Primeiramente quero me apresentar e explicar sobre do que vai se tratar essa minha coluna semanal aqui no 505 indie de forma breve. Eu sou mineiro de Juiz de Fora, tenho 22 anos, ex-acadêmico de Direito. É, Direito. Porém esse é um mundo ao qual eu não pretendo retornar, nunca foi algo que me desse tesão. Eu preciso de ter tesão no que eu faço. Provavelmente você, leitor, me conhece do twitter. Eu sou um dos administradores do @indiedadepre. Talvez você me ame, talvez você me odeie, talvez nunca tenha ouvido falar de mim. Faz parte. Isso realmente não é importante e após essa apresentação mínima de praxe, vamos ao assunto dessa coluna. Nada. E tudo. Sim, porque eu sou um grande fã de Jerry Seinfeld e seu sitcom. Porque eu tenho a cabeça recheada de ideias e pensamentos e o espaço de 140 caracteres me limita. É sobre isso que vai se tratar esse espaço: meus pensamentos, loucuras, opiniões. Você está livre para compartilhá-los e, sobretudo, convidado a discordar deles.
The Strokes. Não podia haver clichê maior do que publicar uma primeira coluna que trouxesse o nome da banda que dez anos depois continua a ser a maior referência quando se fala de indie rock moderno. Contudo, os clichês, primos de segundo grau das regras e parentes afastados do bom senso, existem para serem usados e posteriormente subvertidos. Mas eu chego lá. Confesso que é difícil imaginar a possibilidade de você ter chegado aqui sem estar familiarizado com o som dos nova-iorquinos que apareceram no final dos anos 90 e lançaram um dos discos (talvez o disco) mais falado dos anos 2000. Isso tudo você já deve saber. Não importa o gosto pessoal, os Strokes são a banda de rock mais importante da primeira década do século XXI. Não é por acaso que as pessoas e, principalmente, a imprensa insistem em tentar encontrar a banda que imprimirá um novo marco na história. Faz sentido. Não precisa ser nenhum gênio pra entender o porquê disso.
Todavia é aí que deve entrar o discernimento de cada indivíduo. Killers, Vines, Hives, Arctic Monkeys e mais recententemente Vaccines e Howler, já foram intitulados os “novos Strokes”. Aí é que mora o perigo. Algumas dessas bandas estão desaparecidas, outras conseguiram seu próprio espaço. Todas tiveram pelo menos um período de glória. Só que não existe “novo Strokes”. Atente-se ao fato de que eu não estou entrando no mérito de julgar o valor do trabalho de nenhuma delas. Poderia fazer milhares de considerações sobre cada uma, mas não é disso que se trata. Meu desapego é com o tributo excessivo ao passado. Certa vez algum autor do qual não me recordo o nome, disse que não há grandes perspectivas pra um povo que dá maior importância ao seus mortos do que aos seus filhos. Os Strokes não estão mortos, mas a revolução que eles fizeram, sim. Passou, foi fruto de outros tempos. Let it go.
O que você talvez não saiba é que você tem um papel importantíssimo nisso tudo. Prendem-se a isso dez anos depois, porque as pessoas gostam de rótulos, gostam do mastigado e são preguiçosas. Foi você mesmo que eu chamei de preguiçoso. A função da imprensa é, ou deveria ser, apresentar o que acontece no mundo. Veja bem, apresentar. É óbvio que eu não estou aqui pregando que você passe o dia inteiro baixando aqueles discos que saíram ontem, tenho certeza que você tem mais o que fazer. O que estou defendendo é uma postura menos conformista, um esforço mínimo de valoração pessoal que deve haver ao se conhecer um novo artista. Um desprendimento. Se alguém merece tributo é o futuro. Escute a banda nova apresentada, faça seu próprio juízo de valor. Corra atrás de mais coisas se gostar. Tenha a SUA opinião. E rejeite os títulos de “novo-antigo”. Por melhor que o antigo seja. Dizem que somos um geração carente de revoluções. O que eu vejo é falta de apetite e uma apatia arrebatadora.
Eu amo os Strokes, são uma das minhas bandas favoritas. Acontece que eu descubro coisas boas quase todos os dias, coisas que eu faço questão de apresentar aos meus amigos e seguidores do twitter. Nem de longe eu espero que todos gostem ou batam palmas para mim. Eu faço isso porque eu gosto, porque decidi fazer. E meu papel se encerra aí. Música é feita para expressar emoção e até a mais pobre de todas eu considero como forma de deságue artístico. Ela foi feita para te auxiliar no dia a dia, diminuir o fardo dos compromissos da vida em sociedade e até mesmo como forma de escape. Nem por isso ela merece uma atenção menor. Descubra a sua próxima banda favorita sozinho. Não precisa procurar saber qual a cor da roupa de baixo preferida dos integrantes ou que ele comeu no almoço de ontem. Isso é besteira. Mas leia mais, forme a própria opinião, tente entender como o artista chegou até ali e pautado nisso, faça sua análise do trabalho que ele te oferece. Tudo se torna mais saboroso e eu garanto que dificilmente você irá se arrepender de mergulhar fundo nisso. Afaste a mesmice, a caretice e abra a cabeça pra um leque novo de possibilidades. Em todo o caso, poupe-se do novo Strokes.
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14 Comments
Concordo contigo, justamente o que fao.
Sou f de Strokes e escuto muito indie rock. Devo dizer que seu ponto de vista compreensvel e concordo bastante contigo. Assim, no acho que os Strokes no merea o reconhecimento que eles tem. Eles fizeram um barulho muito grande, ainda fazem, e acho que merecem todo esse reconhecimento. Mas temos sim que abrir nossas cabeas para outras bandas e largar isso de ficar fazendo comparaes. Cada um cada um. Espero muito que Vaccacines, Fratellis, Kooks, entre outros, tenham o reconhecimento merecido. Abraos.