiro desde a saída de Peter Hook, o que aparentemente fez bem para Bernard Summer, que entregou o melhor disco da veterana banda inglesa, desde o Technique de 1989. O trabalho representa o primeiro álbum de inéditas em 10 anos. Music Complete conta com colaborações de Elly Jackson do La Roux, Iggy Pop e Brandon Flowers. E não oferece nada muito de diferente de todo o legado de electropop/dancerock que a banda construiu ao longo dos anos 80, após a morte de Ian Curtis e o fim do Joy Division. Mas o mais importante se encontra aqui, logo na primeira audição: um conjunto de grandes canções.
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15. Shamir – Ratchet
Outro novato desta lista é o Shamir, com influências de synthpop e R&B, o músico coloca uma densidade e saturação característica das produções atuais. Enquanto uns fazem drama, porque Pharrell leva prêmio como cantor, Shamir vem e mostra versatilidade ao misturar rap com melodia e um timbre único, provando que a fabriqueta de aparecer novos talentos está longe de esmorecer. O lançamento é da XL Recordings.
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14. Wolf Alice – My Love is Cool
O ano foi destacado por vozes femininas que conseguiram gritar o nome do rock. Wolf Alice é um belo exemplo que traz das mais diversas referências do alternativo, desde Pixies no ahs e ohs, passando pelas guitarras inspiradas em Thurston Moore e indo até coisas mais atuais, como o indie do ano 2000. Mesmo assim, nada parecido com o que você imagina. Wolf Alice é uma banda que acompanhamos desde o seu primeiro single no fim de 2012, então é bonito e notável como a banda conseguiu evoluir suas canções ao longo de tão pouco tempo, sempre foi bom, mas tornou-se grandioso. “You’re a Germ” pode ser considerada a melhor música de 2015, sem injustiça nenhuma.
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13. Kurt Vile – B’lieve I’m Goin Down
Texto por Kim Gordon
“Kurt faz o seu próprio mito de criação: um garoto/homem com uma voz de alma idosa na era do tudo digital, se tornando outra coisa, neste brilhantemente limpo e aparentemente sincero registro, é uma lufada de ar fresco. Gravado e mixado em vários lugares, incluindo Los Angeles e Joshua Tree, b’lieve i’m goin down, é um aperto de mão em todo o país, de leste até a costa oeste, da honestidade, a conversa franca de Woody Guthrie, e um canyon morto na Califórnia, ainda flutuando na noite em uma paisagem quase sem água. O registro é todo de ar, sem peso, sem corpo, mas fundamentado na autenticidade convincente, na melhor versão do cantor-compositor em alto nível. Nas palavras de Kurt, ‘eu queria voltar para o hábito de escrever uma canção triste no meu sofá, com ninguém esperando por mim. Eu realmente queria que soasse como se fosse no meu sofá – não de uma forma lo-fi, apenas mais desprotegidas e vulneráveis.’
Para um disco que toca como uma experiência acústica coesa, sua musicalidade marca a partida de Kurt, de uma experiência com guitarra elétrica para incluir uma ampla gama de instrumentos. Desde o banjo que ele toca em “I’m an Outlaw” para piano e lap steel em “Life Like This”, e a miríade de outros instrumentos em outras canções, incluindo farfisa, violão resonator, arpas, trompas e sintetizadores, nunca se sabe sobre qual deles vocês está exatamente ouvindo, já que todos servem a música. O coração do álbum é “Stand Inside.” A música é calma e a melodia, como um hino, dobra em si mesma, e abraça com força total em uma sexy, flutuante, sem forma, que vagarosamente junta-se em uma onda que não vai aonde você pensa que irá ou melhor, nos dá a si mesmo e celebra um homem disposto a ser definido por uma mulher e seu amor por ela, como testemunho de vida um do outro… Não fique ao meu lado, stand inside [fique dentro] desiste dos joguinhos/personagens para a verdadeira exposição e vulnerabilidade.
É um esquisito, aceitador e maduro disco, reconhecendo a imaturidade inerente de ser uma pessoa, mesmo se pai, marido, parceiro, adulto, músico, não é perfeito, mas compelido para a sua compreensão… a vida é assim, embora tão triste dizer. Eu amo este disco,
b’lieve i’m going down.”
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12. Joanna Newsom – Divers
Envolto em arranjos complexos e temáticas bem construídas, a multi-instrumentista Joanna Newsom confirma aqui que pertence ao mesmo hall de grandes artistas, como Kate Bush, Bjork e PJ Harvey. Newson nunca fez um disco ruim. Suas obras sempre soaram grandiosas, ou pretensiosas na linguagem dos detratores. Suficientemente experimental, porém conciso e acessível, Divers é o álbum mais acessível da carreira da artista. Por isso, a cantora consegue dar um passo à frente em sua carreira, ao entregar sua arte com arestas bem aparadas, em forma, letra, instrumentos, arranjos e beleza. Divers não pode ser considerado pretensioso, em nenhum sentido. Apenas beleza do início ao fim. A estrutura complexa que entrega singeleza como produto final.
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11. Viet Cong – Viet Cong
O álbum é afiadíssimo em 7 faixas, sendo a última de moderados que se tornam caóticos 11 minutos. Aliás, a tônica é esta. Post-punk-corta-meus-pulsos sendo tocada pelo mensageiro do caos na sexta ou sétima hora de ácido.
O Viet Cong tem basicamente aquele algo que eu gostaria que o Interpol tivesse mais e que o Wolf Parade tivesse menos (e se tivesse que escolher um lado eu sempre preferi ir para o lado mais esquisito e menos deprimido do Wolf Parade). Ouça e você vai entender exatamente o que é.
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1 Comment
No acredito que no vi o dead petz da miley nesse top 50! Quando comecei o top 9 esperava que fosse v-lo junto do currents, in colour, art angels, vunilcura e to pimp a butterfly… o dead petz esteve ao lado destes em outros top lbums que vi . Flvio, se ainda no o ouviu, d uma checada!