Verão pede praia, pede rede, pede piscina e todas essas coisas pedem uma boa cerveja um bom livro. Muitos podem já ter sua pilha de livros acumulados ao longo do ano, mas para aqueles que estão meio perdidos, sem saber muito bem o que ler, aí vão as dicas da 505indie:
Submarine, de Joe Dunthorne: conta a história do adolescente Oliver, que tem que lidar com o desmoronamento de sua família, sua nova namorada e suas próprias neuras. O livro, assim como o filme (que já ganhou review aqui), é em primeira pessoa e repleto de ironia, depressão, humor negro e muitas referencias. Recomendo a leitura em inglês, para aproveitar toda o aspecto britânico de Oliver, mas quem não conseguir, existe uma edição brasileira bem legal, ignore a classificação infanto-juvenil, esse é um livro também para adultos. É do tipo de livro que quando termina, deixa saudades. Ver o filme antes ou depois, tanto faz. Li o livro tempos depois de ter visto o filme e a experiência foi boa mesmo assim, talvez até melhor, porque eu consegui imaginar tudo muito bem. A adaptação de Ayoade para o cinema é excelente, ambos valem a pena.
Never Let Me Go, de Kazuo Ishiguro: O livro virou um belíssimo filme ano passado. Se você ainda não leu o livro, nem viu o filme, não espere mais um ano para faze-lo. É o tipo de livro do qual não se pode revelar muito, ou perde toda a graça, mas fica a dica: apesar de meio fantasioso, o livro é muito, muito humano, cheio de delicadeza e uma tristeza fina. Talvez seja, de todas as leituras, aquela menos “praia”, porque é uma leitura meio tensa. O livro, obviamente, é infinitamente mais complexo do que o filme, mas vale a pena ver o filme também, a fotografia é muito bonita.
One Day, de David Nicholls: o livro é ideal para aqueles fãs de Nick Hornby. Tem o mesmo humor, a mesma qualidade e tudo aquilo que te faz não conseguir parar de ler o livro. One Day conta a história de dois amigos ao longo de 20 anos de suas vidas, usando apenas um dia do ano, as formas de fazer isso variam entre a narrativa normal e longas cartas. É o tipico livro leve, que você vai lendo rapidamente, fica cativada pelos personagens, se identifica com eles (seus lados bons e ruins), se vê ali na vida deles, em cada situação constrangedora, em cada erro, porque eles são, de fato, como todos nós. Mas não se engane, se 90% do livro passa com facilidade e, apesar dos pesares, de uma maneira leve, existem 10% bem tristes. Mas é um triste diferente, é daquele que você chora por um tempo e depois sorri e fala “valeu a pena ler”. Eu recomendaria fortemente ler o livro antes de ver o filme (como é dito na nossa review do filme) se não estraga toda a surpresa, e estraga também a sua visão dos personagens.
Extremely Loud, Incredibly Close, de Jonathan Safran-Fouer: Esse livro já foi recomendado aqui antes, e eu acho bom que você, se já não leu, leia antes que o filme com Tom Hanks saia. Apesar de dirigido por Stephen Daldry (de O Leitor, As Horas eBilly Elliot) para quem leu o livro, tudo promete ser uma adaptação ruim, pelas músicas, pelos atores. mas isso ainda veremos. O que eu sei até agora é que o livro é belíssimo. Também narrado por uma criança, Oskar, que perdeu o pai no atentado de 11 de setembro. O livro é magico, no melhor dos sentidos. Oskar é um personagem brilhante e o livro é uma descoberta a cada pagina. Safran-Foer tem se provado melhor a cada livro. recomendo muitíssimo também Everything is Illuminated, tanto o livro quanto o filme.
The Rotter’s Club, de Jonathan Coe: o livro não fez tanto sucesso no Brasil, mas chegou a ganhar uma adaptação em mini-série pela BBC. Como ficou o resultado da adaptação eu ainda não sei, o que eu sei é que esse é o livro que eu mais recomendei e emprestei, porque vale a pena e não tem erro. Conta a história de um grupo de jovens nos anos 70, como eles lidam com a politica, com as famílias, as garotas e especialmente sua relação com música. O livro ganhou uma continuação também muito boa, mas agora já passada nos anos 2000, com seus personagens, antes adolescente de 15 anos, já com 40 anos passados. Vale a pena ler os dois na sequência, e quem conseguir ver a série da BBC, me dê uma dica. Fiquei com medo de ver e me decepcionar.
The Death of Bunny Munro, de Nick Cave. A síntese do antiherói, bêbado, cínico, vadio, mulherengo e sacana, com todos os desvios de conduta e de caráter que você imaginar. O romance dança sobre temas como morte, sexo, repulsa, amor, família. A narrativa de Nick, hora extremamente detalhista na descrição de cenários e personagens, hora mais acelerada focada em eventos. Outro ponto forte do livro são as referências pop que o livro traz. A mente doente de linhagem bukowskiana. O elo perfeito entre o rock e a literatura.
Agora, se sua praia não é muito a da ficção, temos aqui alguns livros que se você não leu ainda, pode ler agora, nunca é tarde:
Just kids, de Patti Smith: auto-biografia da cantora, conta os momentos difíceis na vida dela antes da fama, e seu relacionamento com Robert Mapplethorpe. O livro é a descrição de um periodo com o qual todos sonhamos e romantizamos, mas que não era de todo glamour. Ao mesmo tempo em que vivemos os sofrimentos de Smith, também vamos, ao pouco, reconhecendo a construção de dois idolos, todas as suas referências e sutilizas. Com uma certa nostalgia, Smith faz uma semi-biografia, muito sensível, de dois jovens, apenas, muito antes deles serem vistos pelo mundo como são vistos hoje.
Como a geração sexo, drogas e rock’n’roll salvou Hollywood, de Peter Biskind: é um livro de fofocas de bastidores da formação da Hollywood autoral dos anos 70. Quando a europa já tinha há tempos vivido seu neo-realismo, sua nouvelle vague, e até mesmo o Brasil já tinha passado pelo cinema novo, Hollywood, decadente após a segunda guerra, sofrendo com o encalhamento de grandes épicos, encontra uma geração de diretores que passaram por escolas de cinema, e eram cinéfilos, e viram muito filmes, tanto americanos como europeus ou latinos, e estavam prontos para trabalhar. E o dinheiro encontra a genialidade, e dali nascem novos clássicos. Mas mais do que isso, o livro não é exatamente tecnico sobre a história do cinema de autor norte-americano, e sim como esses atores e diretores que mudaram hollywood eram em suas vidas, e como as idéias nasceram, e brigas se formaram e a coisa virou o que é hoje. Bem leve, serve tanto pra quem é cinéfilo, quanto pra quem quer ser, vai despertar sua curiosidade pra ver muitos trabalhos que você ainda não viu.
Clube do Filme, de David Gilmour: também de leitura rápida e fácil, o livro conta a experiência pessoal de Gilmour, que deixou seu filho adolescente problema largar a escola e ficar sem trabalhar, se ele concordasse em ver três filmes por semana e discuti-los. O livro aborda todo tipo de filme, e mostra algumas relações e percepções bem interessantes entre eles. O que você consegue tirar dalí não é a moral de “arte educa”, mas sim uma nova visão sobre seus velhos e conhecidos filmes, e mais uma lista de novos. É para os iniciantes terem uma boa introdução ao mundo do cinema.
Touching from a distance, de Deborah Curtis: a biografia de Ian Curtis, escrita por sua viúva. Foi a base para o filme Control, de Corbijin (excelente filme, com uma atuação muito bem feita de Sam Riley), mesmo diretor do clipe póstumo de “Atmosphere”. O livro, tão curto quanto a vida do cantor, conta as qualidade e defeitos de Curtis, como ele, por muitas vezes, era cruel com sua mulher e egocrentrico, ao mesmo tempo em que tinha uma eterna melancolia e genialidade. O livro é a desconstrução da romantização que muitos tem de Ian, mas, ao mesmo tempo, a comprovação de sua genialidade. O livro contém, no final, todas as letras que ele criou para o Joy Division e uma lista completa de todos os shows feitos pela banda.
No Direction Home – A Vida e a Música de Bob Dylan, de Robert Shelton: muitas biografias de Dylan já sairam por aí, mas essa não só mais uma delas, é também a mais nova e mais completa, pois é co-escrita por Elizabeth Thomson, Patrick Humphries e Robert Shelton, homem responsável pelo primeiro grande artigo sobre Dylan, escrito em 1961 e publicado pelo New York Times. Para fãs e colecionadores.
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5 Comments
Cheio de dicas boas!
J li Submarine e um dos meus livros favoritos!
Never Let Me Go eu nem pretendo ler! Achei o filme muito angustiante e meio sem objetivo. Pode at ser diferente mas tem tantos lvros que eu quero tantao ler que os que eu quero mais ou menos com certeza no sero lidos hehehe!
O One Day muito lindo!
Vou adicionar os outros na minha listinha do skoob!
The Rotter’s Club muito bom. Comprei ele por acaso, a capa me chamou a ateno. No me decepcionei. Quem tiver a oportunidade de ler leia pq foda.