30. Lower Dens – Escape from Evil
Baltimore nos EUA deve fornecer dois grandes discos na lista de 2015. Um deles, é o Beach House que forneceu uma música maravilhosa estes dias, e os 3 últimos álbuns foram muito bons, principalmente Teen Dream e Bloom. Então é natural que tenhamos esta visão otimista para o disco que deve sair no segundo semestre deste ano. Já a outra banda é o Lower Dens, que exibe um parentesco sonoro com o seu conterrâneo, com a semelhança de também ser um duo e de prezar pelos sintetizadores, guitarra lacrimosa e melodias apegadas ao pop elegante. Escape from Evil é o terceiro disco de estúdio do Lower Dens, e o melhor até o momento, com canções fáceis, sensuais e cheia de humores. Destaque para “Ondine”, “Société Anonyme” e “To Die in LA”.
[divider]
29. Girl Band – Holding Hands with Jamie
Dissonante, densa, barulhenta e energética – essas são as principais características da banda irlandesa Girl Band em Holding Hands with Jamie, o disco de estreia. De acordo com o guitarrista Alan Duggan, “foi mais desafiador ficar focado – complicado achar o equilíbrio entre manter uma distância das músicas para criar perspectivas, mas também nos mantermos totalmente concentrados nelas.”
A banda gravou sete das nove faixas do disco em apenas dois dias, garantindo que o disco vibre com a vitalidade característica de suas apresentações. “Holding Hands with Jamie” foi lançado no dia 25 de setembro, via Rough Trade Records.
O grupo pratica uma mistura bem interessante de post-punk, com noise rock, techno industrial, e fez um disco essencial em 2015. Por soar atual e com a urgência da juventude.
[divider]
28. Girlpool – Before the World was Big
O álbum de estreia foi gravado com Kyle Gilbride do Swearin’, e segundo o release: “explora os conceitos de crescimento, amizade, e a interação entre identidade e ambiente.”
O som é qualquer coisa menos convencional, com uma abordagem minimalista, baixo, guitarra e tudo mais que as duas conseguirem fazer com as próprias vozes – e se valem bastante das harmonias vocais – a música delas tem conquistado público e crítica, justamente por combater o excesso de artificialidade que se encontra nas novidades apresentadas ultimamente. Tem pegada, personalidade e boas melodias, as músicas são curtas, a capacidade de síntese musical da banda é o supertrunfo.
Seresteiras do punk é uma outra forma de defini-las, já que as canções são essencialmente introspectivas e simples.
Ou.
Sem bateria e sem pintos, o que é quase uma contravenção para os padrões chauvinistas do rock.
[divider]
27. Natalie Prass – Natalie Prass
O disco vem com uma sonoridade muito bem definida, coeso do começo ao fim. Talvez devido a formação acadêmica musical da artista, que se destaca ainda mais na composição dos metais e das cordas que estendem um pano de fundo perfeito para a voz calma e doce, que lembram Stevie Nicks, Karen Carpenter e até mesmo Joni Mitchell. Comparações e inspirações que cruzam linhas na honestidade vocal e na emoção musical.
O álbum começa com “My Baby Don’t Understand Me“, uma balada folk que cresce ao longo da canção. Já, “Bird of Prey” chega com tudo pra ser a favorita do disco, com um orgão maroto martelando e se mesclando com um baixo presente e falsetes tão doces. “Your Fool” tem aquela áurea de final de filme dos anos 80, com os protagonistas fugindo em fade out. Chegando ao auge, a harpa dedilha sobre camadas de violinos dignos de Danny Elfman num filme de Tim Burton em “Christy“. “Why Don’t You Believe In Me” começa bem com a complexa entrada, mas se afunda em mágoas que só ficam mais intensas em “Violently“, a mais simples, lembra o que Tobias Jesso Jr. anda fazendo com o estilo sunny-piano, dando um toque atual para uma vertente que te faz sentir nos anos 20. Afinal, a vibe retrô é temática extrema, principal em “Never Over You“, pop à la Beatlesna época Rubber Soul, juntando genialidade com batidas ritmadas e cativantes. Como se estivesse reprisando todo o conceito do disco, “Reprise” mergulha mais profundo num estilo cabaret com ospoken-word suave, porém tocante, que já prepara a cama para o final. “It Is You” só poderia ser o fechamento dessa obra-prima, com uma solução pouco esperada, mas totalmente coerente, no esquema desenho da Disney, que te faz criar ainda mais esperança na vida.
Com uma vibe retrô atual, sonoridade americana-folk, composições complexas pop e sua voz doce, Natalie Prass tem a faca e o queijo na mão para se tornar uma singer/songwritter à altura de grandes nomes.
[divider]
26. Young Fathers – White Men Are Black Men Too
É inegável que o rap anda na vanguarda da música nos últimos tempos, mas essa banda vai muito além de temas centrados em apenas uma região, como a América, por exemplo, e se estende para temáticas como a imigração, miscigenação e voz para os orfãos da estrada.
Além de não ir na mesma rua de temas que os outros rappers, a música aqui também soa bem diferente. Enquanto há grandes produções atrás de grandes álbuns, o Young Fathers preza pro lo-fi quase apocalíptico, de caos e anarquia. As vozes são narradas, mas muitas vezes sofridas e gritadas. O álbum chega longe e você se depara com um estilo muitas vezes longe do hip hop.
Uma obra relevante, por refletir os problemas de todo o mundo e ainda soar futurista.
[divider]
25. John Grant – Grey Tickles, Black Pressure
“Ainda que eu fale as línguas dos homens e dos anjos, se não tiver amor, serei como o bronze que soa ou como o címbalo que retine.” 1 Coríntios – Capítulo 13
Desta forma, John Grant abre Grey Tickles, Black Pressure, que alcança o momento de maior maturidade de sua carreira. Se em seu melhor álbum, Pale Green Ghost, Grant batia em seus demônios de peito aberto, com temática autobiográfica e mistura tragédia amorosa, desilusões cotidianas e o fato de ser portador do vírus HIV, desta vez, o músico parece ter lidado com o fato e por isso, se torna mais aberto sobre a própria sexualidade. Isso oferece os desafios e urgência de um homem que enfrenta as pressões da meia idade, confrontando o hedonismo com o medo do amanhã, a necessidade do amor, mas com a carcaça mais rija para decepções. Musicalmente o disco dispara em outras frentes. Enquanto no disco passado o arsenal instrumental era empregado com versatilidade pelo compositor, com piano, violão, sinths, coro vocal e por aí vai, desta vez nos deparamos com um álbum sintetizado, rachado e distorcido, groove no baixo, sensual do começo ao fim. Influências da disco e da música industrial são encontradas ao longo do álbum, que respira para algo mais limpo e clássico de Grant, em poucos momentos, como na canção “Down Here”. E essa respirada que o disco dá, faz toda a diferença.
[divider]
24. Beach House – Thank Your Lucky Stars
Eu gosto dessa banda ou realmente ela faz bons discos? Essa é uma pergunta que por vezes nos deparamos no duro exercício de estabelecer a crítica, ainda mais quando lista é a pauta. E eu nunca ouvi um álbum do Beach House que não fosse digno de lista. A mesma coisa acontece este ano e o questionamento fica mais evidente, quando a banda lança dois álbuns bem diferentes e você tem vontade de encaixar ambos na lista. Depression Cherry foi um disco para os singles, um disco de socialização na estética do Beach House, já no álbum Thank Your Lucky Stars você sente as canções que justificam a alcunha de dream pop, em sua própria essência. São canções introvertidas, que são 100% exitosas em te levar pra um lugar muito pessoal. “Elegy to the Void” é uma das coisas mais bonitas que eu ouvi este ano, talvez a canção de transe interior mais perfeita. O álbum já é aberto com uma canção que te dá a certeza que é um grande álbum “She’s So Lovely” é o Beach House na sua melhor forma, repleto de texturas e atmosfera. Tanto na capa, quanto nas letras o que se percebe é uma temática de volta às origens, imagem de infância na capa e um título que remete ao agradecimento por tudo que foi alcançado, ou seja, com um olhar nostálgico sobre não exatamente ser criança, mas talvez ao início de carreira de Alex e Victoria, como se estivessem fechando um círculo reflexivo. “Rough Song” e “Somewhere Tonight” junto com a canção já citada “Elegy…” é provavelmente o melhor fim de álbum desta lista.
[divider]
23. Julia Holter – Have You In My Wilderness
Julia Holter escala em sua ambição como artista oferecendo um álbum bem aparado, gigante nos arranjos, instrumentação, incluindo tons grandiosos de percussão, na excelente e emocional voz da cantora. “Silhoutte” e “Lucette Stranded on the Island” são verdadeiras peças de arte sonora. O disco oferece tantas alternativas e transborda de emoção do início ao fim. Ainda mais obrigatório em um parco 2015.
[divider]
22. Bully – Feels Like
O revival dos 90s não para. Desde o começo dos 10s novas bandas vêm emprestando da explosão que foi o rock alternativo, contemplando atualmente todos os seus regionalismos e sub-vertentes daquela época. Desta vez com o Bully, quarteto de Nashville encabeçado por Alicia Bognanno, que lançou em junho deste ano o disco Feels Like, em selo que pertence a gigante Columbia. Nota-se não apenas em quantidade, mas também espaço que este revivalismo vem ganhando, ainda dentro de um micro mercado, é verdade. Muitas destas novas bandas de rock alternativo possuem em comum o fato de serem lideradas por mulheres. O que não deveria ser digno de nota, mas ainda é, pior se considerarmos como as bandas de rock femininas perderam espaço nos 00-10s.
Bully lembra o Hole, mas empresta muito mais do que o Dinosaur Jr. fez em seus álbuns de fim dos 80s, e que influenciou um caminhão de álbuns na década rockeira que fechou o século. Vocais berrados, e guitarras barulhentas, intercalados com trechos focados em melodia limpa. A fórmula do sucesso.
Sobre as letras, enquanto nos 00s-10s vimos bastante coisa em letras impessoais e preocupação estética, uma espécie de – resguardadas as proporções e plataforma de arte – parnasianismo do rock alternativo, agora voltamos a encontrar força em um naturalismo/realismo nas letras, mais objetivas, sem muito espaço pra interpretação, o papo é reto.
[divider]
21. Sleater-Kinney – No Cities to Love
Após 8 anos de hiato, uma das primeiras surpresas do ano, No Cities to Love se tornou instantaneamente um álbum que figura entre os melhores. O motivo? Dê o play desde o começo do álbum, veja como ele facilmente passa pelos seus ouvidos, te levando por cada música e quando você menos espera, tudo já acabou. Sem falar que o trio de minas, produz um som extremamente afiado e cortante. Dá pra sentir a raiva e sinceridade em cada grito.
[divider]
You might also like
More from Listas
Os 50 Melhores Álbuns Brasileiros de 2018
por Flavio Testa, exceto em: Abujamra, Elza, Gal, Lenine, Pedro Luis, Caetano e filhos, Ceumar e cia por Raphael Pousa Dingo Bells …
Os 30 melhores discos brasileiros de 2018, até o momento
por Flavio Testa, exceto em: Abujamra, Elza, Lenine, Caetano e filhos, Ceumar e cia por Raphael Pousa Dingo Bells por Rodrigo Fonseca Mahmundi …
Pearl Jam: Discografia analisada do pior ao melhor
Os americanos do Pearl Jam retornam ao brasil como headliners do sábado no Lollapalooza Brasil 2018. Como preparativo para esse …
1 Comment
No acredito que no vi o dead petz da miley nesse top 50! Quando comecei o top 9 esperava que fosse v-lo junto do currents, in colour, art angels, vunilcura e to pimp a butterfly… o dead petz esteve ao lado destes em outros top lbums que vi . Flvio, se ainda no o ouviu, d uma checada!